O diretor da agência de inteligência (CIA) e provável futuro secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse acreditar que o governo do Iraque solicitará às tropas americanas que permaneçam no país após o fim de 2011, prazo previsto para sua retirada.

Panetta afirmou nesta quinta-feira estar seguro de que "um pedido como esse está por vir".

As declarações foram feitas perante o comitê de serviços armados do Senado dos Estados Unidos, que avalia a nomeação de Panetta à pasta da Defesa.

Os EUA têm atualmente cerca de 47 mil soldados no Iraque, mas nenhum deles permanece em papel de combate, apenas de treinamento e aconselhamento das forças de segurança locais. Segundo um acordo de 2008, essas tropas devem deixar o país até 31 de dezembro de 2011.

"Está claro para mim que o Iraque está considerando a possibilidade de pedir algum tipo de presença (de tropas)" após esse prazo, declarou o chefe da CIA.

Caso esse pedido ocorra, a resposta americana deve ser "sim", opinou Panetta, sem especificar quantas tropas deveriam permanecer no país árabe ou que atribuições elas deveriam ter.

Al-Qaeda
Segundo ele, ainda há cerca de mil membros da rede extremista Al-Qaeda no Iraque, e a situação no país permanece "frágil".

"Acho que devemos dar os passos que forem necessários para garantir a proteção de qualquer progresso que tenhamos feito."
Em abril, o atual secretário da Defesa, Robert Gates, que deve se aposentar em breve, também havia dito que as tropas americanas poderiam permanecer no Iraque depois do prazo de retirada, caso Bagdá assim solicitasse.

O correspondente da BBC em Washington Andrew North diz que é possível que os Estados Unidos estejam estimulando o governo iraquiano a solicitar a permanência militar americana.

Mas, caso o presidente Barack Obama de fato autorize a manutenção de tropas no Iraque além do prazo acordado, a medida provavelmente será vista como um retrocesso tanto por aliados quanto por opositores do democrata, aponta North.

A eventual permanência também despertará controvérsia no Iraque, onde têm crescido os ataques insurgentes contra bases americanas, em aparente tentativa de dissuadir os EUA de continuar no país árabe.

No início desta semana, cinco soldados americanos foram mortos no centro do Iraque, no que parece ser o incidente mais fatal envolvendo as tropas dos EUA no país nos dois últimos anos.

Em maio, o clérigo xiita e líder da milícia iraquiana Exército de Mehdi, Moqtada Al Sadr, disse à BBC que seus homens estão prontos para pegar em armas se as Forças Armadas americanas não cumprirem o acordo de sair completamente do Iraque até o fim do ano.

A invasão americana do Iraque, iniciada em 2003, custou centenas de bilhões de dólares e deixou até agora mais de 4,4 mil soldados americanos mortos e 32 mil feridos.

Fonte: UOL