A Embraer e o governo de Portugal iniciaram nesta segunda-feira as negociações para o fornecimento de pelo menos cinco aviões KC-390 à Força Aérea Portuguesa (FAP). A expectativa é a de que as primeiras aeronaves possam entrar em serviço dentro de quatro anos.
Em cerimônia realizada no Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, representantes do governo português e da empresa brasileira, segundo a mídia local, definiram que, até 26 de outubro, as autoridades portuguesas deverão apresentar um relatório detalhado sobre os "aspetos relevantes e necessários à introdução" do KC-390 na FAP. Ao menos três aeronaves devem começar a operar em fase de adaptação até o final de 2021.
Utilizado para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo, o avião brasileiro deverá substituir os C-130 que são usados atualmente pelos militares de Portugal. 
"Naturalmente, um avião tão inovativo quanto o KC-390 está destinado a deixar sua marca."
Em declarações à imprensa portuguesa, o ministro da Defesa de Portugal, Azeredo Lopes, disse que o projeto, se for levado adiante, representará um investimento muito significativo, porém necessário, para a FAP. Sem revelar os valores estimados, ele destacou que, por outro lado, a compra dessas aeronaves poderá refletir no aumento do orçamento em Defesa, exigência que vem sendo feita pelos Estados Unidos no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). 


KC-390: Negócio de US$ 500 milhões dá a Portugal um avião versátil, diz especialista.

O acordo entre o governo de Portugal e a Embraer para a compra de pelo menos cinco aviões cargueiros KC-390 dará aos lusos uma aeronave versátil e robusta para ações militares, mas também permite adaptações para que o aparelho ajude no combate a incêndios na Europa.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o jornalista especializado em questões militares Pedro Paulo Rezende explicou que o negócio, estimado em aproximadamente US$ 500 milhões, permite que os países detentores do KC-390 possam utilizá-lo em múltiplas tarefas.

“Ele possui capacidade de 26 toneladas, seis a mais do que o C-130 Hérculos [de origem estadunidente], e trata-se de um avião espetacular. Ele é mais versátil, vem com um sistema de transferência de combustível embutido, e com adaptações pode servir em várias tarefas, como avião-bombeiro por exemplo”, disse Rezende.

Portugal foi um dos principais parceiros da Embraer na concepção e desenvolvimento do KC-390, tendo investido 20,8 milhões de euros no projeto. A intenção de compra da aeronave por parte de Lisboa é conhecida, tendo sido oficializada pelo governo português nesta semana, em meio a uma nova leva de incêndios que castigam Portugal e outros países europeus.

“Assim, reforçam-se as atuais capacidades de transporte aéreo, de busca e salvamento, evacuações sanitárias e apoio a cidadãos nacionais, nomeadamente entre o Continente e os Arquipélagos”, diz um trecho da resolução publicada pelo governo português nesta quinta-feira, autorizando o negócio.

De acordo com Rezende, hoje existem três protótipos da aeronave em operação. Em 2018, o Brasil receberá o primeiro dos 28 modelos KC-390 encomendados pelo país junto à Embraer. A data de entrega dos aviões aos portugueses ainda não foi divulgada pelas partes envolvidas no negócio.

“Muitos países estão interessados, como a Suécia, a República Tcheca, a Argentina, o Chile… É um avião feito por um pool de empresas, algumas delas sendo justamente desses países que poderão comprar o avião da Embraer”, ponderou o especialista, que estimou em 3.000 o mercado de aeronaves cargueiras que poderão ser substituídas, possivelmente, pelo KC-390.