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Antes da compra de caças, Brasil e França voltam a trocar gentilezas
Na França, o chanceler Celso Amorim voltou a dizer que a definição sobre os novos caças será política. E o presidente francês, Nicolas Sarkozy, defendeu a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU

REDAÇÃO ÉPOCA

Ficou um tanto óbvio nesta quinta-feira (8) que a compra de 36 caças para renovar a Força Aérea Brasileira (FAB) será uma decisão política do governo federal, e que os Rafale, da francesa Dassault, são os favoritos. Em um evento em Paris, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, mostraram sintonia. Enquanto Amorim deixou claro que a preferência dos militares brasileiros não é determinante para o governo federal, o marido de Carla Bruni voltou a defender a entrada do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

Amorim e Sarkozy se encontraram durante o seminário “Novo Mundo, Novo Capitalismo”, em Paris, e o ministro deu uma leve alfinetada na FAB, afirmando que “às vezes o barato sai caro”. Era uma alusão ao relatório sigiloso da FAB, divulgado nesta semana pela Folha de S.Paulo, que dava preferência ao Grippen, caça da empresa sueca Saab, apontado como mais barato que o Rafale. Segundo Amorim, os dados técnicos são importantes, “mas há outras considerações importantes”. “Caberá ao presidente, que lidera o país politicamente, tomar a decisão, levando em conta todos os dados”, disse Amorim segundo o jornal O Globo.

Como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já deixou claro, de forma constrangedora para a diplomacia brasileira tendo em vista que a decisão não foi tomada oficialmente, a preferência do Palácio do Planalto é pela parceria com a França, que extrapola a questão da Defesa.

Os motivos da preferência de Lula ficaram claros durante a fala de Sarkozy no seminário desta quinta-feira (7). Como reportou a Agência Brasil, em apenas 30 minutos de discurso, o líder francês citou o Brasil sete vezes, e pediu a inclusão do país tanto nas discussões econômicas mundiais, o que já vem ocorrendo por meio do G-20, quanto no Conselho de Segurança da ONU.

De acordo com Sarkozy, o G8, grupo que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia, “é ridículo”, e não pode continuar ditando sozinho os rumos da economia. “É indispensável para resolver várias questões que o Brasil e a Índia, por exemplo, estejam presentes”, afirmou Sarkozy.

O presidente francês também disse que um aumento no número de assentos permanentes no Conselho de Segurança poderia ocorrer neste ano, e que o Brasil seria um dos possíveis ocupantes das novas cadeiras.

O reconhecimento dos avanços institucionais do Brasil, e a “campanha publicitária” que o francês tem feito do país nos últimos anos, são respondidos com o interesse do Brasil pela indústria de defesa francesa. Em dezembro de 2008, os dois países assinaram acordos para desenvolver 50 helicópteros para uso das Forças Armadas brasileiras, que serão fabricados pela Helibrás, em Itajubá, no interior de Minas Gerais, e cinco submarinos, quatro convencionais e um de propulsão nuclear. Tudo com a cara tecnologia francesa.

A compra dos aviões é um segundo passo no acordo estratégico, mas mais complexo. Isso porque o Rafale concorre, além do Grippen, com o F-18 Super Hornet, da americana Boeing. No relatório da FAB, tanto o avião sueco quanto o americano foram considerados opções melhores que o Rafale. O governo federal alega que o avião sueco nunca saiu do papel, o que representaria um risco em uma compra deste tamanho. O F-18, por sua vez, não permitiria a transferência da tecnologia para o Brasil, algo que o governo americano não autoriza, ao contrário do governo francês.