Após se reunir com a premiê do Bangladesh, Sheikh Hasina, Vladimir Putin anunciou que a Rússia vai conceder a este país um crédito no valor de $1 bilhão, destinado à aquisição de armamentos. Se trata da venda de helicópteros, materiais para a defesa antiaérea e a infantaria.

Provavelmente, os helicópteros serão uma das versões modificadas do Mi-17, o helicóptero de fabrico russo mais popular no mercado internacional de exportações. Países de escassos recursos, como é o caso do Bangladesh, não se podem permitir o luxo de comprar helicópteros de combate novos, como os Mi-35, Mi-28 e Ka-52.
É igualmente provável que o Bangladesh adquira um lote, não muito grande, de mísseis de defesa antiaérea de médio ou curto alcance, como os Buk ou Pechora 2, ou sistemas de defesa antiaérea portáteis. O fornecimento de carros de combate é pouco provável: recentemente o Bangladesh concluiu um contrato de compra de MBT-2000 chineses. No entanto, é bem possível que este país asiático opte por comprar veículos blindados ligeiros de fabrico russo, por exemplo, os BTR-80/82 ou BMP-3.
Atualmente, no mercado de Bangladesh predomina a República Popular da China que, nos últimos anos, concluiu com Daca vários contratos. A China, assim como a Rússia, tem em conta as reduzidas possibilidades financeiras do Bangladesh e tenta fornecer material bélico a este país com base em condições privilegiadas. Em 2011, o Exército do Bangladesh anunciou a aquisição à China de 44 carros de combate MBT-2000 e de três veículos blindados de resgate e evacuação, no valor de $160 milhões. Também foi concluído um contrato que prevê a compra de 16 caças J-7BGI. Segundo este contrato, os chineses concederam cerca de 50% (!) de desconto, tendo o custo de uma unidade deste material blindado constituído apenas $5,85 milhões. A China fornece ainda lanchas de patrulha, bem como modelos novos de armamento naval, incluindo mísseis antinavio para a Marinha de Guerra do Bangladesh.
China, sendo historicamente o maior provedor de armas ao Bangladesh, aproveita as vantagens decorrentes deste fato. Em particular, o Bangladesh possui importante frota de carros blindados obsoletos do tipo 59, de fabrico chinês, que pretende modernizar. Esta encomenda, evidentemente, irá ser realizada por empresas chinesas. Os caças recém-comprados J-7BGI dicarão estacionados na mesma base onde estavam os J-7 chineses de versão mais antiga.
Ao mesmo tempo, o Bangladesh se esforça por diversificar as importações de produtos de alta tecnologia para uso militar e civil. Para além do crédito para compra de armas, a Rússia e o Bangladesh assinaram um convênio de concessão ao Bangladesh de um crédito de $500 milhões para construção da primeira usina atômica deste país.
Embora as ambições do Bangladesh no que se refere a armamentos e tecnologias militares possam, à primeira vista, provocar surpresa, parece que a corrida armamentista pan-asiática não atingiu deste país. Na esfera militar, o Bangladesh não pode nem quer competir com a Índia, que rodeia o seu território por todos os lados. Contudo, as relações com Myanmar (Birmânia), outro vizinho, não são tão desanuviadas. Durante um período prolongado, entre os dois países existiram litígios fronteiriços que periodicamente desembocavam em escaladas de tensão ao longo da fronteira. Pese embora a decisão do tribunal internacional da ONU sobre a fronteira marítima entre o Bangladesh e Myanmar, ainda falta muito para um pleno restabelecimento da confiança.
A instabilidade em Myanmar gera, de vez em quando, a ameaça de afluxo ao Bangladesh de refugiados muçulmanos vítimas de violência étnica e religiosa. Em 2012, o Bangladesh se viu na obrigação de reforçar a proteção da fronteira para evitar a penetração em seu território de grandes massas de refugiados. Ao mesmo tempo, é de salientar que a Rússia e a China, no âmbito de cooperação militar e tecnológica, são os parceiros principais tanto de Myanmar como do Bangladesh. O crescimento econômico destes últimos países fará com que no futuro, eles se tornem mais interessantes para os produtores de armamento russos e chineses e, naturalmente, se tornem também em objeto de competição entre Moscou e Pequim.

Fonte: Voz da Russia