A Capitania dos Portos do Ceará alerta para o risco de se ancorar uma
embarcação na enseada do Mucuripe, onde foi registrado o ataque a
tripulantes do iate Atlantis, na madrugada da última segunda-feira. “O
trânsito de embarcações na enseada é muito grande. Seja de pescadores ou
não. Qualquer embarcação de maior porte é alvo de atenção. O grande
equívoco foi atracar numa região perigosa, ao invés de procurar um local
seguro. Foi como estacionar um carro no meio da rua, na entrada de uma
favela”, compara o capitão-de-corveta Reinaldo Cerqueira Azevedo, da
Capitania dos Portos do Ceará.
O representante da Marinha do
Brasil definiu o assalto ao Atlantis como uma ação “orquestrada e
planejada”. Pescadores que trabalham na área confirmam que a região é
perigosa. Eles dizem que é comum ocorrerem ações criminosas.
“Sempre
acontece dessas arrumações aqui. Eles costumam agir de madrugada,
quando os vigias estão dormindo. Levam nosso material de pesca e até a
caixa de peixes”, denuncia um dos homens, que logo é advertido por outro
pescador. “Rapaz, tu já tá falando demais. Depois te matam. Aí, já viu.
Se eu fosse você, ficaria calado. Estou avisando”. Foi o bastante para
que a conversa fosse encerrada.
Na manhã de ontem, O POVO foi
até o Mercado dos Peixes, na avenida Beira Mar, próximo à enseada onde o
iate estava atracado no momento do crime. No local, foram poucos os
pescadores que aceitaram falar sobre o assunto. A maioria, porém,
confirmou a elevada incidência de assaltos na região.
Apesar
de afirmarem que a região é violenta, os pescadores reconhecem que o
ataque ao iate teve um caráter inusitado. “Desse jeito, de duas
quadrilhas invadirem o mesmo barco para assaltar, eu nunca vi, não”,
contou o pescador Antônio Ribeiro, de 58 anos.
BPTur nega ocorrências
Comandante
do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), da Polícia Militar, o
coronel Cláudio Mendonça rebateu as criticas quanto ao policiamento na
região do Mucuripe. Segundo ele, apesar da segurança de embarcação que
esteja no mar seja da Polícia Federal, não há histórico de assaltos às
embarcações na área.
“Está praticamente zerado o índice de
crimes na região, incluindo o calçadão, que é altamente policiado.
Nenhuma demanda que nos chega fica sem encaminhamento, sem solução.
Nunca nos chegou denúncia de que tenha sido subtraído material de pesca.
Nenhum pescador nos procurou porque teve a rede roubada ou algo do
gênero”, disse Mendonça.
Ainda ontem, O POVO foi até o píer do
Marina Park Hotel, onde om iate Atlantis continua ancorada desde o
assalto. Comandante do iate, Edson Quaglio não estava no local.
Tripulantes afirmaram que não estavam autorizados a conceder
entrevistas, mas adiantaram que não há previsão para que o Atlantis
deixe a Capital. (colaborou Lusiana Freire)
ENTENDA A NOTÍCIA
Pescadores
afirmam que é comum a incidência de assaltos na região do Mucuripe,
tanto no mar, quando no calçadão. A Capitania dos Portos confirma que
local é “área de risco”. A PM afirma, porém, que criminalidade na área é
baixa.
Saiba mais
O
comandante do iate Atlantis, Edson Quaglio, disse que a embarcação foi
atacada por duas quadrilhas distintas, quase ao mesmo tempo, na
madrugada da última segunda-feira (26).
A Invasão ocorreu no momento em que os seis tripulantes dormiam. Todos foram rendidos e amarrados.
O iate estava de passagem por Fortaleza, ancorado no Mucuripe. Partiu de Santos (SP) e seguiria para São Luís (MA).
Capitania dos Portos recomenda que embarcações que chegam à Capital atraquem em píeres como os do Marina Park ou Iate Clube.
Fonte: O Povo
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