O Focke Wulf 58 Weihe foi um importante avião da Luftwaffe na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), tendo sido bastante utilizado em diversas funções, como transporte, ligação, treinamento, ambulância, bancadas de teste voadoras, patrulha, ataque e até mesmo em atividades de controle de pragas.



Um FW-58B Militar (mas com matrículas civis alemãs em vôo antes da II guerra mundial


O protótipo FW-58 V1, registrado como D-ABEM - voou em 1935, e em torno de 5.000 foram fabricados. Essa versátil máquina, desenhada pelo genial Kurt Tank era similar ao Avro Anson inglês e ao Caproni 310 italiano, porém teve mais uso e aplicações que esses dois modelos tanto em atividades civis como militares. Os pilotos alemães os chamavam de Leukoplast-bomber (bombardeiro de esparadrapo), mas era uma aeronave bastante confiável e manobrável.



Fw 58B-2/Galeão D-2Fw
25 foram construídos na fábrica do Galeão no Rio de Janeiro no Brasil




Detalhes do nariz e dos motores da versão B...



Na segunda metade da década de trinta, a aviação naval da Marinha do Brasil contava com cerca de 143 aviões no inventário. Porém muitos estavam sem condições de vôo por falta de peças sobressalentes, mecânicos experientes e oficinas adequadas para manutenção.



Desenho esquemático do FW 58


Essa situação forçou o Ministério da Marinha a buscar uma solução que englobasse a contratação de técnicos e consultores estrangeiros, formação de militares brasileiros, construção de oficinas de manutenção de aeronaves no Brasil e num segundo momento uma fábrica de montagem e construção de aviões. Inicialmente se buscou parceria com a industria aeronáutica dos EUA, mas essa acabou se mostrando infrutífera.


Um FW 58C (nariz sólido) usado para ligação nas cores da Luftwaffe servindo no fronte oriental em 1942

No entanto a Alemanha Nazista naquela época tinha grandes interesses políticos e comerciais em conquistar mercados na América Latina. A necessidade da Aviação Naval parecia uma boa oportunidade para isso. O Ministério da Marinha aceitou a proposta alemã depois de abrir uma concorrência para adoção e produção de aeronaves aqui .



Outro FW-58C de nariz sólido a serviço da Luftwaffe pintado todo em RLM 70...


O contrato foi firmado com a empresa Focke Wulf. O projeto grandioso e inédito no Brasil de então . Cabia a Marinha a escolha do terreno e toda a obra civil da construção dos galpões da futura fábrica. Os alemães então enviariam técnicos, instrutores e ferramental. O projeto dividiu-se em quatro etapas, nas duas primeiras seriam montados os aviões Fw-44 de treinamento e Fw-56 de treinamento avançado. Na seqüência, o projeto previa a montagem e a fabricação de aeronaves bimotores Fw-58 e encerraria com o quadrimotor Fw-200 Condor!!!
Após a conclusão da primeira etapa (montagem dos Fw-44), o Ministério da Marinha decidiu cancelar o passo seguinte e passar direto para a produção de bombardeiro Fw-58. Essa decisão foi motivada pelos acontecimentos geopolíticos que ocorriam na Europa naquele tempo.

Em julho de 1937 chegou ao Brasil, por via marítima, o primeiro Fw-58 totalmente desmontado. Juntamente com ele, vieram os componentes para a montagem de outras dez aeronaves. O protótipo ficou pronto antes do final do mês de julho e recebeu a matrícula 147. As aeronaves desse primeiro lote foram denominadas D2Fw. Essa nomenclatura na Marinha obedecia a seguinte regra: “D” significava emprego geral; “2” representava o segundo modelo (o primeiro foi o Fw-44) e “Fw” vinha de Focke Wulf. O número subseqüente com três algarismos representava o número da aeronave dentro da série. O Fw-58 matrícula D2Fw-147 foi responsável pelo treinamento tanto das equipes de vôo como os técnicos e mecânicos que iriam fabricar o restante da série.

No ano seguinte foram montadas as demais aeronaves. O último dos dez aviões foi entregue a Marinha no início do mês de outubro de 1938. Embora fossem exemplares montados com componentes alemães, já possuíam algumas partes fabricadas no Brasil como a tela externa. Esse lote recebeu as matrículas 168 a 177. Todos os aviões foram inicialmente formar a Segunda Esquadrilha de Adestramento Militar (2ª EAM), na época sediada na Base de Aviação Naval do Rio de Janeiro (Ilha do Governador/RJ), incumbida de prover treinamento avançado e, secundariamente, serviços de aerofotogrametria e emprego geral.
Além da matrícula oficial, os Fw-58 exibiam na sua fuselagem um código composto por três letras com um número em cada extremidade. O primeiro número e as letras indicavam a esquadrilha (2 - EAM – Segunda Esquadrilha de Adestramento Militar) e o último número correspondia ao número da aeronave na esquadrilha. Posteriormente a letras foram substituídas simplesmente por “V” (adestramento).




Perfil em cores do 2-V-4 exatamente o avião do meu modelo, pintura bastante colorida, que na FAB seria suprimida...

Concluído o primeiro lote de dez aviões, a Aviação Naval partiu para um segundo lote de 15 aviões. Embora muito semelhantes, os aviões dessa segunda série utilizaram uma porcentagem maior de componentes nacionais e componentes importados dos EUA. No Brasil eram fabricadas, além da tela dos modelos anteriores os pneumáticos, os freios, as hélices, o contraplacado de madeira para parte da fuselagem e as estruturas das asas (em madeira). Dos EUA vieram além do armamento (também colocado no primeiro lote) os rádios de comunicação. Essas mudanças nos componentes tornaram a aeronave mais pesada e, conseqüentemente, mais lenta. Para diferenciar do lote inicial, os Fw-58 dessa série foram designados na Marinha como 2AVN (segundo modelo da Aviação Naval).



Tarmac da Base Aérea Naval do Galeão no Rio de Janeiro em 1940, em primeiro plano um FW 58B e em segundo um North American BT-9 aquecendo o motor...

O primeiro aparelho 2AVN voou em maio (julho, segundo ) de 1940. Porém, antes que a série fosse completada, a Aviação Naval deixou de existir. Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, todos os exemplares da Marinha foram repassados para a nova pasta. Na medida em que os aviões restantes do segundo lote fossem completados, eles eram entregues diretamente a FAB. O último saiu da fábrica do Galeão em 12 de dezembro de 1942. Na Força Aérea, os Fw-58 foram designados FG 2 e voaram com as cores da FAB até 1951. No Museu Aeroespacial, localizado no Campo dos Afonsos (Rio de Janeiro), encontra-se preservado o único Fw-58 do mundo. No entanto, esta aeronave voou pela primeira vez em dezembro de 1941, e portanto, não pertenceu a Aviação Naval



Fotos do único FW 58 preservado no Mundo, já nas cores da FAB, está aqui no Brasil no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos...