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: Antônio Sérgio Ribeiro - Assembléia Legislativa de São Paulo Desde 1942, estudava-se a possibilidade do envio de uma tropa brasileira para lutar no exterior. Na véspera da visita do presidente dos Estados Unidos a Natal, em 28 de fevereiro de 1943, o ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra, em audiência com o presidente Getúlio Vargas, apresentou uma exposição de motivos, acompanhada de observações do Estado Maior do Exército, admitindo a participação de uma força expedicionária brasileira fora do continente.

Esse estudo foi mantido em segredo por pouco tempo, pois, em 31 de março, o jornal “The New York Times” informou, em manchete, que o Brasil enviaria uma força expedicionária para o exterior. O general Dutra, no dia 8 de abril, ofereceu-se para comandar a tropa, mas Getúlio não concordou em liberar seu ministro para essa missão.

Com a negativa à sua pretensão, o ministro Dutra convidou, no dia 9 de agosto de 1943, o general João Baptista Mascarenhas de Moraes, então comandante da 2ª Região Militar, com sede em São Paulo, que aceitou a incumbência no dia seguinte. A escolha do general Mascarenhas se justificava pela sua operosidade e eficiência quando comandante do 7ª Região Militar, que abrangia os Estados do nordeste do Brasil. Ele conseguiu em pouco tempo construir e reformar várias instalações militares que há muito necessitavam de novos quartéis, dando dignidade aos soldados e oficiais sob seu comando.

O plano previa três divisões de Infantaria Expedicionária, mas acabou sendo instituída apenas a primeira, que foi criada pela portaria ministerial nº 47-44, assinada pelo general Eurico Gaspar Dutra, titular da Guerra, em 9 de agosto. Três dias depois, Dutra partiu em missão para os Estados Unidos, onde tratou da colaboração brasileira com os Aliados. Diretrizes



O Estado Maior do Exército publicou em 18 de agosto as Diretrizes de Instrução dos Quadros e da Tropa do Corpo Expedicionário. Ainda em missão na América do Norte, Dutra declarou em 23 de setembro, na cidade de Miami, que já havia cem mil soldados brasileiros prontos para embarcar para o teatro de operações na Europa.

O general Mascarenhas de Moraes, a convite dos Aliados, partiu com uma missão brasileira, em 9 de dezembro, para o norte da África (Argel) e Europa (Nápoles), em visita de observação.

Apesar de sua afirmação aos Estados Unidos de que o Brasil tinha mais de 100 mil soldados prontos para embaçar, Dutra foi obrigado, em 5 de janeiro de 1944, a autorizar a abertura do voluntariado para o corpo expedicionário. Quatro dias depois, em São Paulo, o general Zenóbio da Costa, após inspecionar as tropas ali sediadas, afirmou que elas estavam preparadas para o embarque. No Recife, o ministro Eurico Dutra passou em revista a tropa que integraria a força expedicionária.

Formando seu Q.G., o general Mascarenhas Moraes convidou os tenentes-coronéis Amaury Kruel, Luís Braga e Humberto de Alencar Castello Branco, futuro presidente da República, para integrarem seu staff de comando. A organização da tropa expedicionária foi sendo completada aos poucos, como o corpo especial de enfermeiras da Cruz Vermelha; corpo médico, convocação de motoristas, mecânicos e reservistas de terceira categoria.

O general Oswaldo Cordeiro de Farias, ex-interventor do Rio Grande do Sul, assumiu o comando da Artilharia Divisionária em 1º de fevereiro. Onze dias depois, o ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra, concedeu autonomia administrativa para as unidades da força expedicionária.

Em 31 de março de 1944, os soldados da Infantaria da FEB desfilam nas ruas do Rio de Janeiro, sob o comando do general Zenóbio da Costa. No mês de maio, teve início a fase do primeiro período de instrução da 1ª DIE, inclusive com demonstração de tiro na área militar de Gericinó no Rio de Janeiro. No dia 10, foi constituído o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira, que também teria como comandante Mascarenhas de Moraes, que em 24 de maio, com toda a sua tropa, desfilou pelo centro do Distrito Federal. Embarque

Após uma série de providências, em 29 de junho, sob sigilo, todo o contingente em companhia de seu comandante embarcou no transporte de guerra norte-americano General W. A. Mann. No dia seguinte, o presidente Getúlio Vargas, a bordo, se despediu dos pracinhas pelo alto falante do navio. No dia 2 de julho, o 1º Escalão da FEB partiu do Rio de Janeiro, desembarcando em Nápoles, na Itália, 14 dias depois.

No dia 5 de agosto de 1944, o 1º Escalão da FEB foi incorporado ao 5º Exército norte-americano, comandado pelo general Mark Clark.

Partiram, em 22 de setembro, os 2º e 3º escalões da FEB nos transportes americanos General Mann e General Meiggs, chegando a Nápoles em 6 de outubro. No dia 24, o general Dutra desembarcou em Nápoles. A FEB, no dia 26, ocupou Monte Parno e, dia 27, conquistou Lama di Sotto. Mas, em 1º de outubro, sofreu seu primeiro revés, mas ocupou Fornaci.

Em 16 de outubro, o ministro Dutra passou em revista a tropa da FEB estacionada em Pisa, região da Toscana, tendo recebido o comando temporário do 6º Corpo de Exército Provisional, composto pela FEB e um grupamento tático americano, a Task Force 45. Dia 23, partiu do Rio o 4º escalão, aportando em Nápoles em 7 de dezembro. No dia seguinte foi efetuado o primeiro ataque da FEB a Monte Castello. Depois de muitas dificuldades, em 21 de fevereiro de 1945, foi finalmente conquistado o Monte Castello, defendido tenazmente pelas tropas de Hitler. Em 5 de março foi ocupado Castelnuovo, possibilitando a abertura da estrada Porreta Terme-Marano ao tráfego aliado. Rendição alemã

No dia 14 de abril, a FEB tomou Montese. Para completar a ruptura da linha inimiga a oeste do rio Reno, em 16 de abril, a 10ª Divisão e a 1ª Divisão Blindada apoderaram-se das regiões de Vergato e Tole, chegando ao Vale do Pó. Em 21, conquistou Zocca e Montalto. Em 23, Vignola e Marano. Em 27, o major H. Cordeiro Oest iniciou os primeiros contatos com 148ª DI alemã, para rendição incondicional. No dia seguinte, começou a rendição dessa tropa nazista, perfazendo 14.779 prisioneiros e, também na mesma data, foi ocupada Collechio. Durante toda a campanha, as tropas brasileiras fizeram 20.573 prisioneiros, sendo 2 generais, 892 oficiais e 19.679 praças.

No 1º de maio, a FEB ocupou Turim e, no dia 2, os alemães na Itália renderam-se incondicionalmente. Uma semana depois chegava ao fim a guerra na Europa com a derrota da Alemanha nazista.

Em 6 de julho de 1945, o 1º Escalão da FEB partiu de Nápoles para o Brasil. Por via aérea, chegou dia 11 o general Mascarenhas de Moraes ao Rio de Janeiro. Dois dias depois, com muita festa, desembarcam os combatentes na Capital Federal. A população carioca parou a cidade para receber os heróis com papel picado, confete e serpentina. A última leva que chegou de volta ao Brasil foi do Depósito de pessoal em 3 de outubro, a bordo do navio “James Parker”. Dez dias depois, embarcou de volta, por via área, o último comandante que ainda permanecia na Itália, o general Olympio Falconière da Cunha, inspetor geral da tropa brasileira. O efetivo que foi à Itália era de 25.334, incluindo 67 enfermeiras. Do total, 23.702 eram praças. A Força Expedicionária Brasileira foi extinta a partir de 1º de janeiro de 1946. FAB - “Senta a Pua”

Um capítulo à parte merece a participação da Força Aérea Brasileira nos céus da Itália. Sob o comando do tenente-coronel Nero Moura, mais tarde ministro da Aeronáutica no segundo governo de Getúlio Vargas, com mais 48 pilotos, a força aérea fez parte do famoso “Senta a Pua”, tendo realizado nada menos que 2.546 missões contra os nazistas que ocupavam o território italiano.

Após a criação da FEB, foi instituído o 1º Grupo de Aviação de Caça, pelo Decreto nº 6.123, de 18 de dezembro de 1943, assinado pelo presidente Vargas. Criada a unidade, foi nomeado seu comandante, a 27 de dezembro, o então major Nero Moura, que disputou o cargo com seu colega José Vicente Faria Lima, mais tarde prefeito da cidade de São Paulo.

Foi aberto o voluntariado na Força Aérea Brasileira para constituição do pessoal que iria fazer parte da expedição. Recrutados entre os voluntários, 32 homens embarcaram com Nero, em 3 de janeiro de 1944, para a Escola de Tática, em Orlando, Flórida, enquanto a maioria do pessoal seguia, por via aérea, para Albrook Field, Panamá, onde aguardaria o comandante e demais homens.

Posteriormente, todos foram para a Base Aérea de Aguadulce, também no Panamá, equipada com aviões de caça P-40, iniciando o treinamento da Unidade como um todo, tanto pessoal de terra e pilotos. No dia 11 de maio de 1944, o 1º Grupo de Caça passou a operar independentemente, participando do esquema de defesa do Canal do Panamá, com cerca de cem saídas em missões de interceptação.

Terminando o curso de caça, deixaram o Panamá, por via marítima, foram para New York, e, depois, para Camp Shank, também no Estado de N. York, permanecendo 48 horas em quarentena. No dia 16 de julho, foram para Suffolk. Nessa base foram apresentados ao P-47 - “Thunderbolt”, o então moderníssimo avião de caça da USAF, que marcou época nos teatros de operações do Pacifico e Europa durante a II Grande Guerra.

Em 11 de setembro de 1944, chegaram em Patrick Henri, Virginia, para aguardar o embarque para a Europa, o que ocorreu 8 dias depois, no navio UST Colombie. Desembarcaram em Livorno, Itália, a 6 de outubro de 1944, partindo imediatamente de trem para a Base Aérea de Tarquínia.

Nessa base, ficaram inicialmente acampados em barracas de lona, sob o controle operacional 350th Fighter Group, operando com a denominação de 1º Brazilian Fighter Squadron.

No dia 31 de outubro de 1944, iniciaram as operações na Itália. No mês seguinte, no dia 21, foram transferidos para a Base Aérea de San Giusto, na cidade de Pisa, onde ocuparam alguns dos principais prédios da cidade e permaneceram até o final do conflito. Um total de 458 homens integrou o grupamento da Força Aérea Brasileira na Itália.

O 22 de abril de 1945 foi a data em que o grupo obteve as suas maiores vitórias na campanha italiana, quando três esquadrilhas de P-47 foram atacar alvos na região de San Benedetto, destruindo pontes, balsas e veículos motorizados do Exército alemão. Esse dia é hoje comemorado o “Dia da Aviação de Caça”.

Com o término da guerra na Europa, no dia 8 de maio de 1945, todos os integrantes do 1º Grupo de Caça deixaram Pisa e embarcaram, em 6 de julho, no porto de Nápoles no navio General Meighs, chegando ao Rio de Janeiro no dia 18 de julho de 1945, juntamente com o 1º Escalão da FEB.

Sob o comando de Nero Moura, uma formação de 19 “Thunderbolts” decolou desde Kelly Field, Texas, pousando no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, em 16 de julho de 1945, fazendo antes uma série de vôos rasantes sobre a “Cidade Maravilhosa”. O “Senta a Pua” recebeu elogios dos comandados Aliados por sua dedicação, coragem e eficiência em combate, inclusive a Presidential Unit Citation (Air Force), concedida pelo governo norte-americano. O brigadeiro Nero Moura é o patrono da Aviação de Caça brasileira.