
As discussões sobre o aprovisionamento de armas aos rebeldes não constaram do comunicado final da reunião de chanceleres, mas foram a iniciativa mais importante do dia em Londres. A possibilidade foi evocada pela primeira vez pela embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Susan Rice, que afirmou em entrevista à rede de TV ABC que os objetivos dos Estados Unidos são "comprimir os recursos de Kadafi cortando seu dinheiro, seus mercenários e suas armas, e fornecer assistência aos rebeldes e à oposição".

No início da noite, a secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, confirmou que o debate está em curso, reiterando que o eventual fornecimento de armas seria legal. "Nossa interpretação é que a Resolução 1973 emenda ou substitui a absoluta proibição sobre armas para quem quer que seja na Líbia", afirmou. "Logo, poderia haver uma transferência legítima de armas se o país escolhesse fazê-lo."
A proposta deve abrir um novo flanco de críticas internacionais às operações da coalizão. China e Rússia denunciam que os bombardeios, agora liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Segundo o chanceler russo, Sergei Lavrov, os bombardeios de instalações e comboios militares líbios vão além da criação de uma zona de exclusão aérea e são ilegais porque visam a possibilitar o avanço das tropas rebeldes oriundas de Benghazi.
Ontem, Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro da Suécia - país que participa da coalizão com oito aviões Gripen -, também levantou suspeitas de abuso ao afirmar ao seu Parlamento que a missão sueca não irá além do respeito da zona de exclusão aérea. "Isso significa que os aviões suecos não estão autorizados a efetuar ataques ao solo", explicou.
Chanceleres defendem novas sanções
Entre os participantes do encontro em Londres houve pelo menos dois importantes consensos: Kadafi deve deixar o poder e novas sanções internacionais precisam ser adotadas com urgência. “Eles (os ministros) reafirmaram seu comprometimento com o reforço das restrições e sanções contra o regime e em agir para prevenir o suprimento e a operação de mercenários”, diz o documento final da conferência.
Além disso, os chanceleres anunciaram a criação de um “grupo de contato”, que incluirá representantes da coalizão. O grupo promete trabalhar na coordenação política com a ONU, com a União Africana, a União Europeia, a Liga Árabe e o Conselho Nacional de Transição (CNT). A próxima reunião dos chanceleres será em Doha, no Catar, em data ainda a ser confirmada.

Em Londres, levantou-se suspeitas de que a carta tivesse sido “influenciada” pelo governo britânico. Além dessas dúvidas, os rebeldes sofreram ontem um baque, quando o comando da OTAN afirmou que serviços de inteligência em operações na Líbia advertiram para a presença - “não significativa” - de membros da Al-Qaeda entre a oposição. A Al-Qaeda do Magreb Islâmico (AQMI) já declarou seu “apoio e sua ajuda à revolução líbia”.
Fonte: Tribuna do Norte
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