Em lugar de abrir canais políticos para discutir o impasse na Líbia, como se esperava, chanceleres de mais de 40 países, reunidos ontem em Londres abriram a discussões para armar os rebeldes que lutam contra o regime de Muamar Kadafi. Os debates, ainda realizados nos bastidores, foram admitidos por representantes dos Estados Unidos e da França, dois países líderes da operação militar iniciada em 19 de março. Segundo norte-americanos e franceses, os insurgentes podem não conseguir derrubar o ditador líbio por conta própria.
As discussões sobre o aprovisionamento de armas aos rebeldes não constaram do comunicado final da reunião de chanceleres, mas foram a iniciativa mais importante do dia em Londres. A possibilidade foi evocada pela primeira vez pela embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Susan Rice, que afirmou em entrevista à rede de TV ABC que os objetivos dos Estados Unidos são "comprimir os recursos de Kadafi cortando seu dinheiro, seus mercenários e suas armas, e fornecer assistência aos rebeldes e à oposição".
A revelação repercutiu à tarde em Londres. À imprensa, o chanceler britânico, William Hague, tergiversou, afirmando que o fornecimento de armas aos rebeldes não esteve na pauta do evento "e não é parte de nenhum acordo hoje". Porém Alain Juppé, ministro das Relações Exteriores da França, não fugiu da polêmica. Segundo ele, a coalizão por enquanto se atém à aplicação da Resolução 1973 da ONU, mas está aberta ao tema. "Nós estamos prontos a discutir isso com nossos parceiros", disse, justificando a iniciativa com uma sentença: "Kadafi não tem futuro na Líbia".
No início da noite, a secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, confirmou que o debate está em curso, reiterando que o eventual fornecimento de armas seria legal. "Nossa interpretação é que a Resolução 1973 emenda ou substitui a absoluta proibição sobre armas para quem quer que seja na Líbia", afirmou. "Logo, poderia haver uma transferência legítima de armas se o país escolhesse fazê-lo."
A proposta deve abrir um novo flanco de críticas internacionais às operações da coalizão. China e Rússia denunciam que os bombardeios, agora liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Segundo o chanceler russo, Sergei Lavrov, os bombardeios de instalações e comboios militares líbios vão além da criação de uma zona de exclusão aérea e são ilegais porque visam a possibilitar o avanço das tropas rebeldes oriundas de Benghazi.
Ontem, Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro da Suécia - país que participa da coalizão com oito aviões Gripen -, também levantou suspeitas de abuso ao afirmar ao seu Parlamento que a missão sueca não irá além do respeito da zona de exclusão aérea. "Isso significa que os aviões suecos não estão autorizados a efetuar ataques ao solo", explicou.
Chanceleres defendem novas sanções
Entre os participantes do encontro em Londres houve pelo menos dois importantes consensos: Kadafi deve deixar o poder e novas sanções internacionais precisam ser adotadas com urgência. “Eles (os ministros) reafirmaram seu comprometimento com o reforço das restrições e sanções contra o regime e em agir para prevenir o suprimento e a operação de mercenários”, diz o documento final da conferência.
Além disso, os chanceleres anunciaram a criação de um “grupo de contato”, que incluirá representantes da coalizão. O grupo promete trabalhar na coordenação política com a ONU, com a União Africana, a União Europeia, a Liga Árabe e o Conselho Nacional de Transição (CNT). A próxima reunião dos chanceleres será em Doha, no Catar, em data ainda a ser confirmada.
Ontem, representantes do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão formado por rebeldes de Benghazi, apresentaram uma carta de compromissos que serão implementados em caso de deposição do governo de Muamar Kadafi. Segundo o texto, o grupo se compromete a convocar eleições livres. Além disso, os insurgentes manifestam o desejo de julgar o atual líder líbio. “Ele deve ser julgado pelos crimes contra o povo líbio. Isso não é negociável”, afirmou Chamsiddine Abdulmoula, porta-voz do CNT.
Em Londres, levantou-se suspeitas de que a carta tivesse sido “influenciada” pelo governo britânico. Além dessas dúvidas, os rebeldes sofreram ontem um baque, quando o comando da OTAN afirmou que serviços de inteligência em operações na Líbia advertiram para a presença - “não significativa” - de membros da Al-Qaeda entre a oposição. A Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI) já declarou seu “apoio e sua ajuda à revolução líbia”.
Fonte: Tribuna do Norte
As discussões sobre o aprovisionamento de armas aos rebeldes não constaram do comunicado final da reunião de chanceleres, mas foram a iniciativa mais importante do dia em Londres. A possibilidade foi evocada pela primeira vez pela embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Susan Rice, que afirmou em entrevista à rede de TV ABC que os objetivos dos Estados Unidos são "comprimir os recursos de Kadafi cortando seu dinheiro, seus mercenários e suas armas, e fornecer assistência aos rebeldes e à oposição".
A revelação repercutiu à tarde em Londres. À imprensa, o chanceler britânico, William Hague, tergiversou, afirmando que o fornecimento de armas aos rebeldes não esteve na pauta do evento "e não é parte de nenhum acordo hoje". Porém Alain Juppé, ministro das Relações Exteriores da França, não fugiu da polêmica. Segundo ele, a coalizão por enquanto se atém à aplicação da Resolução 1973 da ONU, mas está aberta ao tema. "Nós estamos prontos a discutir isso com nossos parceiros", disse, justificando a iniciativa com uma sentença: "Kadafi não tem futuro na Líbia".
No início da noite, a secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, confirmou que o debate está em curso, reiterando que o eventual fornecimento de armas seria legal. "Nossa interpretação é que a Resolução 1973 emenda ou substitui a absoluta proibição sobre armas para quem quer que seja na Líbia", afirmou. "Logo, poderia haver uma transferência legítima de armas se o país escolhesse fazê-lo."
A proposta deve abrir um novo flanco de críticas internacionais às operações da coalizão. China e Rússia denunciam que os bombardeios, agora liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Segundo o chanceler russo, Sergei Lavrov, os bombardeios de instalações e comboios militares líbios vão além da criação de uma zona de exclusão aérea e são ilegais porque visam a possibilitar o avanço das tropas rebeldes oriundas de Benghazi.
Ontem, Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro da Suécia - país que participa da coalizão com oito aviões Gripen -, também levantou suspeitas de abuso ao afirmar ao seu Parlamento que a missão sueca não irá além do respeito da zona de exclusão aérea. "Isso significa que os aviões suecos não estão autorizados a efetuar ataques ao solo", explicou.
Chanceleres defendem novas sanções
Entre os participantes do encontro em Londres houve pelo menos dois importantes consensos: Kadafi deve deixar o poder e novas sanções internacionais precisam ser adotadas com urgência. “Eles (os ministros) reafirmaram seu comprometimento com o reforço das restrições e sanções contra o regime e em agir para prevenir o suprimento e a operação de mercenários”, diz o documento final da conferência.
Além disso, os chanceleres anunciaram a criação de um “grupo de contato”, que incluirá representantes da coalizão. O grupo promete trabalhar na coordenação política com a ONU, com a União Africana, a União Europeia, a Liga Árabe e o Conselho Nacional de Transição (CNT). A próxima reunião dos chanceleres será em Doha, no Catar, em data ainda a ser confirmada.
Ontem, representantes do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão formado por rebeldes de Benghazi, apresentaram uma carta de compromissos que serão implementados em caso de deposição do governo de Muamar Kadafi. Segundo o texto, o grupo se compromete a convocar eleições livres. Além disso, os insurgentes manifestam o desejo de julgar o atual líder líbio. “Ele deve ser julgado pelos crimes contra o povo líbio. Isso não é negociável”, afirmou Chamsiddine Abdulmoula, porta-voz do CNT.
Em Londres, levantou-se suspeitas de que a carta tivesse sido “influenciada” pelo governo britânico. Além dessas dúvidas, os rebeldes sofreram ontem um baque, quando o comando da OTAN afirmou que serviços de inteligência em operações na Líbia advertiram para a presença - “não significativa” - de membros da Al-Qaeda entre a oposição. A Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI) já declarou seu “apoio e sua ajuda à revolução líbia”.
Fonte: Tribuna do Norte
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