O alcance do regime totalitário nazista alcançou todas as instituições da sociedade alemã, incluindo suas ligas de futebol. A maioria dos esportes e associações esportivas foram debandadas e substituídas por organizações patrocinadas pelo partido. Para juntar-se à um clube, um jogador precisava de duas recomendações para ser permitido jogar. O Comitê Nacional de Futebol perdeu sua independência e foi assimilado ao Deutscher Reichsausschuss für Leibesübungen (Comitê de Educação Física do Reich – DRL).

Sob Hans von Tschammer und Osten como Reichssportsführer, as antigas organizações esportivas independentes se tornaram departamentos da nova organização. Como na maioria da sociedade alemã da época, associações esportivas e times de futebol passaram por expurgos de judeus dentro dos seus quadros. Alguns clubes, como o Alemannia Aachen e o Bayern de Munique, realizaram protestos para proteger seus membros frente a essas ações.

O futebol foi reorganizado em dezesseis “Gaue”, ou regiões, na Gauliga, que existiu entre 1933 e 1945. O efeito geral foi positivo para o futebol alemão. Antes de 1933, quase 600 clubes competiam na primeira divisão. A reorganização reduziu esse número para 170 e aumentou significativamente o nível da competição. Esse foi o início de um processo de consolidação de uma série de ligas regionais que culminavam numa fortificada e unida liga nacional. A Copa Alemã foi introduzida em 1935. Conhecida inicialmente como Tschammerpokal, ou “Taça Tschammer”, o primeiro campeão foi o Nuremberg FC. A copa foi realizada até 1943; em 1953 ela retornou, com um nome diferente.

O período pré-guerra assistiu o retorno de um número de times alemães que disputavam a liga amadora no Sarre, uma região alemã ocupada pelos franceses desde o fim da Primeira Guerra Mundial. Alguns desses times jogavam na segunda divisão do Campeonato Francês, incluindo o Saarbrücken FC, que valorosamente ganhou o título da divisão mas teve negada sua promoção à primeira divisão.

O Schalke FC dominou o futebol durante o período nazista, e frequentemente era usado como peça de propaganda para a Nova Alemanha. Com o Reich expandindo-se com as conquistas territoriais, times da Áustria, Polônia, Tchecoslováquia, Alsácia-Lorena e Luxemburgo foram incorporados à Gauliga. Após a anexação da Áustria, o Rapid Wien – de Viena – conquistou a Tschammerpokal em 1938 e o Campeonato Alemão em 1941, ganhando do Schalke por 4 x 3 na final.

Durante a guerra, o futebol foi usado para elevar o moral da população e era apoiado pelo regime. Muitos times eram patrocinados pela Luftwaffe, SS e outras organizações militares. Quando a maré da guerra virou contra os alemães, a Gauliga começou a ruir, já que os jogadores foram chamados para o serviço militar ou foram mortos em ação, estádios foram bombardeados e viagens se tornaram difíceis. As dezesseis regiões originais da Gauliga foram divididas em trinta circuitos menores e mais locais. O nível das partidas deteriorou-se e resultados absurdos se tornaram comuns, com o recorde sendo uma vitória de 32 x 0 do Germania Mudersbach contra o Engen FC.

O campeonato 1943-1944 foi inicialmente cancelado, mas eventualmente foi realizado após massivos protestos. O de 1944-1945 foi iniciado menos de duas semanas depois da conclusão do anterior, ao invés do tradicional descanso trimestral do verão. A última partida registrada no Terceiro Reich aconteceu em 23 de abril de 1945, com o Bayern de Munique derrotando o 1860 de Munique por 3 x 2. Menos de três semanas depois, a Alemanha se renderia incondicionalmente.

Fonte: Lazacode, 28 de junho de 2010. - Via Sala de Guerra