Reunidos em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, os aliados que participam da operação da Otan na Líbia desde março atenderam aos apelos dos rebeldes por mais verbas e propuseram aumentar a ajuda internacional para até US$ 1 bilhão. Os opositores ao ditador Muammar Gaddafi tinham solicitado US$ 3 bilhões.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que as discussões com pessoas próximas a Gaddafi aumentaram o "potencial" para uma transição no poder, mas acrescentou: "ainda não há nenhuma maneira clara para avançar nisso".
O ministro das Relações Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, disse que, graças ao que ele classificou como múltiplas antenas próximas ao governo de Gaddafi, o fim do líder líbio pode "acontecer antes" do que o esperado.
Os caças da Otan bombardearam incansavelmente Trípoli enquanto os rebeldes falavam no encontro em Abu Dhabi que esperam recomeçar a produção de petróleo em pouco tempo.
Na ONU (Organização das Nações Unidas), o promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI) disse que as suas investigações mostram que há evidências de que Gaddafi criou uma política para violentar adversários.
Um inquérito sobre possíveis crimes de guerra pode ser um incentivo para Gaddafi se agarrar ainda mais ao poder, mas o presidente senegalês, Abdoulaye Wade, ofereceu ajuda para facilitar a saída de seu antigo aliado na União Africana do poder e fez um apelo pela sua renúncia.
"É do seu interesse e das pessoas da Líbia que você deixe o poder e nunca sonhe em voltar", disse Wade durante uma visita à base rebelde na cidade de Benghazi.
"Eu posso ser alguém que vai lhe ajudar a sair da vida política. O quanto antes você sair, melhor", acrescentou Wade, o primeiro chefe de Estado estrangeiro a visitar a cidade rebelde.
PLANO EM CINCO FASES
REBELDES
O Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político dos rebeldes da Líbia, apresentou um plano de transição ordenada para a democracia em cinco fases. Os rebeldes, que disputam o controle do país com as forças de Gaddafi, disseram que o processo acontecerá de forma "inclusiva, transparente e progressiva".
O ditador líbio, contudo, não dá nenhum sinal de que está disposto a renunciar, mesmo após quatro meses de guerra com os rebeldes oposicionistas (atualmente em um impasse) e dois meses da intervenção militar internacional contra seu regime.
O CNT, segundo documento obtido pela agência Efe, descreve cinco fases da mudança: o conflito atual, um período de estabilização, um para a construção de instituições políticas, uma etapa de transferência de poderes e uma última de planejamento e gestão.
O órgão reconheceu, contudo, a heterogeneidade da sociedade líbia, formada por diversas tribos, e garantiu que sua prioridade é a "coesão nacional" --incluindo as áreas hoje sob controle de Gaddafi.
O Conselho sugere ainda dar à sociedade civil poder de facto, descentralizando o regime e dando poder aos conselhos locais, organizados nas populações sob comando dos rebeldes para tratar dos problemas da população.
Fonte: Folha
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