Aliados querem investigar a infiltração de ativistas talibãs
entre afegãos recrutados para receber treinamento. Só neste ano, 45
membros das tropas aliadas foram mortos por soldados afegãos.
As forças militares norte-americanas no Afeganistão anunciaram neste
domingo (02/09) a suspensão temporária do treinamento de mil novos
recrutas da Polícia Local Afegã (ALP, na sigla em inglês). A decisão se
dá em meio a um aumento do número de ataques de rebeldes infiltrados
contra soldados aliados do Ocidente – muitas vezes, seus próprios
treinadores.
"Suspendemos de maneira temporária a formação de recrutas para
investigar os laços entre rebeldes e soldados. Estamos muito preocupados
com os últimos ataques", explicou o porta-voz da Otan no Afeganistão,
James Graybal. Segundo o diário The Washington Post, cerca de
27 mil integrantes das forças de segurança do Afeganistão estão sendo
investigados por ligações com o movimento de insurgência.
Falta de confiança
Ataques de rebeldes infiltrados mataram 45 membros das tropas da Otan
ao longo deste ano, sendo 15 só no mês passado. Os aliados têm alertado
seus soldados a andarem sempre com armas carregadas, em uma tentativa de
evitar esses ataques.
Na quarta-feira passada, um homem que vestia o uniforme do Exército
afegão matou três soldados australianos na província de Uruzgan, no sul
do Afeganistão. O aumento de casos obrigou esta semana o presidente
afegão, Hamid Karzai, a destituir o chefe dos serviços de inteligência,
Rahmatulá Nabil, suspeito de ter facilitado a penetração de talibãs nas
forças de segurança.
A ALP é uma milícia que foi montada há dois anos pelos norte-americanos
em vilarejos em que a força policial afegã – treinada pela Otan – é
mais fraca. Mas a ALP tem sido alvo de acusações de abuso e de
corrupção.
O grupo foi criado pelo general norte-americano David Petraeus,
substituído no ano passado pelo general John Allen no comando das forças
estrangeiras. Allen disse acreditar que cerca de um quarto dos
assassinatos originados de dentro do grupo tem ligação com os talibãs,
que têm conseguido infiltrar agentes nas forças de segurança afegãs. O
restante, segundo ele, seria motivado por outras razões, como brigas
internas.
Os ataques internos têm sido particularmente problemáticos num momento
em que os planos de segurança para transição começam a entrar em curso.
Entre eles, está a meta das tropas internacionais de deixar o
Afeganistão até o fim de 2014. Atualmente, há cerca de 130 mil soldados
da Otan e dos Estados Unidos lutando contra a insurgência talibã e
treinando forças de segurança.
Ataques suicidas
Ainda no sábado (01/08), 12 pessoas morreram e 59 ficaram feridas em
dois ataques suicidas no centro do Afeganistão, nas proximidades de uma
das maiores bases da Otan no país, enquanto dois soldados
norte-americanos foram mortos em um incidente separado na província de
Ghazni. Os talibãs assumiram a responsabilidade pelos ataques.
Fonte: DW
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