O ataque complicou ainda mais a relação entre os insurgentes e a aliança atlântica, que enfrenta críticas por ter reduzido a intensidade dos ataques contra as forças leais ao ditador Muamar Kadafi.
O incidente ocorreu às 10h30 (hora local), na região de Brega, onde ativistas e militares lutam há sete dias. O general e chefe do Estado-Maior dos rebeldes, Abdelfatah Younes, afirmou que o ataque parece ter sido obra da Otan. "Nós estimamos que se trata de um ataque fratricida, conduzido pela Otan por causa de um erro", disse.
Segundo outro comandante das forças rebeldes, Ayman Abdul-Karim, o Estado-Maior da Otan estava informado sobre as manobras dos tanques em poder de insurgentes na região. Esta seria a primeira vez que tanques pesados T-55 e T-72 iriam para a frente de batalha lutar contra o regime.
"Fomos informados de que os carros iriam deixar Benghazi. Depois, que tinham chegado a Ajdabiya e, finalmente, que iriam avançar em direção a Brega", explicou. "Sofremos um revés hoje, mas nossas forças não são as responsáveis." Os rebeldes do leste da Líbia dispõem, segundo o CNT, de 400 carros blindados, mas outros estariam a caminho do front.
Em Nápoles, na Itália, o comando das operações da Otan divulgou uma nota oficial e prometeu investigar o ocorrido. "A situação é pouco clara, com armas mecanizadas viajando em todas as direções", afirmou o comunicado, em referência à situação nas cidades de Brega e Ajdabiya. "O que está claro é que a Otan continuará a proteger a população civil da Líbia."
Insatisfeitos, vários rebeldes saíram ontem às ruas de Benghazi, mais uma vez, para protestar contra a redução da intensidade da ofensiva da coalizão desde que os EUA decidiram abdicar da linha de frente dos ataques aéreos, há seis dias.
Eles pedem o auxílio do Ocidente para romper o impasse militar no entorno da cidade de Brega e para levar socorro às cidades de Misrata e Az Zintan, que estão sitiadas há semanas pelas tropas do regime.
Diplomacia. Em Paris, o governo da França deu a entender ontem que a questão em aberto nas discussões políticas é em que condições se dará a renúncia de Kadafi, e não se ela ocorrerá ou não. As declarações foram feitas pelo chanceler Alain Juppé um dia depois que ele admitiu que o conflito na Líbia caminhava para um impasse.
"Além da proteção da população civil, particularmente em Benghazi, nós já desestabilizamos Kadafi", afirmou Juppé. "Ele está desacreditado. O uso da força contra seu povo são a base dos pedidos de sua saída do poder."
As condições da eventual saída do ditador serão discutidas no dia 13 de abril, no Catar, onde chanceleres do "grupo de contato" da Líbia se reunirão, com a possível participação da União Africana.
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