O Irã assinará um contrato de compra de 114 aviões Airbus durante a visita do presidente Hassan Rohani à França na próxima quarta-feira - anunciou o ministro iraniano dos Transportes, Abbas Akhundi.
"Durante a visita à França do presidente será assinado o contrato de compra de 114 Airbus", entre o fabricante europeu e a companhia aérea Iran Air, declarou Akhundi.
"Estamos negociando há dez meses a compra dos aviões, mas não havia forma de pagá-los por causa das sanções bancárias", explicou o ministro.
De acordo com Akhundi, os primeiros aviões devem ser entregues em 19 de março.
O ministro não revelou detalhes sobre o modelo das aeronaves, o valor, ou a duração do contrato.
Já o vice-ministro iraniano dos Transportes, Asghar Fakhrieh Kashan, disse à AFP que o Irã "quer comprar, sobretudo Airbus A320, A321 e A330", para recebê-los este ano e em 2017.
"A partir de 2020, receberemos Airbus A350 e A380. Queremos comprar oito A380 e 16 A350", completou.
Procurada pela AFP, a Airbus não quis comentar o anúncio de Teerã.
O presidente Rohani visitará Itália e França entre segunda e quarta-feiras. Será sua primeira viagem oficial ao continente europeu.
Este é o primeiro grande anúncio comercial desde a retirada das sanções internacionais em 16 de janeiro, quando entrou em vigor o acordo sobre o programa nuclear iraniano. Teerã negociou o acordo com as potências do chamado Grupo P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).
O acordo, que garante a natureza estritamente civil do programa iraniano, após anos de suspeitas de que poderia esconder uma dimensão militar, acaba com o isolamento diplomático do Irã.
"Precisamos de 400 aviões de longa e média distância e de 100 aviões de curta distância", disse o ministro.
Atualmente, o Irã tem 256 aviões, sendo 150 operacionais e com idade média de 20 anos, detalhou Akhundi.
A entrada em vigor do acordo nuclear permitiu a retirada de grande parte das sanções internacionais, em particular europeias e sobretudo americanas. Estas últimas foram decretadas há 36 anos e impediam ao Irã a compra de aviões novos.
Akhundi afirmou que, no momento, o país não está negociando com a fabricante americana Boeing, "por causa de uma série de problemas para negociar com os Estados Unidos".
De acordo com a imprensa estatal iraniana, o Tesouro dos Estados Unidos ainda não autorizou a Boeing a iniciar discussões com Teerã, mas o ministro dos Transportes garantiu que o país também negociará com a empresa.
Akhundi revelou ainda que os "sistemas de navegação dos aeroportos iranianos precisam de investimentos de 250 milhões de dólares para uma modernização".
Com uma população de 79 milhões de habitantes, o Irã precisa renovar a frota aérea tanto para os voos domésticos como para os internacionais.
O país tem atualmente 67 aeroportos, nove deles ativos, segundo o ministro.
"Precisamos de aviões pequenos de curta distância para que os outros aeroportos tenham atividade", explicou.
Akhundi também anunciou a assinatura de um contrato de dois bilhões de dólares com a China para eletrificar a linha ferroviária entre Teerã e Mashhad, segunda maior cidade do país, que fica a 1.000 km da capital.
O anúncio do contrato coincide com a reunião em Teerã de representantes de 85 companhias de aviação estrangeiras na cúpula do setor "Irã 2016", organizada pela consultoria Centre for Aviation.
"É um momento apaixonante. Nunca houve uma situação parecida na história", com perspectivas de "crescimento tão rápido" para o mercado iraniano, disse à AFP o diretor da Capa, Peter Harbison.
O Irã se encontra em uma posição privilegiada para as conexões intercontinentais entre Europa e Ásia. Segundo dados do setor, os voos internacionais a partir e com destino ao Irã aumentam em 10% a partir de março, quando tem início o calendário iraniano.