História do motor nuclear de foguete NERVA

Motor nuclear NERVA em (www.nre.ufl.edu)

O motor nuclear de foguete NERVA baseava-se na motor nuclear de foguete anterior Kiwi. O plano inicial da NASA era utilizar um NERVA num dos andares superiores do Saturno V, no começo da década de setenta e devia permitir ao foguetão o envio de cargas pesadas para missões interplanetárias, até Marte e Vénus. A incorporação do NERVA no Saturno V seria missão do “Marshall Space Flight Center” da NASA.

O programa encontrou graves obstáculos, desde um subfinanciamento crónico a uma impopularidade crescente contra o nuclear na década de 60 e 70. Tecnicamente houve também dificuldades em alcançar os níveis de desempenho teoricamente possíveis, já que nunca um NERVA conseguiu alcançar os mesmos desempenhos dos motor químicos da época.

Os motores nucleares NERVA eram o elemento fundamental da missão tripulada a Marte que Wernher von Braun pensava lançar depois do programa Apollo, mas que a escassez de verbas levou ao cancelamento.

O conceito de um motor nuclear de foguete ou “nuclear thermal rocket” nasceu da ideia de fazer passar um gás frio por um reator muito quente, aquecido por energia nuclear e fazer sair esse gás – tornado quente muito rapidamente – através de um cone de exaustão. Teoricamente, este processo deveria garantir níveis de propulsão muito superiores aos dos motores químicos convencionais.

Em 1953, o laboratório de Los Alamos arrancou com o projeto ROVER no âmbito do qual foram construídos vários reatores para testar o conceito do foguetão atómico. Na época, o programa fora concebido como uma alternativa para os mísseis intercontinentais que os EUA estavam então a construir, já que se temia que os foguetões químicos não tivessem a energia suficiente para dar a volta ao globo e chegar à União Soviética. Estes reatores de primeira geração eram os KIWI, a que se seguiram os Phoebus que deviam ser a base de futuras sondas interplanetárias, os Peewee-1 de menores dimensões e o Nuclear Furnace-1 que tinha já preocupações ecológicas de reduzir as emissões radioativas para a atmosfera.

Em 1961 o programa NERVA “Nuclear Engines for Rocket Vehicle Applications” substituiu o programa ROVER e começaram a construir-se os primeiros motores desse tipo. Na altura, o motor pensava-se que seria utilizado numa missão a Marte e era uma encomenda direta da NASA e pensava-se que poderia ser usado para missões ainda mais longínquas.

O programa NERVA estava sediado em Large, na Pensilvânia , onde eram construídos os pequenos reatores (inspirados nos pequenos reatores da US Navy), sendo estes depois testados no Nevada. No total, doze reatores foram construídos e testados, sempre com melhorias de desempenho e flexibilidade operacional. A maioria dos NERVA lançava o hidrogénio quente e radioativo diretamente para a atmosfera, mas a radiação era mínima e foi sendo reduzida design após design. O motor NERVA mais recente era duas vezes mais potente que o maior motor químico de sempre, o do Saturno V.

O NERVA foi cancelado em 1973 com o abandono das missões lunares e o adiamento “sine die” do programa marciano. Mas agora, surgem notícias de que a Rússia está a planear ressuscitar o seu próprio “programa NERVA”, abandonado também pela mesma época em que parou o programa da NASA, para uma série de missões robóticas a Marte… Estaremos assim perante o renascimento de uma forma de propulsão espacial que promete rendimentos 10 a 50 vezes superiores que a propulsão química usada atualmente?

Fonte: Quintus