
Em pronunciamento para oficiais brasileiros na Escola Superior de
Guerra, Panetta se comprometeu a realizar todos os esforços possíveis
para facilitar a transferência de tecnologia ao país com o qual deseja
uma "associação militar inovadora".
O anúncio foi uma resposta às reivindicações feitas na terça-feira,
24, pelo ministro de Defesa brasileiro, Celso Amorim, que em entrevista
coletiva concedida em Brasília após se encontrar com seu colega
americano, se queixou de que os Estados Unidos vendem equipamentos
militares ao Brasil, mas restringem o acesso à tecnologia.
"Há vezes em que os Estados Unidos têm um controle, eu diria que
exagerado, sobre suas tecnologias militares, mas estamos dispostos a
compartilhar mais com o Brasil", afirmou o secretário americano, que
realiza uma viagem por países sul-americanos que já o levou à Colômbia e
será concluída no Chile.
Ele acrescentou que essa transferência será facilitada pela aliança
estratégica que os países estão construindo já que o Brasil passará a
ser considerado como "nação aliada" dos Estados Unidos.
O responsável pelas Forças Armadas da maior potência militar mundial
disse que, apesar das restrições, os EUA aprovaram entre 2010 e 2011
cerca de 4 mil licenças de exportação de equipamentos controlados e
continuarão apoiando os "bons aliados e amigos".
"Os Estados Unidos e o Brasil têm que aumentar o comércio de altas
tecnologias nos dois fluxos e com transferência de tecnologia", disse
Panetta, cuja agenda no Rio de Janeiro também incluiu a entrega de uma
oferenda no Monumento aos Heróis da Segunda Guerra Mundial.
O secretário mencionou especificamente o caso dos caças Super Hornet
F/A-18 e disse que os Estados Unidos transferirão a tecnologia destas
aeronaves caso o Brasil faça com a americana Boeing um contrato de
compra desses aviões militares.
Na licitação brasileira para a compra dos 36 aviões de combate também
participam a companhia francesa Dassault, com seus caças Rafale, e a
sueca Saab, com o modelo Gripen.
"O Congresso já garantiu total apoio para que os Estados Unidos
compartilhem a tecnologia dessas aeronaves caso o Brasil as adquira. É
um monopólio que só damos a nossos aliados mais próximos", afirmou.
Panetta disse que os Estados Unidos querem acordos de cooperação
militar com o Brasil por considerar que o país é um aliado estratégico
para ajudar a garantir a segurança regional.
O secretário americano veio ao Brasil para participar ao lado de
Amorim da primeira reunião do comitê binacional de cooperação em
assuntos de defesa, cuja criação foi estipulada há três semanas em
Washington entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e a presidente
Dilma Rousseff.
"Vemos o Brasil como um país que está assumindo o papel que lhe
corresponde como líder global e por isso queremos uma associação
diferente às que tínhamos antes", afirmou.
O secretário admitiu que seu país tinha a impressão de que poderia
garantir a segurança hemisférica sem nenhuma ajuda e que hoje, para
poder concentrar seus esforços em outras regiões com crise como o
Oriente Médio e Ásia, quer alianças com países do continente americano
com os quais compartilha valores.
"Hoje sabemos que um Brasil mais forte militarmente e mais
comprometido como líder global pode cooperar e por isso queremos
ajudá-lo a desenvolver sua capacidade para garantir segurança,
compartilhar exercícios e tecnologias", disse.
Panetta afirmou que o Brasil e os Estados Unidos têm desafios comuns
no continente, entre os quais mencionou o narcotráfico e a atenção aos
desastres nucleares, e disse que a melhor forma de enfrentá-los é com
uma ação conjunta.
Ele acrescentou que a base da associação militar que os países
desejam construir é precisamente o interesse comum de querer garantir a
paz e a segurança mundial neste século.
Fonte: Estadão
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