Fonte: JB

Jornal do Brasil: Terça-feira, 13 de julho de 1982 - página 2 do Caderno B
A embolia cerebral que surpreendeu Jackson do Pandeiro num leito de hospital em Brasília, onde se tratava de uma descompensação diabética, privou o músico da sua vida, os fãs da sua alegria contagiante e as gravadoras de se redimirem da indiferença com que puniram seu talento.

Foi do brejo paraibano que José Gomes Filho, de família humilde mas com grande tradição artística na região, saiu para se consagrar Jackson do Pandeiro. Decidido a ganhar a vida com o seu dom musical, começou tocando em bailes populares em Campina Grande, na companhia de Luiz Gonzaga. A popularidade cresceu a largos passos. Da Paraíba foi para Pernambuco, onde o sucesso atingiu âmbito nacional. Em parceria com Altamira Carrilho, com quem se casou, atingiu o auge da carreira, na década de 50. Mas o talento eclético, registrado em gravações de toda ordem, sucumbiu nos anos 60, num longo período de esquecimento no Rio de Janeiro. Voltou resgatado em regravações de outros artistas. Mas o sucesso não teve mais a projeção dos velhos tempos. Desquitado, dupla desfeita, entre uma e outra participação em shows, ficou distanciado do reconhecimento maior, e reduzido ao mercado de músicas juninas. Mas jamais deixou de transmitir alegria ao povo sofrido, de origem pobre, de cujo seio ele próprio nasceu e viveu.

Jackson do Pandeiro. Hugo/CPDoc JB
O senso rítmico como marca pessoal
"Poucos cantores no mundo inteiro têm o seu fabuloso senso rítmico, característica marcante do mulato magrinho que, com seu chapéu de abas curtas e o bigodinho fino, foi, durante 63 anos de vida, a própria expressão da alegria do povo simples de seu Nordeste natal. Foi o senso rítmico que lhe deu o pseudônimo artístico Jackson do Pandeiro... Figura na galeria dos grandes da música popular brasileira por causa de suas virtudes de cantor, um intérprete em cuja marca pessoal - o ritmo - jamais conseguiu ser igualado por ninguém". Jornal do Brasil

Jackson do Pandeiro em Video: