Frota da FAB vai voar movida a álcool
Virgínia Silveira - Gazeta Mercantil - 1ª Página - Pág. 1 - 20/10/2004 - INVESTNEWS
A Força Aérea Brasileira (FAB) vai converter a sua frota de aviões de treinamento T-25 e o agrícola Ipanema, movidos a pistão, em aeronaves com motores a álcool. O Comando da Aeronáutica solicitou ao Centro Técnico Aeroespacial (CTA) que acelerasse as pesquisas nessa área, vislumbrando a possibilidade de exportar essa tecnologia.
A Indústria Aeronáutica Neiva, subsidiária da Embraer, recebeu ontem homologação da versão a álcool do Ipanema, primeiro avião agrícola a álcool do mundo.
Aeronáutica vai converter frota para motor a álcool
A Indústria Aeronáutica Neiva, subsidiária da Embraer em Botucatu, recebeu ontem o certificado de homologação da versão a álcool do Ipanema, o primeiro avião agrícola a álcool do mundo. A empresa investiu R$ 2,2 milhões no projeto, que foi validado pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA), órgão responsável pela homologação de aeronaves no Brasil.
Segundo o diretor do CTA, brigadeiro Adenir Siqueira Viana, o processo de certificação do motor a álcool do Ipanema, iniciado em meados de 2002, envolveu a participação de 17 engenheiros e consumiu 350 horas de ensaios em bancada e 300 horas de ensaios em vôo e em solo. O Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), órgão do CTA que cuida dos processos de certificação aeronáutica, produziu um total de 17 relatórios de engenharia relativos às modificações do motor e 11 relatórios específicos da aeronave.
O CTA também retomou o projeto dos motores aeronáuticos a álcool tendo como referência a aeronave T-25, modelo de treinamento básico dos pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB). O objetivo do CTA, segundo Viana, é estender o projeto do motor a álcool para todas as aeronaves que usam gasolina de aviação e com isso baratear o custo do combustível. O litro da gasolina chega a custar até seis vezes mais que o do álcool em algumas regiões do País, o que tem inviabilizado a operação dos aviões, especialmente os agrícolas.
"Temos cerca de 12 mil aeronaves voando no país com motores a pistão que poderiam ser convertidas para os motores a álcool, de baixo custo operacional". O projeto de conversão dos motores a pistão para o álcool recebeu apoio do governo federal que pediu para a Aeronáutica acelerar as pesquisas nessa área, vislumbrando a possibilidade de exportar essa tecnologia e também o combustível para outros países do mundo.
Além do custo baixo, o álcool tem uma vantagem ambiental em relação a gasolina de aviação, pois não usa o chumbo tetraetila, metal pesado e altamente poluente.
Os motores de avião movidos a álcool, segundo a Embraer, também permitem um aumento em torno de 5% na potência, melhorando o desempenho geral do avião por meio da diminuição de sua distância de decolagem, aumento da razão de subida, velocidade e altitude máximas. Os testes iniciais feitos pela Embraer demonstraram ainda que o álcool poderá expandir de 20% a 80% o ciclo de manutenção do motor.
A Neiva recebeu 69 pedidos de conversões do motor a gasolina do Ipanema para o álcool. As entregas das primeiras unidades a álcool estão previstas para o primeiro trimestre de 2005. A versão a álcool tem custo estimado de US$ 247 mil e o Ipanema a gasolina é vendido por US$ 233 mil. A Neiva, que ontem completou 50 anos de existência, já produziu e entregou perto de 1.000 unidades do Ipanema. Para este ano a empresa prevê a entrega de 82 aeronaves, 78% mais que em 2003.
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