A Coreia do Sul iniciará esta semana uma nova série de manobras militares, terrestres, aéreas e navais, poucos dias depois de ter executado exercícios na ilha bombardeada pela Coreia do Norte que aprofundaram ao máximo a tensão na península coreana.

As Forças Armadas sul-coreanas anunciaram que iniciarão na quinta-feira manobras militares, terrestres e aéreas, com uso de munição real, em uma área próxima da fronteira com o Norte.

As manobras, classificadas de 'importantes', acontecerão em Pocheon, 20 km ao sul da fronteira entre as Coreias, segundo o Exército.

Pocheon já foi cenário de vários exercícios militares similares em várias ocasiões.

As manobras terão a participação de 800 soldados, além de helicópteros, seis aviões de combate, tanques, mísseis antitanque, canhões e lança-foguetes.

O Exército também anunciou o início de manobras navais nesta quarta-feira na costa leste da península coreana, no Mar do Japão, em um exercício que deve durar quatro dias.

Os exercícios acontecem a quase 100 quilômetros da fronteira com a Coreia do Norte, com a participação de seis navios de guerra e helicópteros.

O objetivo das manobras é treinar as tropas para uma resposta em caso de invasão de submarinos ou navios de patrulha da Coreia do Norte em águas sul-coreanas.

"Os exercícios demonstrarão a solidez de nossa preparação militar", declarou o comandante do I Batalhão Armado, Choo Eun-Sik, à agência Yonhap.

"Vamos executar represálias severas caso o Norte se aventure em outro ato de provocação como o bombardeio de Yeonpyeong", acrescentou.

Em 23 de novembro, a Coreia do Norte disparou 170 peças de artilharia contra Yeonpyeong.

O bombardeio, o primeiro ataque a uma zona habitada por civis desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953), matou quatro sul-coreanos e gerou uma onda de protestos ao redor do mundo.

Na segunda-feira, Seul realizou breves exercícios militares com munição real na ilha de Yeonpyeong, apesar das ameaças de graves represálias feitas por Pyongyang. Mas a Coreia do Norte decidiu não responder às manobras.

Segundo o embaixador chinês na ONU, Wang Min, nos últimos dias as Coreias estiveram a ponto de entrar em guerra.

"Esperamos que possamos manter a calma", afirmou na terça-feira.

"Mas as divergências duram décadas, não são de ontem. É pouco provável que o problema possa ser resolvido em uma noite", acrecentou.

Na segunda-feira, Pyongyang aceitou o retorno dos inspetores nucleares da ONU que havia expulsado em abril de 2009, segundo o governador do estado americano do Novo México, Bill Richardson, que já foi embaixador do país na ONU. Ele fez uma visita de cinco dias ao país, que foi qualificada de "privada" por Washington.

Mas o gesto de aparente abertura, que segundo os analistas demonstra a vontade da Coreia do Norte de iniciar o diálogo com os Estados Unidos, recebeu até o momento uma reação cética de Washington.


Presidente Sul-Coreano Lee Myung-Bak

"Deixando de lado os discursos e a retórica, sabem o que devem fazer para que se transformem em um membro respeitado da comunidade internacional", declarou o porta-voz do presidente Barack Obama, Robert Gibbs, sobre os dirigentes norte-coreanos.

"As conversações multilaterais serão retomadas quando os norte-coreanos demonstrarem a vontade de mudar sua atitude", completou.

Em abril de 2009, Pyongyang abandonou as negociações multilaterais (que envolvem as duas Coreias, Japão, Rússia, Estados Unidos e China) e um mês depois executou o segundo teste nuclear de sua história.

Fonte: AFP