Fonte: DEFESA@NET e Folha de São Paulo


Sem acerto, mercado de satélites fica restrito para foguete ucraniano-brasileiro. À frente da binacional em parceria com a Ucrânia, ex-ministro diz que primeiro lançamento será feito desde base no Maranhão em 2010.

Depois de frustrar um acordo de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos para uso do Centro de Lançamento de Alcântara (MA), o Brasil tentará uma nova negociação para poder ter satélites americanos como clientes do Cyclone-4, o foguete ucraniano que deve ser lançado pela primeira vez no segundo semestre de 2010, numa parceria com brasileiros.
O acordo original foi vetado em 2003 pelo Congresso Nacional, que acreditava que ele violaria a soberania do Brasil. As salvaguardas incluíam concessão de áreas sob controle direto e exclusivo dos EUA e licença para inspeções americanas sem prévio aviso ao Brasil.

Sem um acordo, porém, a ACS (Alcântara Cyclone Space), a nova empresa binacional Brasil-Ucrânia, pode perder clientes. “Vamos rediscutir com os EUA. Eles são um mercado importante e nós não vamos abrir mão”, disse Roberto Amaral, diretor-geral da ACS.

Humberto Medina

DEFESA@NET
Acordo de Salvaguarda com os Estados Unidos como proposto em 2000
http://www.defesanet.com.br/alcantara/acordo/acordo.htm
Acordo com a Ucrânia - 2004
http://www.defesanet.com.br/alcantara/ucraniaacordo/index.htm

Depois de frustrar um acordo de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos para uso do Centro de Lançamento de Alcântara (MA), o Brasil tentará uma nova negociação para poder ter satélites americanos como clientes do Cyclone-4, o foguete ucraniano que deve ser lançado pela primeira vez no segundo semestre de 2010, numa parceria com brasileiros.

O acordo original foi vetado em 2003 pelo Congresso Nacional, que acreditava que ele violaria a soberania do Brasil. As salvaguardas incluíam concessão de áreas sob controle direto e exclusivo dos EUA e licença para inspeções americanas sem prévio aviso ao Brasil.

Sem um acordo, porém, a ACS (Alcântara Cyclone Space), a nova empresa binacional Brasil-Ucrânia, pode perder clientes. "Vamos rediscutir com os EUA. Eles são um mercado importante e nós não vamos abrir mão", disse Roberto Amaral, diretor-geral da ACS.

Quando foi ministro da Ciência e Tecnologia, no início do governo Lula, porém, Amaral era contra o acordo de salvaguardas com os EUA. "Eu me opus como ministro contra o modelo de associação", disse. Segundo ele, a situação mudou. "Essa questão [da soberania] se colocava porque era uma "joint venture". Agora, não. Agora é mercado", disse.

O acordo original foi derrubado não apenas por conta da oposição de deputados à concessão de áreas exclusivas aos EUA. O documento previa também que o Brasil não poderia aplicar no seu próprio programa espacial os recursos obtidos com o "aluguel" de Alcântara aos norte-americanos.

A ACS diz que espera conseguir 30% do mercado potencial de lançamentos no mundo, o que equivale a US$ 14 bilhões para o período de 2007 a 2016. O primeiro satélite a ser lançado pelo Cyclone-4 deverá ser japonês -o Nano-Jasmine, desenvolvido pela Universidade de Tóquio e que terá o objetivo de fazer um mapeamento em três dimensões das posições e velocidades das estrelas.

Cyclone-5

De acordo com Roberto Amaral, o projeto com os ucranianos prevê intercâmbio de conhecimento tecnológico. Segundo o ex-ministro, essa troca poderá resultar na elaboração, em parceria, do projeto do Cyclone-5, um novo VLS (Veículo Lançador de Satélites).

"Nós temos o projeto de desenvolver em conjunto o Cyclone-5, que terá participação, ao lado de técnicos brasileiros, de técnicos ucranianos", disse.

Ainda segundo Amaral, o desenvolvimento do Centro de Lançamento de Alcântara é importante para o país porque, além dos interesses comerciais, o Brasil precisa ter um programa espacial forte que ajude a monitorar fronteiras, controlar o tráfego aéreo, fiscalizar suas reservas naturais e suas plataformas de petróleo.

Amaral não fez muitos comentários sobre as obras da Agência Espacial Brasileira para infra-estrutura em Alcântara, que estão atrasadas. Mas fez uma crítica implícita ao Ibama. Questionado sobre o processo de licenciamento ambiental para as obras, disse: "Estão andando em ritmo natural, ou seja, o mais lento possível".

Ele não quis comentar se a saída da ministra Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente vai facilitar ou não o processo para o licenciamento.