A Rússia anunciou que quatro dos navios de guerra que mantém no mar Cáspio dispararam um total de 26 mísseis de cruzeiro contra alvos do autoproclamado Estado Islâmico na Síria. O anúncio marca uma nova escalada nas operações militares russas na região, numa altura em que apenas tinham sido dados os primeiros passos para tentar coordenar as acções de Moscovo com as da coligação liderada pelos Estados Unidos.
Os disparos – que se presume tenham sobrevoado território iraniano e iraquiano antes de entrar no espaço aéreo sírio – foram efectuados “em apoio às forças aéreas” e visaram 11 alvos, anunciou o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, num encontro com o Presidente Vladimir Putin, que foi transmitido pela televisão russa. O responsável assegura que “todos os alvos foram destruídos”.


Putin saudou a intensificação dos ataques e revelou que desde 30 de Setembro, dia em que a Rússia iniciou os bombardeamentos em resposta a um pedido do Governo sírio, foram bombardeados 120 alvos. “Sabemos até que ponto as operações deste género são complicadas. E é certo que é ainda demasiado cedo para tirarmos conclusões, mas o que está a ser feito até agora merece muito boa avaliação”, afirmou.
A entrada em força da Rússia na guerra que há quatro anos e meio devasta a Síria foi criticada pela oposição e pelos países que a apoiam, dizendo que o verdadeiro objectivo de Moscovo não é, como afirma o Kremlin, combater o terrorismo, mas ir em auxílio do regime de Bashar al-Assad, que nos últimos meses sofreu derrotas consecutivas em zonas que lhe são vitais, no centro e Oeste do país. Já nesta quarta-feira, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, garantia que dos 57 bombardeamentos de que tinha registo “apenas dois visaram o Dash”, acrónimo pelo qual o autoproclamado Estado Islâmico é conhecido na região.
Moscovo responde que a sua operação visa todos os grupos terroristas e não apenas os jihadistas que controlam o Leste e parte do Norte da Síria – único alvo assumido da coligação liderada pelos EUA. Confirmando informações do terreno, segundo as quais as forças leais a Assad tentaram pela primeira vez avanços a coberto dos ataques aéreos russos, Putin revelou que as operações russas “vão ser sincronizadas com as operações terrestres do Exército sírio” e que os seus aviões “apoiarão de forma eficaz a ofensiva” iniciada.  
A notícia do disparo de mísseis de cruzeiro surge depois de, na terça-feira, os EUA e a Rússia terem decidido retomar o diálogo para definir regras de actuação comuns para evitar acidentes entre os respectivos meios a operar na Síria. O Ministério da Defesa russo convocou também os adidos militares de vários países da NATO para os informar das operações que tem em curso no país, depois de a Turquia ter denunciado duas violações do seu espaço aéreo. Shoigu revelou que nessa reunião lhes sugeriu que fornecessem à aviação russa as informações que possuem sobre posições do Estado Islâmico. “Estamos à espera de uma resposta dos nossos colegas e esperamos que eles nos digam que alvos têm nas suas listas.”