O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira que a decisão do Federal Reserve de manter o ritmo do programa de estímulo monetário pode levar o Banco Central brasileiro a diminuir a intensidade da intervenção no mercado de câmbio.
O BC lançou no fim de agosto um plano diário de intervenção no mercado de câmbio, com potencial de 60 bilhões de dólares até o final do ano, para conter a escalada da moeda-norte americana.
O programa foi lançado após o dólar bater em 2,45 reais, a maior cotação em quase cinco anos, diante da expectativa do mercado de que o Fed reduziria o estímulo monetário, enxugando a liquidez mundial, provocando uma correção nos ativos financeiros em todo o mundo.
Nesta quarta-feira, depois do anúncio do Fed, o dólar fechou em queda 2,89 por cento, a 2,1942 reais na venda, menor patamar desde o fim de junho.
"Provavelmente o Banco Central poderá diminuir a sua intervenção", afirmou o ministro da Fazenda a jornalistas, em São Paulo, na noite de quarta-feira.
Ao ser questionado se entende que a autoridade monetária utilizará todo os 60 bilhões dólares do programa, diante da nova realidade imposta pelo Fed, Mantega respondeu: "Acredito que não, mas é importante que ele tenha esse trunfo no bolso do colete."
A desvalorização da moeda norte-americana foi vista pelo ministro como um sinal de que o mercado poderá atravessar um período de menor volatilidade.
"A valorização do real em relação ao dólar significa que pode estar havendo uma redução da volatilidade, o que é muito bom para o ambiente de negócios", afirmou o ministro.
Para Mantega, a própria expectativa de que o Fed continuará injetando grande liquidez nos mercados deve contribuir com o desempenho da economia brasileira diante de sinais de força da atividade.
"É possível pensar em um crescimento econômico um pouco superior a 2,5 por cento neste ano", afirmou o ministro.
 

 Da Reuters