Batalha de Curupaiti
Depois dela a Guerra do Paraguai
passou a ser "assunto" exclusivo de Brasil e Paraguai.
Fonte: The Triple Alliance War
Depois dela a Guerra do Paraguai
passou a ser "assunto" exclusivo de Brasil e Paraguai.
Fonte: The Triple Alliance War
Ataque da cavalaria paraguaia sobre a direita do campamento aliado.
Por Candido Lopez (Museu Nacional de Belas Artes (Buenos Aires - Argentina)
PRÓLOGO
O Assalto ao Forte Curupaiti ficou conhecido como Batalha do Curupaiti e foi o combate que se seguiu a Batalha de Tuiuti o maior combate militar de toda a guerra e onde quase 60.000 soldados tomaram parte na luta. Nela os aliados pagaram um alto preço em termos de vidas pela vitória. O exército imperial teve entre 719 e 736 mortos.Os feridos contabilizaram 2.292.
Entre os mortos encontrava-se o general Antônio Sampaio, comandante da 3 divisão de infantaria.Os argentinos tiveram 126 mortos e 480 feridos segundo fontes brasileiras. De acordo com fontes argentinas, estes números referem-se somente ao I Corpo do Exercito Argentino.
Para os uruguaios, as perdas somaram 429 no total, 133 dos quais eram baixas fatais. Mais de 4.000 homens haviam morrido ou estavam feridos. Apesar de grande, as perdas do exército aliado não eram catastróficas como no caso paraguaio. Ainda possuiam uma força de combate.
Os aliados agora estavam firmemente estabelecidos em território inimigo.O presidente paraguaio esperava poder detê-los em Curupaiti e Humaitá. Não podendo se bater abertamente contra um exército mais numeroso, esperava poder desgastá-lo.
Foi diante deste breve relato de situação que se travou um dos mais decisivos combates da Guerra do Paraguai a Batalha do Curupaiti.
Batalha de Curupaiti (detalhe) Candido Lopez - Museu Nacional de Belas Artes (Buenos Aires-Argentina)
INTRODUÇÃO
A Batalha do Curupaiti foi travada entre as forças aliadas e paraguaias durante a Guerra da Tríplice Aliança em 22 de setembro de 1866.
Animado pela queda do Forte de Curuzú, o 2º Corpo do Exército brasileiro, sob o comando do General Guilherme Xavier de Sousa, voltou-se para o Forte de Curupaiti que, como o primeiro, também se constituía numa defesa avançada da Fortaleza de Humaitá.
Durante os combates por Curuzú e negociações diplomáticas posteriores, Curupaiti teve suas defesas reforçadas, inclusive com um entrincheiramento de cerca de dois quilômetros de extensão, complementado por um fosso de quatro metros de largura por dois de profundidade. A terra retirada do fosso foi apiloada em parapeitos defensivos de dois metros de altura, atrás dos quais se distribuíam noventa canhões, cobrindo o lado do rio e o lado de terra, bem como cinco mil soldados paraguaios.
Essa defesa sustentou e rechaçou com sucesso, em 22 de Setembro de 1866, o ataque combinado da esquadra comandada pelo vice-almirante Joaquim Marques Lisboa e da infantaria do 2º Corpo do Exército brasileiro, reforçada com tropas Argentinas. O bombardeio da artilharia da Esquadra Imperial mostrou-se incapaz para neutralizar a da fortaleza, protegida vários metros acima das margens do rio, enquanto que a infantaria se viu retardada pelo terreno barrento, encharcado pelas chuvas da estação, o que a tornou presa fácil do fogo da artilharia inimiga, resultando na perda de quase quatro mil atacantes aliados contra 250 defensores paraguaios.
Esse desastre aliado em Curupaiti, imobilizou a campanha, e teve importantes repercussões sobre os seus rumos. O general Venancio Flores retirou-se para Montevidéu após a derrota, e as forças Argentinas passam a ter uma participação menor. A partir de Curupaiti, coube sobretudo ao Brasil continuar a luta do lado aliado, com pequena participação Argentina e apenas simbólica de forças Uruguaias. A derrota também causou repercussões na opinião pública brasileira, o que levou à nomeação do marechal-de-campo Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), então Marquês de Caxias, como comandante-em-chefe do Exército brasileiro no Paraguai (10 de Outubro de 1866).
Caxias adotou uma estratégia de cerco, isolando o Forte. Isso levou a sua evacuação pelos paraguaios e permitiu aos aliados ocupar a fortaleza. Após dois anos impedindo o progresso das forças aliadas, estas, finalmente, entraram no forte no dia 23 de Março de 1868.
Curupaiti
Após Tuiuti, os aliados avançaram lentamente para o norte, enfrentando forte resistência do inimigo. Digno de nota foi a tenaz oposição feita pelos paraguaios em uma região pantanosa conhecida por Boqueron nos meses de julho e agosto. Nesta local ocorreram uma série de enfrentamentos ao final dos quais tanto aliados quanto paraguaios sofreram severas perdas.
Algumas fontes estimam que entre maio e agosto o exército da Tríplice Aliança perdeu de quatro a oito mil homens entre mortos, feridos e capturados. Os guaranis sofreram perdas avaliadas entre dois a três mil homens.
Não obstante, o exército aliado continuava a avançar.
Os paraguaios baseavam suas defesas em pontos fortes, com trincheiras e fossos, guardados por batalhões de infantaria e pequenas unidades de artilharia.
O ponto central desta rede de defesas era Curupaiti, alvo dos aliados para futuro ataque à fortaleza de Humaitá.
Um quilômetro a frente de Curupaiti ficava outra posição forte do esquema paraguaio. Embora menos elaborado e protegido que aquele, este ponto era de fundamental importância para o estabelecimento de um perímetro de ataque a Curupaiti. Seu nome era Curuzu. Desde julho os aliados planejavam um ataque por terra com apoio da marinha para sua tomada.
O segundo-corpo do exercito imperial ataca as trincheiras paraguaias em Curuzu.
O II corpo do exército imperial foi escolhido para o ataque. Ele seria comandado por Antônio Paranhos, visconde de Porto Alegre, veterano comandante das tropas brasileiras na batalha de Caseros (1852) .
Porto Alegre teria sob seu comando uma força de 14.000 homens. A marinha o apoiaria sob o comando do vice-almirante Joaquim Marques Lisboa, barão de Tamandaré.
Em Curuzu, eles teriam a oposição de 2.500 paraguaios sob as ordens do general José Díaz, considerado por muitos como o mais capaz oficial à disposição de López. Díaz contava ainda com 12 canhões e morteiros para deter o avanço aliado.
No início da manhã de 2 de setembro, uma frota de vinte navios iniciou o fogo sobre as defesa de Curuzu. O início do avanço dos homens de Porto Alegre não demorou muito para ocorrer. As tropas foram dispostas para um ataque frontal as trincheiras paraguaias, o que ocasionou muitas baixas logo no início do ataque. Por fim, as tropas atacantes manobraram e começaram a flanquear os pontos fortes e trincheiras paraguais. Não obstante, até o quase fim da tarde, Díaz conseguiu manter Curuzu sob firme controle. Após uma luta final corpo a corpo, as tropas brasileiras tomaram os últimos focos de resistência.
Os documentos oficiais do exército brasileiro contam as baixas do II corpo em 159 mortos e 629 feridos, enquanto os paraguaios teriam sofrido 800 baixas.
As tropas de Díaz que escaparam ao inimigo rapidamente se dirigiram para Curupaiti.
O segundo-corpo do exercito imperial ataca as trincheiras paraguaias em Curuzu.
A queda de Curuzu encheu de otimismo o alto comando aliado. Eles agora acreditavam que Curupaiti cederia passagem as tropas da Tríplice Aliança.
Novas tropas foram trazidas de Tuiuti. As forças terrestres atingiram o pico de 20.000 homens para o ataque . Mais navios foram adicionados àqueles que participaram da tomada de Curuzu.
Com tal força, a vitória era certa, pensavam os oficiais aliados.
Curupati, entretanto, era uma defesa bem mais preparada que Curuzu. Ainda mais depois que López ordenou a escavação de novas trincheiras, de um considerável fosso ao redor destas e a adição de novas peças de artilharia.
Em seu otimismo, os aliados não perceberam estas diferenças.
Dia 12, porém, um evento controverso ocorreu no campo de batalha.
Lopéz havia solicitado uma trégua para discutir com os líderes aliados uma proposta de paz. Este encontro ficou conhecido como Yataity-Corá.
Para alguns, esta solicitação foi simplesmente um artifício de López para adiar o ataque aliado e lhe garantir tempo para finalizar as defesas de Curupaiti.
Para outros foi uma derradeira chance de paz buscada pelo presidente paraguaio.
Segundo uma das várias versões sobre o encontro, López havia solicitado falar apenas com Mitre. A medida que a conversa avançava e os compromissos pedidos ultrapassavam a competência do presidente argentino, ele achou por bem chamar a Flores e ao comandante do exército brasileiro, general Polidoro Jordão. Este último negou-se a participar do encontro, o que comprometeu seriamente qualquer tentativa de paz. Ao final das conversações, nenhum acordo para o fim das hostilidades foi acertado. Não se sabe se foi López ou os aliados que mostraram maior intransigência. O fato é que a guerra continuaria.
Na manhã de 22 a marinha imperial iniciou o bombardeio das posições inimigas. Entre os navios, haviam quatro novos encouraçados a vapor.
Em resposta, 49 canhões paraguaios abriram fogo de suas posições em Curupaiti.
Ao meio-dia, o exército aliado, organizado em cinco colunas (quatro para outros) inicia o avanço para Curupaiti. Embora seja discutível a participação dos uruguaios neste episódio da guerra, alguns autores afirmam que a coluna do centro do esquema aliado era formada por tropas daquele país. À esquerda haviam duas colunas brasileiras . Na extrema esquerda, unidades da guarda nacional estavam sob o comando do coronel Augusto Caldas. À sua direita, o general Albino de Carvalho marchava com seis batalhões de infantaria e algumas unidades de cavalaria à pé. O general Wenceslao Paunero, comandava a primeira coluna argentina com doze batalhões. Finalmente, a extrema direita do esquema aliado estava sob ordens do general Emílio Mitre, irmão do presidente argentino. Com ele marchavam cinco batalhões de infantaria. Além desta disposição para o ataque frontal, o 160 batalhão de voluntários do exército imperial foi colocado ao longo das margens do rio para fazer fogo contra as posições paraguaias.
Curuzu, depois de tomada pelos aliados, foi utilizada como base para o ataque `a Curupaiti - por Candido Lopez (Museu Nacional de Belas Artes/ Buenos Aires)
López possuía 5.000 homens para fazer frente àquele ataque. Eles se encontravam protegidos em duas linhas de trincheiras em uma elevação da qual se podia ver todo avanço inimigo. Ao mesmo tempo, os aliados de suas posições só podiam avistar uma das linhas de trincheiras. Havia ainda o fosso e as peças de artilharia para completar o esquema de defesa paraguaio.O general Díaz estava no comando.
Pelo caminho, os aliados já vinham sofrendo com o fogo de artilharia inimigo. Mesmo assim eles avançavam em grande número e em ordem até o fosso contruido pelos homens de Díaz. Lá eram recebidos pela primeira trincheira paraguaia com uma parede de balas. As baixas começaram a se fazer pesadas, contudo os aliados seguiam em frente. Muitos ficaram no fosso.
Ao mesmo tempo, a frota imperial tentava apoiar o ataque das forças terrestres, mas para sua segurança os navios eram obrigados a manter distância dos canhões de Humaitá, que poderiam causar sérios danos ou mesmo afundar alguns navios. Isto significava que o apoio era fraco, uma vez que as balas atiradas contra Curupaiti perdiam precisão e poder de impacto.
Ainda assim, os aliados alcançaram a primeira das linhas de trincheiras. A decepção e surpresa dos soldados e oficias que tomaram parte desta evento não poderia ser maior. Em primeiro lugar, os paraguaios ao perceberam que a primeira linha era insustentável por mais tempo, retiraram-se em ordem para um perímetro mais interno das defesas, deixando pouco para a conquista inimiga. Além disso, somente naquele momento (e após severas perdas) os aliados se deram conta de que havia mais uma trincheira a ser tomada. Após algum tempo de exitação, veio a ordem de continuar o avanço.
Os aliados tentaram até às quatro horas da tarde tomar a última posição paraguaia em Curupaiti, mas o fogo inimigo e as baixas crescentes levaram à retirada. O ataque foi um imenso fracasso.
As fontes paraguaias sustentam que as perdas do exército da Tríplice Aliança em Curupaiti foram da ordem de 9.000.
Atualmente este número é considerado exagerado. Todavia, os próprios documentos oficias dos aliados (que costumam ser conservadores na avaliação das baixas da Tríplice Aliança) registram 4.193 baixas somente para argentinos e brasileiros. Como há controvérsias a respeito da participação uruguaia ou não, bem como não estão computadas as baixas da marinha, as perdas totais podem ter atingido 5.000 homens. Porém estes números estão sempre sujeitos a contestações.
Pelos documentos oficiais, o exército imperial teve 408 mortos, 1.543 feridos e 10 desaparecidos em Curupaiti. A marinha sofreu uma perda fatal e teve 34 feridos. O 16o de voluntários que está computado à parte por não ter participado do ataque frontal, teve 3 mortos e 12 feridos.
Pelas mesmas fontes, os argentinos tiveram 587 mortos; 1.439 feridos e 156 desaparecidos.
O exército paraguaio sofreu 54 baixas. Somente dois oficias morreram em Curupaiti.
A derrota rapidamente levou a troca de acusações entre os comandantes aliados. Os brasileiros, já desconfiados da incapacidade militar de Mitre, o acusaram de ataque suicida a um ponto fortemente defendido. Mitre os acusou de falta de apoio e companheirismo. Flores por seu lado achava que não tinha um tratamento digno de sua posição e logo partiu do campo de batalha para tratar dos assuntos internos de seu país. Ele deixou no Paraguai uma força de apenas 200 homens sob comando do general Enrique Castro.
Mitre não tardou em fazer o mesmo. As províncias argentinas estavam em desordem por conta de levantes contra a participação do país na guerra. Consigo ele levou a maior parte do exército de seu país. Daí para frente a participação argentina na guerra não ultrapassaria os 4.000 soldados.
A guerra tornou-se um assunto entre Brasil e Paraguai.
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