33 países correm risco de grave convulsão social se situação continuar
Fonte: Areamilitar.net Há duas semanas atrás, num artigo publicado na imprensa, Lester Brown, presidente do Worldwatch Institute afirmou que se a actual situação de crise provocada pelo aumento do preço de alimentos básicos continuar, há 33 países do mundo que vão sentir na pele problemas sociais graves, que podem colocar em causa a própria autoridade do estado. Segundo o reputado analista, a actual crise energética não é apenas passageira, e o aumento dos preços dos alimentos, ao contrário do que aconteceu em meados dos anos 70, em que maus anos agrícolas provocaram crises de fome em vários lugares do mundo, agora a situação tende a transformar-se numa situação de aumento sustentado dos preços, que tem causas não nas colheitas, mas sim num enorme aumento da procura de grãos. Vários países estão na lista, e de entre eles os presidente o WWI apontou o Sudão, que vive presentemente uma crise política e social com populações deslocadas, que vai agravar-se por falta de recursos para alimentar a população. No Paquistão, potência nuclear onde problemas político se têm sucedido e onde a Al Qaeda tem bases firmes, o aumento do preço da farinha atingiu 100% nos últimos meses, e a comida está a transformar-se num problema nacional. Tumultos provocados pelos problemas de distribuição de comida estão a tornar-se comuns em vários países do mundo, nomeadamente no norte de África e no mundo árabe, onde já ocorreram conflitos graves no Egipto e em Marrocos, no Yemen já ocorreram mortes provocadas pela falta de alimentos. Na África sub-sahariana houve mortos nos Camarões no Senegal e na Etiópia. No Haiti, onde uma missão militar brasileira tenta manter uma paz precária, os problemas com a falta de comida levaram já à queda do governo. No México também ocorreram motins provocados pelo aumento do preço do milho. Na Ásia, ocorreram motins não por causa do milho, mas por causa do arroz, que é a base da alimentação. Houve já motins na Indonésia e nas Filipinas. Mas segundo a mesma fonte, a situação não tende a melhorar, na medida em que as áreas disponíveis para semear cereais não estão a crescer. Se essas áreas acompanharam o crescimento populacional desde a II guerra mundial, na viragem do milénio, o aumento do consumo está a levar a que a área plantada por habitante do planeta esteja de facto a decrescer. Os resultados deste problema são imprevisíveis. Os países mais pobres serão de longe os mais afectados. Os Estados Unidos com alguns excedentes de produção e que têm planos para aumentar a produção de cereais para os transformar em combustíveis, não deverão ser afectados. A Europa, que tem financiado a agricultura para que não produza, poderá reverter a situação, pois tem muitas áreas férteis e um sector agro-industrial forte. Já em África, em muitas áreas da América Latina, nos países do médio oriente que não têm petróleo e na Ásia, onde a população continua a aumentar a pressão será muito maior. O principal problema, é a possibilidade de violência generalizada em alguns países chave, onde os governos podem pura e simplesmente perder o controlo da situação, se milhões de pessoas movidas pela fome contestarem violentamente os governos. As reservas de alimentos no mundo, não serão capazes de responder a todas as solicitações de governos de países pobres, que não têm possibilidade de cultivar comida suficiente para abastecer as suas populações por falta de área de cultivo, nomeadamente por causa dos problemas climatéricos. Nos países islâmicos, muitos deles a braços com movimentos políticos radicais que pretendem tomar o poder pela força e impor os seus preceitos, tendem a ganhar poder e podem em casos extremos levar a confrontações internacionais. A juntar aos problemas políticos que já se levantam em muitos países do mundo, os problemas do aquecimento global – que alguns governos, como o dos Estados Unidos ainda há pouco negavam, mesmo perante as evidências – podem complicar a situação. Um dos exemplos é a América do Sul, onde a Amazónia sofreu recentemente a maior seca de que há registo. Naquelas regiões, a qualidade do solo é fraca e a produtividade é auxiliada pela queima generalizada do solo, que na região amazónica é uma fina camada que cobre um terreno que na sua maioria é ácido. As grandes árvores da Amazónia não têm raízes profundas, elas têm raízes que crescem na horizontal, porque em muitos lugares há apenas uma camada de 50% de terra fértil. A capacidade de aumento da produção de países como o Brasil, é limitada. E o presidente brasileiro, é o único no mundo, juntamente com o presidente norte-americano George Bush, a afirmar que não há problema em continuar a utilizar terreno fértil para produzir combustível. Para piorar a situação dos países mais pobres, a declaração por parte de alguns países produtores como a Argentina e a Tailândia avisando que cancelariam as exportações, levou automaticamente a um aumento dos preços no mercado internacional, onde os grandes investidores bolsistas e os fundos de pensões, estão a comprar comida que ainda não foi colhida e a negociar os preços nas bolsas mundiais, completamente alheios à catástrofe que poderá ocorrer, se nada for feito nos próximos meses ou semanas. A crise chegará para os mais pobres. O problema principal dos países ricos, não é a falta de comida, mas sim o que fazer com um mundo, onde em alguns meses, poderá haver centenas de milhões de pessoas que nada têm a perder.
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