Já aconteceu há 23 anos mas ainda há quem se recorde
do desastre da nave Challenger, que ocorreu ainda na fase de lançamento, a 28 de Janeiro de 1986. O acidente pode ser observado no vídeo acima. Nele, representativo daquilo em que se transformou o jornalismo televisivo moderno, perdido o
script do que era esperado, a câmara fixa-se (1:50) no que produz mais efeito visual – um dos foguetes auxiliares que prossegue, mas numa trajectória descontrolada – em vez de se concentrar no que devia ser naquele momento mais importante: a cabine onde seguia a tripulação de sete astronautas...
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As análises sobre as causas do acidente que se seguiram foram relativamente sóbrias quanto ao que acontecera à tripulação. A explosão, que ocorreu quando a nave já se encontrava a 14,5 km de altitude foi apenas uma
deflagração (subsónica) e não uma
detonação (supersónica) do tanque de combustível principal, o que limitou os danos sobre a nave (
Orbiter) e possibilitou que, embora desagregando-se, o compartimento onde seguia a tripulação permanecesse intacto – como é observável nas fotografias. Dada a inércia, a maioria desses destroços continuaram em ascensão até uma altitude próxima dos 20 km.
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Quanto ao que aconteceu à tripulação, a redacção da comissão que investigou o acidente contem constatações, deduções e especulações. Entre as primeiras, a que a cabine sobreviveu à deflagração assim como muito provavelmente todos os tripulantes que nela viajavam. Ao desagregar-se, a cabine perdeu as fontes primitivas de oxigénio e de electricidade. Mas havia dispositivos de emergência de oxigénio, dos quais três vieram a ser accionados. Contudo, eles só teriam sido úteis se a cabine tivesse permanecido pressurizada. A tal altitude (seria o dobro do topo do Everest!) perde-se rapidamente a consciência...
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Esta última observação foi também um desejo da comissão, pois qualquer membro da tripulação estava automaticamente condenado ao cair em queda livre desde os quase 20 km de altitude… O impacto com a água seria a uma velocidade de cerca de 335 km/h o que provocaria uma desaceleração mortal, como se viria a comprovar,
também em frente das câmaras de TV, 8 anos depois, com o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna… A cabine, contendo os restos mortais dos sete tripulantes (abaixo), só veio a ser encontrada no fundo do mar a 7 de Março de 1986, mais de cinco semanas depois do acidente.
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A redacção das conclusões da comissão da NASA sobre a sorte da tripulação permanece um exemplo da fronteira entre o que é a objectividade dos factos e a subjectividade do desejo:
a) a causa de morte dos astronautas da Challenger
não pôde ser definitivamente estabelecida b) as forças a que a tripulação esteve exposta durante o acidente não foram provavelmente suficientes para lhes terem causado a morte ou lesões graves e
c) a tripulação, possivelmente, mas não garantidamente, perdeu a consciência nos segundos que se seguiram ao acidente, devido à perda de pressão na cabine.
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