Luíz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, em Exu, Pernambuco. Luiz porque era dia de Santa Luzia, Gonzaga por sugestão do vigário que o batizou, e Nascimento por ser o mês em que Maria deu à luz Jesus. Ele era filho de Ana Batista de Jesus, conhecida como Santana, cabocla bonita, descendente, embora não totalmente reconhecida, dos Alencar, fundadores da cidade de Exu e de Januário José dos Santos, o único tocador de sanfona da região. Assim, na hora do batizado, seu sobrenome acabou destoando dos outros irmãos, sem o Januário dos Santos.

Segundo dos nove filhos do casal. Com sete anos, Gonzaga já pegava na enxada, trabalhando na lavoura, e nas horas vagas ficava vendo o pai tocar sanfona e ia aprendendo a gostar do instrumento. Seu pai, além de tocador de fole, era também consertador de instrumentos e incentivava nos filhos o gosto musical, o que resultou que em sua casa a música fosse uma fonte de distração e divertimento. Aos 8 anos (1920), substituiu um sanfoneiro em uma festa tradicional da fazenda onde viva e recebeu seu primeiro cachê. Depois disso passou a ser comum receber cachê para cantar e tocar a noite inteira em festas da região.

Com o pai a afinação dos foles de oito baixos. Por causa de uma enchente, a família se mudou para Araripe (1920) e lá sob a ‘proteção’ do patrão de seu pai, conhecido como Sinhô Aires, aprendeu as primeiras letras através dos ensinamentos das filhas do fazendeiro.

Luiz Gonzaga conseguiu comprar sua primeira sanfona aos 13 anos (1926) com dinheiro emprestado por ‘Sinhô Aires’. Era um empréstimo de 60 mil réis, que juntou com outros 60 mil que também havia juntado. Adquiriu um fole Kock de oito baixos. Gonzaga já ganhava mais que o pai, mas não tanto para comprar sozinho o fole, muito acima de suas posses. Combinou de não receber salário e assim pagar o emprestimo. A sua primeira sanfona, era da marca "veado" adquirida em Ouricuri, cidade pernambucana.

Ainda jovem costumava animar bailes em diferentes localidades como Granito, Baixio dos Doidos, Rancharia e Cajazeiras. Em geral cobria a distancia entre estas cidades a pé, o que lhe levava a caminhadas de mais de vinte léguas (A légua imperial é a maior unidade do sistema imperial de medidas. Esta é a única légua que tem uma definição e equivalência exatas, pois equivale cabalmente a 4,828032 quilômetros). Nesta época já acalentava o desejo de ser artista.
Em meados de 1929, antes de completar dezoito anos, um fato mudaria a trajetória de sua vida. Luiz Gonzaga conheceu Nazarena, apaixonara-se por uma menina de família ‘branca’ e tradicional na região. Eles começaram a namorar às escondidas e o pai da mesma não permitiria o namoro por considerar Gonzaga um ‘sanfoneirozinho sem futuro’.

Num dia de festa na cidade, depois de beber um pouco, Luiz Gonzaga foi tirar satisfação com o ‘ex-futuro sogro’ portava a sua ‘peixeira’ no cós (como era comum a época). Assim Luiz foi tirar satisfações com o Coronel, que conhecido de sua família e que foi falar com sua mãe de sua ‘audácia’. Esse disse a ela que somente não o matara em respeito a ela.

Luiz levou uma surra exemplar da mãe e resolveu fugir de casa, dirigindo-se para a cidade de Crato no Ceará.

Lá, vendeu a sanfona para pegar um trem até Fortaleza, a capital cearense, onde entrou para o 23º Batalhão de Caçadores, depois de aumentar a idade para entrar no exército. Assim virou o Soldado Nascimento. Correria o país em missões militares durante a Revolução de 1930. (A participação de Luiz Gonzaga na Revolução de 1930 em Sousa-PB, como soldado do exército do 23º Batalhão de Caçadores de Fortaleza-CE, consta em entrevista que o mesmo prestou ao Museu da Imagem e do Som, MIS, de Juiz de Fora-MG - O teor integral da conferência foi divulgado em 1997 na revista AZ editada pela Fundação Cultural Alfredo Lage (Funalfa))

Em janeiro de 1931, o contingente do soldado Luiz Gonzaga é novamente mobilizado para o interior do Ceará defender fronteiras, prender cangaceiros e coronéis coiteiros destes. Nessa ocasião, Januário reencontra Luiz Gonzaga no Crato, pela primeira vez depois da fuga de casa.

Em 1932, depois de atuar no Pará e no Piauí, dando ordem em quartéis rebelados, o soldado Luiz Gonzaga é transferido para o Rio de Janeiro. De lá, segue para Minas Gerais, onde ele passa o maior tempo do seu tempo de vida militar, cerca de nove anos, no quartel de Juiz de Fora.  Nas horas de folga, não deixava de ouvir músicas no rádio. No 23º Batalhão de Caçadores (foto acima) então, virou soldado-corneteiro ‘122’ e ganhou o apelido de "Bico de aço" (1935).

Algum tempo depois, transferido para o sul de Minas e já servindo no Sudeste, prestou prova para sanfoneiro da banda da Polícia Militar de Minas Gerais, mas foi reprovado por desconhecer a escala musical. Aprendeu a tocar sanfona de 120 baixos com um soldado chamado Domingos Ambrósio. Foi por intermédio de Ambrosio que Luiz Gonzaga foi apresentado a ritmos do sul do país, como polcas, valsas, boleros, rancheiras, tangos e outros ritmos. Por essa época, servindo em Juiz de Fora, costumava tocar em festas nas horas de folga. (Luiz Gonzaga é o segundo da esquerda para direita de pé com a sanfona)
  
Logo em 1937, foi transferido para Ouro Fino, onde conheceu o advogado Raul Apocalipse, que organizava festas no Clube Éden local, e convidou Gonzaga para apresentar-se, propiciando-lhe a primeira oportunidade para tocar diante de um público urbano. O soldado Luiz Gonzaga estréia em palco tocando sanfona, cantando sucessos dos ídolos Carlos Galhardo, Augusto Calheiros, Antenógenes Silva, Almirante.
Em 1938 desconfiando de ter sido vítima de um golpe de um caixeiro viajante que lhe vendeu uma sanfona branca de 80 baixos à prestação, que seria entregue em São Paulo quando o pagamento acabasse. Segue para aquela cidade em busca da loja. La descobre ter sido realmente enganado. Para sua sorte o italiano dono do hotel, onde ele se hospedara, lhe vende por 700 mil réis, a sanfona do filho, uma ‘Horner’ branca de 80 baixos, cujo filho do italiano não tinha mais saúde para tocar o instrumento.

Ao completar dez anos de exército (1939), teve de dar baixa, pois segundo o regulamento não se permitia soldados com mais de 10 anos de serviço. No mesmo ano seguiu para o Rio de Janeiro, onde pegaria um navio de volta para Pernambuco. No Rio de Janeiro fez sua primeira apresentação em um palco, no Cabaré O Tabu, na Rua Men de Sá. Depois, conheceu o ex-marinheiro e violonista Xavier Pinheiro, que tocava na noite e apresentava-se em programas na Rádio Vera Cruz. Passou a apresentar-se no Bar Espanhol, no Mangue, zona de baixa prostituição carioca, além de tocar em festas de subúrbio, bares da Lapa e também nas docas, onde corria o chápeu para arrecadar uns trocados.

Começou a aprimorar seu repertório tocando músicas da moda, como tangos, valsas e foxtrotes. No início da década de 40 comprou uma sanfona de 120 baixos e foi apresentado por Xavier Pinheiro a Antenógenes Silva, o mais famoso acordeonista da época, com quem começou a estudar.

No ano seguinte, enquanto tocava em uma casa de shows no Mangue, foi desafiado por um grupo de estudantes nordestinos a tocar algo que os lembrasse sua terra. Luiz Gonzaga compôs “Pé de Serra” e “Vira e Mexe”. Com estas duas canções, foi aplaudido não só pelo grupo, mas também por todos os que o ouviram tocar (inclusive os passantes na rua).

Em 1941, assinou contrato com uma gravadora pela qual gravou vários álbuns (sem cantar). Em 1942, o sanfoneiro fez um sucesso estrondoso nas rádios do país. Em 1944, despedido da Rádio Tamoio, foi contratado pela Rádio Nacional, ambas do Rio de Janeiro, e ficou conhecido pelo apelido de ”Lua” devido a sua cara redonda, apelido que seria popularizado por César de Alencar e Paulo Gracindo na Rádio Nacional. Em 1945, gravou o primeiro disco no qual tocava e cantava.

Em 1946, Luíz “Lua” Gonzaga gravou “No Meu Pé de Serra”, em parceria com Humberto Teixeira, e seu nome ganhou fama mundial. Este também foi o ano de seu regresso a Exu.

Em 1947, gravou “Asa Branca”, que fez parte da trilha do filme “Nancy Goes To Rio” - “Romance Carioca”. Esta foi a primeira de muitas gravações para a RCA Victor, cujas 17 prensas trabalhariam exclusivamente para ele.

Já Em 50, Gonzaga conquista o título de Rei do Baião, após uma apresentação em São Paulo.