Polônia Vencida: o alto comando alemão planejou a campanha polonesa com grande cuidado. Nessa campanha foi introduzido um novo método de combate chamado Blitzkrieg, ou seja, guerra relâmpago. Em 1º de setembro de 1939, os Stuka (foto acima) - bombardeiros de mergulho alemães - atacaram as tropas polonesas, e outros bombardeiros mais pesados destruíram fortificações e fábricas. Em terra, os tanques e a infantaria romperam as linhas polonesas. Os ingleses e franceses não puderam prestar auxílio direto aos poloneses.

Há 70 anos, a Alemanha invadia a Polônia e começava a Segunda Guerra

Fonte: AFP

Há 70 anos, no dia 1 de setembro de 1939 às 04H45 da manhã, o encouraçado alemão Schleswig-Holstein disparou na Polônia os primeiros tiros que vieram a marcar a Segunda Guerra Mundial, cobrindo de fogo a base polonesa de Westerplatte, perto de Gdansk.

A guerra fez pelo menos 50 milhões de mortos em todo o mundo, cerca de seis milhões deles na Polonia.

"A Polônia insiste em que o 1 de setembro de 1939 prossiga gravado na memória como data de início do maior cataclismo do século XX, ligado à agressão da Alemanha, e da Rusia soviética", declarou o chefe de governo polonês, Donald Tusk.

Na terça-feira, 20 chefes de governo assistirão à cerimônia que vai lembrar este aniversário, aos pés de um monumento dedicado aos defensores de Westerplatte.

Entre os convidados estão a chanceler alemã Angela Merkel e os primeiros-ministros russo Vladimir Putin, francês François Fillon, italiano Silvio Berlusconi, além da ucraniana Yulia Timochenko, do sueco Fredrik Reinfeld, também presidente em exercício da União Europeia (UE).

O governo americano estará representado pelo ex-secretário de Defesa William Perry e pelo conselheiro para a Segurança Nacional, James Jones.

As presenças de Angela Merkel e Vladimir Putin são motivo de muitas expectativas, uma vez que as interpretações históricas da guerra são discrepantes nos três países.

À medida que se aproxima a data do aniversário, a imprensa polonesa repete declarações de historiadores russos que acusam a Polônia de ter pactuado nos anos 1930 com Hitler, atribuindo a Varsóvia parte da responsabilidade pelo desencadeamento do conflicto.

O Serviço russo de Inteligência Exterior (SVR) anunciou a publicação próxima de "documentos inéditos" sobre a política polonesa entre 1935 e 1945, com, entre outros, "planos secretos" de Varsóvia nas vésperas da guerra.

Um projeto de monumento em Berlim em homenagem aos deslocados na Europa depois de 1945 levanta temores na Polônia de que sejam postos em pé de igualdade os sofrimentos das vítimas do nazismo e os dos alemães expulsos de países da Europa Central depois da guerra.

Vários milhões de alemães tiveram que fugir de territórios concedidos à Polônia pelas potências aliadas em troca dos territórios orientais que ficaram com a então URSS, União Soviética. Milhões de poloneses também foram vítimas destas modificações de fronteiras.

Depois de ter conseguido anexar, sem um só disparo, a Áustria, em março de 1938, e depois os territórios da então Tchecoslováquia, Adolf Hitler exigiu da Polônia uma passagem, o chamado corredor de Gdansk, entre a então Prússia Oriental e o restante da Alemanha - uma exigência rechaçada por Varsóvia.

Em 1 de setembro de 1939, sem declaração formal de guerra, o exército alemão atacou a Polônia. A União Soviética invadiu o leste da Polônia 17 dias depois, em virtude de uma cláusula secreta do pacto germano-soviético de 23 de agosto de 1939.

A lembrança da Segunda Guerra Mundial segue especialmente viva na Polônia. Entre 5,6 e 5,8 milhões de cidadãos poloneses, entre eles 3 milhões de judeus morreram durante o conflito, segundo cálculos recentes de historiadores poloneses.


Segunda Guerra Mundial: Pracinha mutilado relembra luta dos brasileiros na Itália

Giampaolo Braga, Extra

Rubens, Pracinha da FEB

A campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, não tem apenas uma história: são 25.334, uma para cada um dos pracinhas que combateram os nazistas entre setembro de 1944 e maio de 1945. No segundo capítulo da série sobre os 70 anos do início do conflito, o EXTRA ouviu uma delas, a de Rubens Leite de Andrade, 2 sargento de infantaria, veterano da Segunda Guerra, presidente da Associação de Ex-Combatentes do Brasil no Rio. Mutilado por uma mina terrestre em Monte Castelo, ele ainda se emociona ao falar da luta contra os nazistas - e da fome, do frio e do medo - no Norte da Itália, no início de 1945.

- Nós saímos do Brasil de corpo e alma. E só - conta o veterano, de 84 anos, nascido em Campos (RJ). - Fomos saber o que era arma lá na Itália. Até os uniformes os americanos nos deram. Eles duvidaram da gente. Acharam que não éramos capazes de fazer guerra: todos baixinhos, mestiços... Fiquei apavorado no primeiro confronto. Você pensa que a gente não sentiu medo? Fui para o front em janeiro. Fiquei encantado: era neve até o horizonte. Mas uma fome desgraçada...

Vídeo: Pracinha relembra a luta dos brasileiros

Nove minas

Rubens não carrega apenas no corpo as consequências de 6 de março de 1945. O ex-pracinha ainda conta em detalhes o dia em que perdeu parte da perna direita, nas imediações de Monte Castelo:

- Vi uma casa e um monte de feno. Pensei: "Se a casa estiver ocupada, vou receber fogo. Vou dar um lance para o monte de feno, outro para a casa, derrubo a porta e o resto é com Deus". Quando iniciei a corrida, bum! Voei longe. Um companheiro veio me salvar e pisou noutra mina. Naquele dia, nove soldados foram mutilados.

No front, um novo e poderoso inimigo

Em dezembro de 1941, após pouco mais de dois anos de conflito, as engrenagens da máquina de guerra do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) trituravam a maior parte da Europa, do Pacífico e do Norte da África. Alemães e italianos haviam invadido a Grécia e a Iugoslávia. Do outro lado do Mediterrâneo, os "Afrika Korps" (força expedicionária alemã na Tunísia e Líbia) do general Erwin Rommel, o Raposa do Deserto, acuavam os ingleses com seus blindados. O Japão iniciava a conquista das Filipinas e do Sudeste da Ásia. E, numa demonstração clara de poder, a Operação Barbarossa de Hitler, deflagrada em junho daquele ano, havia devorado 2,6 milhões de quilômetros quadrados de território soviético (o equivalente a quase um terço da área do Brasil) e chegado às portas da capital, Moscou.

Na manhã do dia 7 daquele mês, um domingo, aviões japoneses atacaram Pearl Harbor, porto militar americano no Havaí, bem no meio do Pacífico. Cerca de 3.800 militares e civis foram mortos ou feridos. Em apenas quatro dias, os Estados Unidos - que, até então, haviam relutado em entrar de cabeça no conflito - estavam na guerra.

Esse foi um dos fatos decisivos da Segunda Guerra. Outro foi a virada soviética do jogo, iniciada em Stalingrado. A obsessão de Hitler em tomar a cidade que levava o nome do ditador da URSS e a obstinação de Josef Stalin em defendê-la - a ordem era executar os soldados russos que recuassem - tornou a batalha um marco.

Dois anos depois, em dezembro de 1943, a sorte havia mudado para os nazistas. Na África, americanos e ingleses haviam batido Rommel. Já o Brasil, que havia declarado guerra ao Eixo em 1942, ainda preparava suas tropas para a campanha na Itália. No lado oriental da frente de batalha, os soviéticos haviam enxotado as tropas alemãs, recuperando o território da Rússia e da Ucrânia, e preparavam-se para entrar na Polônia. E, a dez mil quilômetros dali, no deserto do Novo México, nos Estados Unidos, o programa conhecido como Projeto Manhattan corria contra o tempo para desenvolver a mais mortal de todas as armas: a bomba atômica.


Segunda Guerra Mundial: 70 anos depois, feridas ainda abertas

Giampaolo Braga, Extra

Aleksander Henryk Laks interrompe a entrevista e pede um copo d'água. A boca está seca. Os olhos, porém, ainda ficam úmidos, 65 anos depois, quando ele se lembra da adolescente anônima que viu morrer de sede, dentro de um vagão de carga. O tempo apagou o nome e o rosto da garota, fundindo sua tragédia com a dos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas, mas sua história foi adiante, impressa na memória de Aleksander. A parada final do trem era Birkenau, campo de extermínio encravado no complexo que virou sinônimo do Holocausto: Auschwitz.

- O trem entrou num desvio. Olhei por uma fresta do vagão e vi um complexo de chaminés - conta o judeu polonês ("brasileiro nascido na Polônia", corrige ele) de 82 anos, presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista - Achei que estávamos chegando numa metalúrgica. Abriram as portas debaixo de pancada. Meu pai perguntou a um guarda: "Onde estamos?". "Cala a boca, você está em Auschwitz. Aqui, só tem uma saída: pela chaminé".

A história de Laks se funde à da Segunda Guerra Mundial, cujo início completa 70 anos na terça-feira, 1 de setembro. Durante três dias, o EXTRA contará a trajetória do conflito, deflagrado com a invasão da Polônia pelas tropas de Adolf Hitler, em 1939.

Vídeo: Aleksander. conta a sua história

Aleksander tinha 12 anos quando a Wehrmacht (as Forças Armadas alemãs) atravessou a fronteira polonesa, tornando o país a primeira vítima da blitzkrieg (guerra-relâmpago) - um novo conceito de batalha, baseado no uso maciço de aviões e blindados. O exército polonês não teve armas para enfrentar o rolo compressor nazista. Em 8 de setembro, os alemães chegaram à cidade de Lodz, onde Aleksander morava com a mãe, Balcia, e o pai, Jakob.

- Meu mundo desabou - resume ele.

'Não deixe de contar o que passamos' Aleksander com os país

Aleksander, sua família e outros 165 mil judeus de Lodz foram colocados em 1940 num gueto, de onde não podiam sair. Durante boa parte dos quatro anos em que viveu confinado ali, ele passou fome e teve de se esconder, já que os alemães mandaram todas as crianças para campos de extermínio. Em agosto de 1944, o gueto foi esvaziado: só 1.500 pessoas do grupo inicial haviam sobrevivido.

O sofrimento de Aleksander, porém, estava longe de terminar. Levado para Birkenau, ele viu a mãe ser arrastada para a morte na câmara de gás. Dali, foi enviado com o pai para outro campo, Gross-Rosen. Com o avanço das tropas russas, no início de 1945, os prisioneiros foram empurrados, com os nazistas, para dentro da Alemanha. Começava a Marcha da Morte: mais de 300 quilômetros na neve até o campo de Flossenbürg.

Durante a marcha, o pai lhe fez um pedido: "Se sobreviver, não deixe de contar o que passamos". Em Flossenbürg, Jakob Laks foi morto por um guarda. Mas o filho - pesando 28 quilos, doente, sem família e sem futuro - sobreviveu. E manteve a promessa.


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Polónia planeava destruir URSS nas vésperas da II Guerra

Fonte: Diário Digital / Lusa


Os políticos que dirigiam a Polónia em vésperas da Segunda Guerra Mundial planeavam a destruição da União Soviética e, com esse objectivo, fomentavam o separatismo no Cáucaso, Ucrânia e Ásia Central, afirma o Serviço de Informações Externas (SVR) russo.

A alegação baseia-se em documentos dos arquivos soviéticos. "Entre os materiais tornados públicos há documentos do Estado-Maior polaco que testemunham que, nessa estrutura, foi organizado um departamento especial para o trabalho com as minorias nacionais no território da URSS", declara Lev Sotskov, general do SVR que preparou a colectânea de documentos publicada hoje.

A colectânea "Segredos da Política Polaca. 1935-1945" é publicada no dia em que o primeiro-ministro, Vladimir Putin, visita a Polónia para participar nas cerimónias do 70.º aniversário do início da Segunda Guerra Mundial, em Gdansk.

Segundo o general as principais tarefas assumidas pelo Estado-Maior das Forças Armadas da Polónia consistiam "na desestabilização da situação na Ucrânia, no Volga e no Cáucaso, bem como na desintegração e destruição da União Soviética".

Lev Sotskov considera que a espionagem soviética tinha uma boa rede de agentes na Polónia, acrescentando que a actual direcção polaca não tem semelhantes documentos, porque os nazis levaram os arquivos polacos durante a guerra.

"Penso que os polacos devem ficar felizes por nós lhes darmos a possibilidade de conhecer estes documentos", frisa.

O general considera que, actualmente, a falsificação da história se tornou política oficial na Polónia. "As avaliações que distorcem o desenrolar dos acontecimentos têm lugar ao nível do Governo desse Estado. A principal ideia é lançar a responsabilidade do início da Segunda Guerra Mundial para cima da URSS, tal como para a Alemanha fascista", declara.

"Não há dúvidas de que parte da culpa no início da Segunda Guerra Mundial pertence à Polónia, por isso, actualmente, são feitas tentativas de distorcer os factos históricos", sublinha o general.

Segundo o general Sotskov os serviços de espionagem polacos continuaram a seguir a política de destruição da URSS mesmo durante a guerra, "quando os serviços especiais dos aliados consideravam a sua tarefa principal a guerra contra a Alemanha".

O "departamento de espionagem do exército do general Anders, formado no território da URSS, tinha como tarefa a realização de acções operacionais relacionadas não só com as acções militares, mas também com "as necessidades da futura revolta na Polónia", bem como com a necessidade de criar condições para continuar acções de espionagem em grande escala a Leste, depois da guerra", conclui o general.