Em declarações à imprensa do avião presidencial Air Force One -- no qual Obama segue para a Filadélfia para fazer um discurso sobre política energética-- o porta-voz Jay Carney disse que "não é a primeira comunicação" que os EUA recebem do ditador líbio.
Segundo ele, um anúncio de cessar-fogo da coalizão dependerá de "atos, não de palavras" vindos do regime, especialmente do fim da violência contra o povo líbio e da saída de cidades que estão cercadas pelas forças leais a Gaddafi, como Misrata.
De acordo com Carney, estas condições foram establecidas por Obama quando este anunciou o início dos ataques aéreos na Líbia, em 19 de março.
A agência estatal líbia JANA informou que a carta dizia que os EUA se retiraram da aliança "cruzada, colonialista e hostil contra a Líbia", em uma suposta alusão à transição do controle das operações militares da coalizão à Otan.
O Exército americano retirou na segunda-feira (4) os aviões de combate mobilizados na campanha internacional na Líbia. O país pretende fornecer apenas aviões de abastecimento em voo e efetuar missões de interceptação e vigilância.
No mês passado, antes do início dos ataques para a imposição de uma área de exclusão aérea na Líbia, Gaddafi já havia enviado uma primeira carta a Obama, na qual pedia que ele não tomasse medidas contra o país árabe.
BATALHA
No fronte de batalhas, os rebeldes reclamam da pouca ajuda da coalizão internacional da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a quem acusam de ter permitido a morte de civis na cidade de Misrata, terceira maior do país.
Abdel Fattah Younes, líder das forças rebeldes, disse que a Otan é muito lenta para ordenar incursões aéreas para proteger civis, o que permite às forças de Gaddafi massacrar a população de Misrata.
"A Otan nos abençoa vez por outra com um bombardeio aqui e ali, e deixa o povo de Misrata morrer a cada dia. A Otan nos decepcionou", declarou ele aos repórteres nesta terça-feira.
Em resposta, autoridades da aliança declararam nesta quarta-feira que sua campanha aérea de seis dias agora se concentra em Misrata, único grande centro urbano no leste líbio onde a revolta popular contra Gaddafi não foi suprimida e sob bombardeio diário e fogo de atiradores de elite.
"A Otan tem um mandato muito claro das Nações Unidas e vamos fazer tudo para proteger os civis de Misrata", declarou a porta-voz adjunta da Otan, Carmen Romero.
A França saiu em defesa da intervenção militar na Líbia e afirmou que os ataques aéreos estão sendo atrasados por uma estratégia de Gaddafi de posicionar civis como proteção tática contra os ataques das aeronaves.
"Solicitamos formalmente que não haja danos colaterais para a população civil", afirmou ele à rádio France Info. "Isto obviamente torna as operações mais difíceis."
O chanceler francês admitiu, inclusive, um risco de estagnação das operações. "No terreno, a situação militar é confusa e indecisa", assinalou Juppé, ressaltando que as tropas do líder líbio atuam com caminhonetes e jipes, alvos mais difíceis de atingir a partir dos aviões.
Mas o francês afirmou também que, apesar do apoio ao rebelde Conselho Nacional de Transição da Líbia, a missão da coalizão internacional não é conquistar territórios.
Fonte: Folha
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