Quando um surto inesperado de energia provocou o pior acidente nuclear
da história em Chernobyl, quase um 250 mil trabalhadores da construção
civil arriscaram a vida para construir um “sarcófago” de proteção em
torno do reator danificado. Foi uma ação provisória – e agora, quase 30
anos após o acidente, um dos maiores projetos de engenharia da história
está a caminho de protegê-lo.
A BBC explica o projeto de US$ 2 bilhões para proteger o sarcófago de
metal decadente usando um escudo de metal ainda maior chamado Novo
Confinamento Seguro, ou NSC (na sigla em inglês). Para simplificar, o
NSC é um arco enorme de aço projetado para proteger a região ao redor
caso o sarcófago de 27 anos de idade entre em colapso. O design foi
proposto em 1992 por uma equipe de engenheiros britânicos, mas o
planejamento durou mais de uma década – o projeto atualmente está pela
metade, e a expectativa é que ele esteja pronto em 2015.
Diversos
motivos explicam a demora para levantar e fazer o NSC funcionar. O
primeiro é a escala deste escudo protetor com 90 metros de altura. Como
ele vai cobrir o sarcófago existente, o arco precisa ser grande o
bastante para ser lar da Estátua da Liberdade e largo o suficiente para
acomodar um campo de futebol. Ele está sendo construído por milhares de
trabalhadores e engenheiros de todas as partes do mundo, cada um deles
com um limite de exposição mensal e anual baseado em onde, e por quanto
tempo, trabalham no local.
Mas não é apenas a escala que é extraordinária – a forma incomum como
ela será construída também, já que o sarcófago ainda é radioativo
demais para a presença humana. O ponto crucial do programa – o motivo
por ele ter sido escolhido em 1992 – é o fato de que será montado em
outro lugar e então levado até o sarcófago atual usando vias férreas.
A
estrutura de 26.000 toneladas está sendo montada a milhares de
quilômetros de distãncia do Reator 4, ajudando a limitar a exposição a
radiação dos trabalhadores.
Não é tão simples como colocar a tampa em uma caneta, no entanto. A
principal complicação envolve uma chaminé metálica acima do Reator 4,
que precisa ser removida antes do arco ser colocado. Os operários só
podem passar algumas horas no local do reator antes de chegarem ao
limite de exposição a radiação, e por isso o progresso da obra é bem
lento.
'O trabalho começou com a remoção de partes com mais de 50 toneladas
cada. Elas precisam ser cortadas com cortador de plasma por equipes de
dois homens e ser removidas por guindastes – um processo estressante. Se
o guindaste falha, ou um operador errar o cálculo, e a parte cair no
reator, isso poderia lançar uma nova nuvem de poeira radiativa na
atmosfera.'
Apesar do tamanho da estrutura, ela será apenas um band-aid: projetada
para durar cerca de 100 anos, é uma solução mais sofisticada para um
problema que cientistas ainda não sabem como resolver. A esperança é que
no próximo século já teremos a tecnologia necessária para extrair o
reator e o combustível vazado e depositá-lo em algum lugar mais seguro.
Do MSN
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