Os Estados Unidos aprovaram o uso de aviões não tripulados armados na Líbia, tendo como alvo as forças do líder Muamar Kaddafi, depois que o presidente dos EUA, Barack Obama, aprovou o uso das aeronaves, disse o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, na quinta-feira.

Os aviões não tripulados - que já são usados contra alvos militares na fronteira do Paquistão com o Afeganistão - permitirão ataques mais precisos contra as forças de Kadafi, disse Gates a jornalistas em entrevista coletiva.

A decisão foi tomada depois que o Otan na semana passada pediu mais aviões para ataques de maior precisão contra as forças de Kadafi. A Casa Branca fez o anúncio no mesmo dia em que o regime de Muamar Kadafi começou a entregar armas à população civil para combater uma hipotética invasão da Otan, segundo confirmou um porta-voz do governo, Musa Ibrahim, que indicou que "toda a população" conta agora com rifles e armas de rápido alcance.

Muitas cidades se organizaram com esquadrões para combater qualquer invasão da Otan, explicou Ibrahim. Se a Otan chegar a Misurata ou a qualquer outra cidade líbia, desencadearemos um inferno - ameaçou.

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Ibrahim advertiu que as tropas aliadas vão se deparar com "uma bola de fogo", e que a situação será "dez vezes pior que no Iraque". O porta-voz do regime esclareceu que não fizeram a distribuição de armas para os civis "lutarem contra os rebeldes", mas sim contra a Otan, se "tiver em mente ter acesso a região para ocupar qualquer cidade líbia".

As forças aliadas teriam diante de si, então, "não o Exército líbio", mas "tribos, homens e mulheres jovens". Os combates entre rebeldes e tropas do governo se intensificaram nos últimos dias em Misurata, o principal enclave rebelde no oeste do país e onde, segundo Ibrahim, o regime já controla 80%. Os rebeldes, ainda controlam o porto e as áreas próximas. O porta-voz do regime explicou que em Misurata não há um "equilíbrio" entre quem apoia o líder Kadafi e os que respaldam a rebelião desencadeada em fevereiro.

- Todas as tribos tanto dentro como fora de Misurata declararam estar ao lado do governo legítimo deste país - sentenciou, antes de ressaltar que estas comunidades estão "fortemente armadas".

De sua parte, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton assegurou que as tropas aliadas ao regime de Muamar Kadafi segue realizando ataques sujos contra a população civil líbia e que tem recebido alguns informes em que se assegura estejam sendo usadas bombas de fragmentação , proibidas pela comunidade internacional desde 2008.

Clinton pediu pela liberação imediata dos cidadãos americanos, principalmente, de dois jornalistas que continuam presos na Líbia.


Em visita a Rússia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao regime do dirator líbio para que cessem os ataques e os assassinatos de civis no país norte-africano. Ele destacou que a prioridade da instituição que representa é "conseguir o efetivo fim dos ataques para poder oferecer ajuda humanitária à população civil".

Já a França aumentou na última semana o número de incursões aéreas na Líbia, passando das cerca de 30 que fazia quando teve início a operação militar internacional para 41, segundo informações do Ministério da Defesa.

Os aviões franceses destruíram na última semana vários veículos militares e carros de combate das forças de Kadafi, perto da cidade de Misurata, bem como dois lançadores de mísseis terra-ar e um centro de comunicações na região de Sirte, disse um porta-voz.

Fonte: O Globo