Ilustração mostra dinossauros, lagartos e cobras, entre eles o Obamadon (em primeiro plano) que habitavam a Terra no Cretáceo e foram dizimados pelo impacto de um asteroide, visto ao fundo Carl Buell


Confira cinco extinções em massa que atingiram mais de 50% de toda a vida na Terra.


Alvo de profecias apocalípticas baseadas em uma suposta previsão feita pelos antigos maias, a sexta-feira, dia 21 de dezembro de 2012, passou como um dia comum na Terra. 


Para decepção dos supersticiosos, o fim do mundo não veio (pelo menos desta vez...). Mas isso não quer dizer que o planeta nunca passou por catástrofes que por pouco não dizimaram todos seus habitantes. Nos últimos 500 milhões de anos, pelo menos cinco extinções em massa atingiram mais de 50% de toda a vida na Terra. 


Suas causas foram variadas e, em alguns casos, ainda são objeto de debate e dúvida entre os cientistas. 


Saiba a seguir mais um pouco sobre estes eventos de fato apocalípticos e veja por que alguns cientistas acreditam que estamos atravessando outro período de grande perda da biodiversidade, desta vez com ajuda da mão do homem.


A extinção em massa do Ordoviciano-Siluriano:


Ocorrida entre 450 e 440 milhões de anos atrás, a primeira grande catástrofe planetária conhecida se seguiu à chamada explosão cambriana, período marcado por um rápido aumento na diversidade de formas de vida na Terra, naquela época ainda restrita aos oceanos. 


Suas vítimas mais conhecidas são os trilobitas e náutilos, cujos fósseis podem ser encontrados em diversas regiões do mundo. 


Segundo as estimativas, mais de 60% de todos invertebrados marinhos morreram, provocando a extinção de 27% de todas as famílias e 57% de todos os gêneros animais então existentes.


Os cientistas acreditam que ela foi provocada por mudanças climáticas associadas ao deslocamento do então continente de Gondwana rumo ao Polo Sul, o que levou a um forte esfriamento do planeta. 


A glaciação decorrente acarretou numa grande baixa no nível do mar, afetando os habitats destes animais nas plataformas continentais e mudando a química dos oceanos.


A extinção do Devoniano Superior:


Há 375 milhões de anos, a vida no planeta já tinha evoluído muito. Plantas, insetos e anfíbios habitavam as massas de terra, enquanto peixes nadavam entre recifes construídos por corais e estromatólitos. 


Esta grande extinção parece ter atingido apenas a vida marinha, mas com força: cerca de 70% das espécies existentes desapareceram, incluindo os últimos trilobitas e os corais, que só ressurgiram no Mesozoico, a era dos dinossauros, mais de 100 milhões de anos depois.


Ao todo, as estimativas são de que 19% das famílias e 50% dos gêneros animais foram extintos. A culpa, novamente, teria sido das mudanças climáticas, com os continentes de Uramerica e Gondwana aos poucos se aproximando para formar o supercontinente de Pangeia e deflagrando mais uma intensa Idade do Gelo.


A “Grande Morte” do fim do Permiano:


Maior extinção em massa conhecida, ela aconteceu há cerca de 250 milhões de anos e por pouco não dizimou a vida no planeta: estimativas apontam que até 96% de todas as espécies desapareceram. 


É a única que se sabe ter atingido até mesmo animais considerados mais resistentes, como os insetos, e todos seres vivos hoje existentes descendem justamente dos apenas 4% que sobreviveram à apelidada “Grande Morte”.


No fim do Permiano, o supercontinente de Pangeia já tinha se formado e era habitado por uma grande variedade de répteis e anfíbios, assim como plantas, enquanto os oceanos abrigavam enorme riqueza de vida. 


O desastre foi tamanho que demorou 50 milhões de anos para a biodiversidade se recuperar em terra e 100 milhões de anos no mar.


As causas da mortandade ainda são objeto de intenso debate entre os cientistas: para alguns, ela seria resultado de prolongadas e maciças erupções vulcânicas na atual região da Sibéria, cujas marcas podem ser vistas até hoje, que teriam reduzido a concentração de oxigênio na atmosfera e provocado intensas alterações no clima. 


Já outros desconfiam do impacto de um asteroide gigantesco, enquanto muitos acreditam que ela só poderia ter acontecido devido à liberação catastrófica de gases-estufa, como o metano, que estavam presos no leito oceânico, que teria provocado mudanças climáticas nunca antes vista.


A extinção do Triássico-Jurássico:


Ao fim do período Triássico, há cerca de 205 milhões de anos, novamente uma grande variedade de répteis dominava a terra e os oceanos. 


As marcas da Grande Morte, no entanto, ainda estavam presentes, e estes animais em nada lembravam os que existiam no Permiano. Não havia, por exemplo, grandes predadores. 


Árvores coníferas primitivas também já tinham se desenvolvido, assim como os sapos, lagartos e até mesmo os primeiros mamíferos.


Os cálculos apontam que cerca de 48% de todos gêneros animais foram destruídos nesta extinção, incluindo até 80% dos quadrúpedes terrestres, mas sua causa permanece um mistério. 


Alguns cientistas destacam, no entanto, que ela coincide com o começo da separação de Pangeia nos megacontinentes de Laurasia e Gondwana, o que gerou um grande fluxo de lava na região do que é hoje o fundo do Oceano Atlântico. 


Também há registros de uma forte e abrupta elevação na concentração de dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa, na atmosfera, que atingiu pelo menos oito vezes os níveis atuais, o que novamente coloca mudanças climáticas na lista de suspeitos.


O fim dos dinossauros:


Mais conhecida e estudada extinção em massa, ela ocorreu no fim do período Cretáceo, há 65 milhões de anos, e foi responsável pelo desaparecimento dos dinossauros. 


Estes répteis gigantes, porém, não foram as únicas vítimas do extermínio, também chamado de extinção K/T: praticamente todos os animais terrestres com mais de cinco quilos de massa foram dizimados, incluindo o recém-descoberto lagarto Obamadon gracilis, batizado em homenagem ao presidente americano Barack Obama; a vida nos mares tropicais desapareceu; e as plantas também foram seriamente afetadas.


Naquela época, os continentes já tinham basicamente a mesma configuração de hoje, mas apesar disso durante muito tempo uma intensa atividade vulcânica na área da Índia era a principal suspeita da extinção em massa. 


A ideia ainda é defendida por alguns cientistas, mas o consenso geral é de que os dinossauros foram vítimas do choque de um asteroide na região de Chicxulub, na atual da Península de Yucatán, México, que teria lançado uma grande nuvem de material na atmosfera, bloqueando a luz do Sol e matando as plantas.


Com isso, os animais herbívoros também morreram, levando consigo seus predadores desestabilizando a biosfera. 


O fim dos dinossauros, no entanto, abriu caminho para o aparecimento do homem, já que os pequenos mamíferos existentes estariam melhor adaptados para enfrentar o longo inverno que se seguiu à colisão cósmica.


Uma nova extinção em massa causada pelo homem?


Para alguns pesquisadores, o mundo atravessa atualmente outra extinção em massa, que estaria tendo ajuda da ação do homem. 


Nosso período geológico, o Pleistoceno, começou há 1,8 milhão de anos e está marcado por um revezamento de idades do gelo e épocas mais quentes. 


A última destas idades do gelo acabou entre 11 mil e 8 mil anos atrás, justo quando o Homo sapiens começou a dominar a Terra e a maior parte dos grandes mamíferos, como os mamutes, os tigres-dentes-de-sabre e preguiças gigantes desapareceram.


Para estes cientistas, a caça indiscriminada estaria por trás do seu fim. Eles também defendem que a ocupação humana está dizimando áreas selvagens por todo planeta, eliminando um grande número de espécies antes mesmo delas serem descritas. 


Segundo Richard Leakey, um dos mais respeitados paleontólogos do mundo, o mundo está perdendo algo entre 50 mil e 100 mil espécies de plantas, animais e insetos por ano, um ritmo visto apenas nas outras extinções em massa conhecidas.