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Movimento tranqüilo: apesar da alta prevista, cliente não se apressou para encher tanque (Foto: Marília Camelo)



Fonte: Diário do Nordeste

A projeção é do governo federal, mas a Fecombustíveis aponta alta de 1% no preço da gasolina e 5%, do diesel

Brasília. A Petrobras confirmou ontem que a gasolina ficará 10% mais cara na sexta-feira e o diesel, 15%. As altas valem no preço dos produtos da Petrobras para as distribuidoras. O comunicado foi enviado pela estatal à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Segundo a empresa, esse reajuste foi definido pela companhia levando em consideração um novo patamar internacional de preço do petróleo, em uma perspectiva de médio e longo prazos, e ´está em linha com as premissas definidas no Plano Estratégico da Petrobras de manter parametrizados os preços dos derivados ao mercado internacional´. O comunicado informa ainda que é com a ´remuneração recebida pela venda de seus produtos que a Petrobras viabiliza o seu programa de investimentos, o que possibilita a descoberta de mais petróleo e gás, a construção e operação de novas unidades industriais e a condução de uma rede de transporte e logística que vem garantindo o abastecimento nacional de derivados e o retorno dos investimentos para os acionistas da companhia´.

O ministro Guido Mantega, porém, disse que o impacto para o consumidor na bomba, para a gasolina, será zero, enquanto o diesel terá um repasse na ponta de 8,8%. O governo reduzirá a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) para esse combustível de R$ 0,07 por litro para R$ 0,03 por litro. Segundo Mantega, o impacto na inflação do reajuste será de 0,015%, e a perda de arrecadação será de R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões. Sobre a perda da arrecadação, o ministro explicou que a ´Petrobras vai devolver o aumento de lucros e dividendos´.
Donos de postos

Para o consumidor final, o reajuste dos combustíveis anunciado ontem pela Petrobras será menor: chegará a 1% no caso da gasolina, estima a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes). O aumento de 10% da Petrobras será diluído na cadeia, pois os percentuais divulgados pela estatal são na refinaria, sem incidência de impostos. Além disso, não incluem a mistura do álcool à gasolina, adicionado à proporção de 25% no derivado de petróleo — como o produto não foi reajustado, serve como âncora de preço. Para a Fecombustíveis, impacto maior terá a alta de 15% do diesel, que pode chegar a 5% nas bombas. É que o produto não tem adição de álcool. O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos), Guilherme Meireles, disse que o impacto do reajuste sobre os preços praticados na bomba só será definido pelos Postos de Combustíveis do Estado amanhã, quando as distribuidoras apresentarão novos valores. Meireles preferiu não apontar percentuais, mas falou em repasse total do reajuste do diesel, o que levaria a um incremento de 10% para o produto, além de aumento de R$ 0,10 sobre o preço da gasolina. ´Mas, isso é uma suposição´, afirmou o dirigente. ´Outro problema é que alguns preços no mercado, em Fortaleza, estão com desconto, mas vão ficar abaixo do valor de custo com o reajuste´. Para o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, os reajustes já eram previstos. ´O aumento era aguardado há algum tempo. Os preços estavam bastante represados. O barril do petróleo chegou perto de US$ 120. Não havia mais como segurar´, diz Miranda. A correção ficou, porém, no teto da estimativa da entidade. ´Esperávamos um reajuste de 5% a 10% para a gasolina´.

TRIBUTO
Fazenda reduz Cide para zerar reflexo no bolso do consumidor

Brasília. O ministro Guido Mantega (Fazenda) anunciou ontem a redução da Cide (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico) para que o aumento da gasolina não chegue ao consumidor. Apesar de a Petrobras ter anunciado aumento de 10% na gasolina nas refinarias, o ministro afirmou que o impacto nas bombas será zero. A Cide, que hoje é de R$ 0,28 por litro, passará a R$ 0,18 por litro. ´Baixamos a Cide de modo que o efeito do aumento da gasolina para o consumidor seja zero´, disse. No caso do diesel, o aumento para o consumidor será de 8,8%. Nas refinarias, o aumento será de 15%, mas o governo reduzirá a cobrança da Cide sobre esse combustível de R$ 0,07 por litro para R$ 0,03 por litro.

Segundo Mantega, o governo deixará de arrecadar com a Cide entre R$ 2,5 e R$ 3 bilhões por ano. ´Depois a Petrobras vai devolver como aumento de lucros e dividendos. É praticamente uma neutralização do efeito´, completou. O ministro disse ainda que a Cide é usada como um tributo regulatório, para regular os preços dos combustíveis. ´A Cide foi criada não como tributo arrecadatório, mas regulatório´.