Consulado Britânico confirma localização de destroços de avião na Bahia
Aeronave com quatro ingleses e dois brasileiros desapareceu na tarde desta sexta-feira (2).
Partes do bimotor estão a cerca de 90 quilômetros de Ilhéus, no litoral baiano.
O Consulado Britânico no Brasil confirmou a localização de destroços de uma aeronave no litoral baiano, na manhã desta terça-feira (6). A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou nota informando que as peças localizadas são mesmo do avião bimotor que desapareceu na tarde desta sexta-feira (2) na Bahia.
Segundo o documento da FAB, os destroços foram encontrados em Barra Grande, no litoral baiano. Por conta da localização, a operação de buscas serão concentradas na área.
De acordo com o consulado, não há informações de que tenham sido encontrados sobreviventes. As famílias dos empresários, que estão no Brasil e no Reino Unido, já foram avisadas sobre a localização dos destroços.
O consulado informou ainda que o local onde estão os destroços do bimotor fica a cerca de 90 quilômetros ao Norte de Ilhéus.
Segundo o soldado Eugênio Silva Santos, da 4ª Companhia da Polícia Militar de Itacaré, parte do tanque de combustível e outras peças do bimotor foram levados de avião para o Aeroporto de Ilhéus. "A localização aconteceu por volta das 9h. Não achamos sobreviventes e nem corpos, apenas uma espécie de pochete, que já foi identificada como um pertence de um dos empresário ingleses."
A operação de buscas foi recomeçada às 7h desta terça-feira. A FAB reforçou o trabalho com mais uma aeronave. Agora são dois aviões e um helicóptero da corporação em Ilhéus. A Marinha também enviou uma embarcação para fazer uma triagem no mar.
Além da FAB e da Marinha, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar apóiam o trabalho, que já dura cerca de 88 horas. O bimotor desapareceu por volta das 17h50 de sexta-feira.
O Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) já começou as investigações no local.
Anac confirma que bimotor desaparecido na Bahia cumpriu normas de manutenção
Flávio Costa e Perla Ribeiro
Fonte: correiodabahia
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou ontem, por meio da assessoria de comunicação, que o Cessna C-310, prefixo PT-JGX, que desapareceu no sul baiano com seis pessoas a bordo, está em dia com a inspeção anual que toda aeronave é obrigada a fazer. O bimotor da empresa de táxi aéreo Aero Star foi inspecionado em 23 de dezembro de 2007. No procedimento, que garante a renovação do certificado de aeronavegabilidade, também é averiguado se a aeronave tem sido submetida a manutenções.
Outro pré-requisito exigido pela Anac é que a tripulação possua o certificado de habilitação técnica (CHT) e o certificado de capacitação física (CCF). A agência também confirmou que tanto o piloto baiano Clóvis Revault de Figueiredo e Silva quanto o co-piloto carioca Leandro Oliveira Veloso estão em dia com as habilitações.
Para o diretor de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, como se trata de um modelo antigo de aeronave, deveria haver maiores cuidados com a manutenção. Além disso, ele destaca que a implantação de um sistema de aviso, espécie de rastreador, eliminaria a dificuldade de localização. “É um equipamento tão barato que não justifica uma aeronave de pequeno porte não possuir. O custo não chega a US$5 mil”, explicou.
Buscas – Por terra e mar, as equipes de busca da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Companhia de Ações Especiais da Região Cacaueira (Caerc) intensificaram as buscas ao bimotor desaparecido em uma área de 40km² de densa vegetação, em três municípios da região: Ilhéus, Itacaré e Uruçuca. É o terceiro de dia de buscas sem resultados. Além do piloto e do co-piloto, viajavam no Cessna quatro empresários do Reino Unido: o presidente da Worldwide Destination (WWD), Sean Woodhall, o representante da empresa na América Sul, Ricky Every, o presidente da Diamond Lifestyle Holdings, Alan Trevor Kempson, 46, e o diretor financeiro e secretário da companhia, Nigel Ian Hodges, 52. Familiares das vítimas acompanham as buscas no local.
Hoje, a operação aérea de busca contará com o reforço de uma aeronave SC-95 (Bandeirante). Desde o último sábado, as aeronaves da FAB voaram sobre uma área de cerca de 2.479 milhas náuticas quadradas, cobrindo 100% do setor ampliado de busca. Já o 2º Distrito Naval de Salvador enviou o navio-varredor “Anhatomirim” para Ilhéus a fim de auxiliar o trabalho da Capitania dos Portos do município, que utilizava uma lancha na varredura. Diferentemente das buscas por terra, no mar elas não serão interrompidas.
Segundo informações da Aeronáutica, o primeiro avião da Força Aérea Brasileira (FAB), um P-95 “Bandeirulha”, decolou ontem às 5h com destino ao primeiro setor a ser vasculhado. Uma segunda aeronave, um helicóptero H-1H, partiu por volta das 8h30 para cobrir regiões de mata fechada, previamente definidas pelo Salvaero. Foram varridas áreas na proximidade do norte de Itacaré até as praias do sul de Ilhéus. Até o final da tarde de ontem, as buscas já haviam se estendido por 50 milhas. De acordo com o capitão de corveta da Capitania dos Portos em Ilhéus, Luís Souza, as condições do tempo estavam bastante favoráveis. A operação conta com 15 funcionários da capitania de Ilhéus.
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Relatos de moradores
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros de Ilhéus, parte da busca por terra está concentrada em Vila Paraíso, entre os municípios de Uruçuca e Itacaré. A escolha se deve a relatos de moradores, que teriam visto partes do avião no local. Mas nada foi encontrado.
Em Lagoa Encantada, em Ilhéus, onde a busca por terra se concentrou anteontem, uma outra moradora revelou à Polícia Militar que observou um grande número de urubus em uma área de mata conhecida como Retiro, mas os policias averiguaram se tratar de um animal morto.
A aeronave pode ter caído quando sobrevoava uma área de 210 hectares comprada pelos empresários para construir o resort Lagoa Pearl, nas proximidades do Condomínio Vila Paraíso, que fica às margens da BA-001, entre Ilhéus e o distrito de Serra Grande (Uruçuca).
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Famílias mantêm esperança
As equipes de resgate correm contra o tempo, pois as chances de encontrar sobreviventes diminuem a cada minuto. Mas os parentes dos desaparecidos recusam-se a acreditar no pior. Ao diário inglês The Guardian, o pai do empresário Sean Woodhall, que não se identificou, declarou saber que o resgate está agora a procura dos seis corpos. “Mas nós procuramos manter nossas esperanças vivas. Nós não acreditamos que ele (Sean) esteja morto”.
Mais desalentado, Zázimo Veloso, pai do co-piloto, Leandro Veloso, encontrou forças para elogiar os grupos de buscas. “Está havendo uma integração muito grande entre autoridades. Todos os indícios estão sendo averiguados, mas até agora nada”. O cônsul britânico em Brasília, Neil Storey, e a cônsul honorária em Salvador, Leslie Hanson, estão em Ilhéus desde o último sábado para acompanhar o trabalho de resgate. Eles prestam também assistência aos familiares dos empresários ingleses, que estão na cidade hospedados em lugar não revelado pela Embaixada do Reino Unido no Brasil.
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DADOS TÉCNICOS
Fabricante: Cessna Aircraft Co.
Modelo: Cessna C-310Q
Número total de assentos: 6
Tripulação: 2
Passageiros: 4
Velocidade de Cruzeiro: 320km/h
Velocidade Máxima: 320km/h
Autonomia Máxima: 6 horas de vôo
Alcance Máximo: 2.100km de altitude
Peso de decolagem: 2.400kg (máximo)
Combustível: Gasolina de Aviação (AVGAS)
Comprimento: 9,05m
Envergadura: 11m
Altura: 3,2m
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HISTÓRICO NA BAHIA
EM UM MÊS, este é o segundo acidente com bimotor na Bahia. Em 31 de março, uma aeronave da empresa Aerotáxi Abaeté, de prefixo PT-VCI, caiu a 2km do aeroporto de Lençóis, matando duas pessoas: o piloto Louriel Navarro, 68 anos, e o co-piloto Bruno de Oliveira Cardoso, 27. A aeronave saiu de Salvador às 5h30, com destino ao Aeroporto de Barreiras e escala prevista em Lençóis, a 409km da capital, às 6h45. O acidente aconteceu às 6h42, a 1.200m da cabeceira da pista 32, quando o piloto se preparava para o pouso. O bimotor turboélice, modelo Carajá NE 821, estava fretado para um vôo regular da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e levava documentos de compensação bancária do Banco do Brasil.
Um outro acidente com bimotor, de grande repercussão, aconteceu em 14 de março de 2007, no povoado de Maracangalha, pertentente ao município de Candeias. Um avião bimotor da Bata Táxi Aéreo caiu em uma fazenda, a cerca de 60km de Salvador. Os quatro ocupantes morreram na hora e mais de R$5,56 milhões, transportados pela empresa Nordeste Segurança Bahia, foram supostamente saqueados por dezenas de moradores da comunidade. A polícia conseguiu recuperar apenas cerca de R$500 mil, mas ninguém foi preso.
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