Operação Barbarossa

O Ataque Nazista à URSS


Fonte: educaterra


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Cartaz nazista celebrando a vitória

Há 60 anos, no 22 de junho de 1941, quando quase se completavam dois anos de guerra na Europa ocidental, o mundo foi surpreendido pela notícia de que naquela madrugada iniciara-se o ataque geral das forças armadas alemãs contra as fronteiras da União Soviética, até então neutra no conflito. Ao som ensurdecedor de mais de seis mil bocas de canhões alemães, os russos viram-se de inopino em meio ao inferno de uma guerra total. Naquele dia fatídico, Adolf Hitler ordenara a invasão e a destruição da URSS.

A Maior Batalha de Todos os Tempos

As rádios alemãs entraram em cadeia um pouco antes das 7 horas da manhã para um comunicado especial. Numa voz emocionada e tensa, Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda do Reich, leu o comunicado do Führer Adolf Hitler à nação: "Povo alemão! Neste momento está em andamento uma marcha, ela pode ser comparada na sua extensão como a maior que o mundo já viu. Eu decidi novamente colocar o destino do futuro do Reich e do nosso povo nas mãos dos nossos soldados. Possa Deus ajudar-nos, especialmente nesta luta." Não havia nenhum exagero nessas palavras. Com a invasão da URSS, teria início a mais colossal batalha dos tempos modernos, quiçá a maior de todas elas, aquela que envolveu a Alemanha nazista e a Rússia comunista. Tudo nela foi


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Conquistando uma cidade russa

eloqüente, não só pelas paixões ideológicas envolvidas, como pela quantidade exorbitante de vidas, de recursos e equipamentos que ela exigiu de ambas as partes. Para Hitler, tratava-se de uma cruzada para livrar para sempre o Ocidente da ameaça judaico-comunista, para os soviéticos tratava-se da sua sobrevivência, da própria causa de existir do povo russo.

A Operação Barbarossa

O nome código escolhido por Hitler para designar a grande operação de ataque não era casual. A palavra "Barbarossa" remetia à figura de Frederico Hohentaufen, o grande imperador alemão da Idade Média, o Frederico I do Sacro Império Romano-Germano, morto em 1152. Nome lendário e respeitado entre os cavaleiros cruzados, alguém que empenhara seus recursos em favor da causa da cristandade contra os infiéis. De certo modo, Hitler via-se como a encarnação de Frederico Barbarossa (o "Barba Vermelha", como os italianos o chamaram), liderando um enorme operação militar para esmagar a heresia comunista que se encastelara mais ao oriente, no Kremlin de Moscou.

O General Halder, chefe da OKH (o alto comando militar alemão), o executor da operação, dividiu-a em três grandes objetivos: o grupo dos exércitos Norte, sob o comando do marechal de campo Ritter Von Leeb, tinha como meta rumar em direção à Leningrado, fazendo lá junção com as tropas finlandesas que viriam de mais ao norte, esmagando a resistência da grande cidade, atuando sobre ela como se fosse um imenso alicate; o grupo dos exércitos do centro, sob o comando do marechal de campo Fedor von Bock, tinha ao seu encargo realizar uma poderosa ofensiva direto ao centro da Rússia, rumando o mais rápido possível para Moscou; por fim, o grupo de exércitos do Sul, no comando do marechal de campo Gerd von Rundstedt, marcharia para as ricas terras da Ucrânia, tendo como meta alcançar Kiev.



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A Extensão do Fronte


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Cartaz da Waffen SS

Era uma linha de guerra que partia das águas geladas de Arcangel, no Mar de Berens, estendendo-se até as águas tépidas do Mar Negro, bem ao sul, numa extensão de mais de três mil quilômetros. O maior fronte do mundo. Na vanguarda dos três grandes corpos de exército, compostos por três milhões de soldados, estavam quatro Panzergruppen com 3.300 tanques e demais tropas motorizadas, que perfaziam 7.500 veículos diversos, no comando dos coronéis-generais Hoepner, Hoth, Guderian e Kleist. Observa-se nesta composição de marechais aristocratas, cuja linhagem lembravam os antigos cavaleiros teutônicos, liderando um exército mecanizado e uma moderna aviação de combate, a dialética tipicamente alemã do chamado "modernismo reacionário", onde a tecnologia se punha a serviço de uma causa retrógrada.

Os Três Objetivos

Leningrado, Moscou e Kiev eram as cidades a ser conquistadas, tanto pelo seu valor simbólico como por sua importância estratégica. A tomada da grande capital do Norte, construída por Pedro, o Grande, em 1703, impediria a URSS de ter qualquer acesso ao Mar Báltico, tornando a sua esquadra inútil. Conquistar Moscou significava provocar um enorme impacto moral sobre a população russa, pois a capital soviética era considerada não só o núcleo do poder e da economia da Rússia, como também o seu centro espiritual e religioso. Tomar de assalto Kiev, a capital da Ucrânia, por fim, permitiria açambarcar a riqueza cerealística da União Soviética e as suas imensas estepes de fértil terra preta, onde um punhado de sementes jogadas fazia crescer maravilhas. Bem sucedida, a Operação Barbarossa, num primeiro momento, cortaria a URSS ao meio, separando o centro-norte, urbanizado e industrializado, do Sul, rico em alimentos e matérias-primas. Hitler, porém, determinou que não queria batalhas dentro das cidades. As forças soviéticas deveriam ser destruídas nos campos para que assim as cidades russas, uma a uma, caíssem no controle da Wehrmacht (o exército alemão) como um fruta madura se desprende de um árvore levemente sacudida.


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Os comandante da invasão: von Leeb, von Bock e von Rundstedt

Os Grupos de Exército e suas Metas

(*) Quanto ao volume do material bélico ele se compunha de 3580 tanques e carros de combate, 7.184 canhões e 5000 (1.830 na primeira fase) aviões, além de 600 mil veículos de todos os tipos e de 750 mil cavalos. (Fonte: Paul Carell- Unternehmen Barbarossa).

Origens do Plano


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Um grupo de assalto

Foi com muita surpresa, e até com apreensão, que alguns generais alemães próximos a Hitler escutaram-no dizer, em plena campanha contra Grã-Bretanha, então submetida a severos bombardeios aéreos e à intensa ação submarina, que se preparassem para invadir a União Soviética. Tudo aquilo que fizeram até ali, isto é, a ocupação da maioria dos países da Europa atlântica, assegurou-lhes o Führer, era uma manobra de despistamento. A verdadeira guerra ainda estava para ser travada. E ela se daria no Leste da Europa. Os planos para o assalto à URSS já haviam sido encaminhados por ele um ano antes, em 21 de julho de 1940, logo após a queda da França, quando encarregou o marechal de campo, Walther von Brauchitsch, então o seu supremo comandante das forças terrestres, a proceder com os primeiros estudos. Por volta de dezembro de 1940, um esboço geral dele já estava pronto, com o codinome Barbarossa. A invasão deveria ser

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Walther von Brauchitsch

perpetrada na primavera de 1941, mesmo com a continuidade da guerra contra Grã-Bretanha. Este risco, Hitler pretendia superar com o tempo, pois imaginou que as forças conservadoras na Inglaterra e os sentimentos anticomunistas espalhados pelo mundo fariam pressão para que suspendessem a guerra contra ele, visto que a Alemanha nazista atacava a morada da "serpente internacional"- a URSS. Era um lance de jogador de pôquer. Com a carta da invasão da URSS na mão, ele esperava que os demais envolvidos na guerra se retirassem da mesa.

Hitler e a URSS


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Capa do " Minha Luta", de Hitler

Se o plano para invasão da URSS fora urdido desde julho de 1940, a intenção de realizar a conquista militar do país dos sovietes remonta a tempos bem anteriores. Quando Hitler, então encarcerado como agitador direitista na prisão de Landsberg, na Bavária, ditou o Mein Kampf (Minha Luta), a sua obra, publicada em 1925, ele dedicou um capítulo especial à política externa a ser seguida pelo movimento nacional-socialista. Nele, ele retoma as antigas ambições alemães, insufladas pela geopolítica racista, que dizia haver necessidade da ampliação do Lebensraum, o espaço vital, para que o povo germano pudesse sobreviver no futuro. Argumentava ele que não havia uma harmonia entre o elevado número de alemães e a modesta dimensão do solo que lhes cabia na Europa. Como não reconhecia o direito histórico de nenhum povo ao território que ocupava, que não fosse consagrado pela força, Hitler não via embaraço nenhum em ir algum dia tomar de assalto as terras do Leste, as estepes russas, então nas mãos do judaico-comunismo. Além disso, insistiu que nenhuma nação é potência sem ter vastas extensões de terras sob seu domínio: o império britânico, os Estados Unidos, a União Soviética e a China eram exemplos disso. Para ele, desde que se dera a revolução de 1917, o grande império eslavo era uma instituição decadente. A revolução bolchevique, ao exterminar com a classe dirigente (o "elemento germânico organizador do Estado russo", segundo ele), entregara a administração do país aos desprezíveis judeus e à escória russa. A isso, somava-se o profundo desdém racista que ele tinha pelos eslavos, considerando-os untermensh, gente racialmente inferior, uma espécie de brancos degenerados, poluídos pelos sangue asiático, incapazes de qualquer evolução. Esses preconceitos todos o cegaram perante os perigos de invadir um território da dimensão da URSS, cuja parte ocidental era duas vezes maior do que toda a Europa. Nada disso alterou sua decisão. Como ele disse convicto aos seus generais "basta nós chutarmos a porta que a casa toda ruirá".

Outros Fatores

Além dessas observações preconceituosas em relação aos eslavos, comuns À maioria dos racistas europeus, um conjunto outro de fatores pesou na sua decisão de atacar o Leste. Além do profundo ódio ao comunismo, fruto do temor que a Revolução de 1917 causara na maioria dos europeus daquela época, ele levou em conta ainda dois outros elementos. Em 1937-8, na época dos Grandes Expurgos, Stalin simplesmente liquidara a elite militar soviética, a quem suspeitara de tentar afastá-lo do poder. Deteve e executou por traição o marechal Mikhail Tukachevski, bem como um número indeterminado de altos oficiais (alguns estima em 33 a 40 mil encarcerados, sendo que inúmeros deles foram fuzilados). O Exército Vermelho praticamente teria ficado acéfalo nas vésperas da Segunda Guerra Mundial por determinação do seu próprio comandante supremo! O segundo fator foi o fracasso do assalto das tropas soviéticas contra as fronteiras da pequena Finlândia, realizado no inverno de 1939/40, que se revelou num verdadeiro desastre. A conclusão de Hitler não poderia ser outra: um regime odiado, sem comandantes militares qualificados e com tropas desaparelhadas e destreinadas, a campanha da Rússia seria um pouco mais do que uma parada militar para o exército alemão. Quem lê o capitulo dedicado à questão russa no Minha Luta facilmente descarta a tese da Präventivkrieg, a guerra preventiva que, segundo seus defensores, (entre eles Paul Carell, pseudônimo de Paul Karl Schmidt, um coronel SS, ex-porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do III Reich), Hitler obrigatoriamente teve que se lançar em vista da possibilidade de um ataque soviético que se daria a qualquer hora.

O Expurgo do Exército Vermelho (*)


(*) É provável que a dimensão desse violento expurgo se devesse a um acerto de contas de Stalin com Trotski, visto que foi o seu rival quem forjou o Exército Vermelho durante a guerra civil de 1918-20. O objetivo final seria a stalinização total da organização militar, que até então ficara fora dos expurgos que abateram o partido e a polícia secreta ao longo dos anos trinta. (Fonte: Robert Conquest - O Grande Terror, pag. 478-9)


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Ao expurgar o exército, Stalin atacou a si próprio

Invadir a Russia, um problema histórico

Carl von Clausewitz, um dos mais reputados teóricos da estratégia militar dos tempos modernos, oficial prussiano que participou com os russos das campanhas contra Napoleão em 1805, e novamente em 1812, escreveu no seu clássico estudo Vom Kriege (Da Guerra, 1833), que a Rússia era militarmente inconquistável. Foi de certa forma isso que fez com que Otto von Bismarck, o chanceler que unificou a Alemanha em 1871, sempre visse o imenso império czarista como um possível aliado e não como um inimigo, como Hitler o fez. Eram as dimensões territoriais daquele colosso, os vastos recursos humanos e materiais que dele poderiam extrair, é que inviabilizavam qualquer ocupação definitiva da Rússia. Carlos XII, o rei da Suécia, durante a chamada Guerra do Norte, tentara dominar a Rússia ocidental no início do século XVIII, sendo derrotado por Pedro,o Grande, em Poltava, em 1709. Um século depois, foi a vez do gênio de Napoleão Bonaparte afundar na neve russa, perdendo quase todo o Grand Armée, o grande exército, durante a retirada de 1812. No século XX, seria a vez de Adolf Hitler desbaratar 75% da imensa força militar alemã nas estepes russas.


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Napoleão derrotado na Rússia em 1812

Uma Nação Surpreendida

A ofensiva alemã sobre o solo russo pegou de surpresa não só o povo soviético, como seu ditador, Joseph Stalin. Todas as evidências de uma vasta concentração de tropas alemães e seus aliados nas fronteiras da URSS haviam sido desconsideradas por ele. Nenhum dos avisos que chegaram ao seu conhecimento pelo serviço de espionagem (o agente Victor Sorge informara, do Japão, a data exata em que se daria a invasão) ou pelas mensagens enviadas pelos ingleses, que também o alertaram, convenceram-no da eminência do ataque de Hitler. Stalin aferrou-se ao pacto de não-agressão germano-soviético de agosto de 1939, também conhecido como Acordo Ribentrop-Molotov, pelo qual ambos os ditadores partilharam a Polônia entre si como acertaram um intercâmbio de produtos entre ambas as potências. A Alemanha se comprometera a fornecer máquinas e equipamentos para a URSS em troca de petróleo, ferro e cereais. E eis que, de repente, Hitler virou a mesa justo quando Stalin confiava nele. O ditador soviético até então entendia as notícias de um ataque hitlerista para breve como resultado das "ações de provocação" espalhadas pelos agentes ingleses para envolver a URSS numa guerra contra a Alemanha nazista. A tal ponto levou esta crença que, quando as primeiras notícias da invasão chegaram ao seu conhecimento no Kremlin, ele ordenou que a artilharia não respondesse ao fogo e que os aviões russos não tentassem sobrevoar território alemão. Quando se deu conta da realidade, teve um colapso psicológico.

Stalin reage


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J. Stalin

Enquanto os alemães e seus aliados avançavam em toda a linha, levando as defensivas soviéticas de roldão, Stalin trancou-se num quarto do Kremlin. Durante onze dias ele negou-se a receber fosse quem fosse. Enquanto isso, a nação, perplexa, estava entregue a si mesma. Os exércitos invasores, aplicando a solta os princípios da Blitzkrig, a guerra relâmpago, cercavam e punham à rendição milhares de soldados russos, levando a crer que a União Soviética teria o mesmo destino dos outros países que caíram logo no controle dos nazistas. Foi neste momento dramático, quando não cessavam de chegar noticias ruins do fronte, que Stalin recuperou-se. A sua alocução galvanizou um país estonteado:

Alocução de Stalin: 3 de julho de 1941

Esta guerra nos foi imposta, achando-se o nosso país empenhado agora numa luta de vida ou morte contra o mais pérfido e maligno dos seus inimigos, o Fascismo Alemão. Nossas tropas se batem heroicamente em situação desvantajosa, contra um adversário fortemente armado de tanques e aviões... 0 grosso das tropas soviéticas, equipado com milhares de tanques e aviões, somente agora começa a participar dos combates .. Unido ao Exército Vermelho, todo 0 nosso povo se levanta para defender a Pátria.

0 inimigo é cruel e impiedoso. Quer a nossa terra, o nosso trigo e o nosso petróleo. Visa a restauração do poder do latifúndio, ao restabelecimento do Czarismo e a destruição da cultura nacional dos povos da União Soviética quer fazer-nos escravos de principes e barões germânicos.

Nas nossas fileiras não haverá lugar para os fracos e os covardes, para os desertores e causadores de pânico. Nosso povo será destemido na luta e combaterá com abnegação na guerra patriótica de libertação contra os escravizados fascistas.

É preciso que coloquemos imediatamente a nossa produção em pé de guerra e que ponhamos tudo ao serviço da Frente e da preparação da derrota do inimigo. 0 Ex6rcito Vermelho, a Marinha e todo o povo sovi6tico defenderão, polegada a polegada, o solo da nossa Pátria, lutaremos até a ultima gota de sangue em cada cidade e em cada aldeia já... Organizaremos todo o tipo de ajuda ao Ex6rcito Vermelho, faremos com que as suas fileiras sejam constantemente renovadas, dar-lhe~emos tudo quanto precisar. Havemos de conseguir o transporte rápido das tropas, do equipamento e o pronto auxilio aos feridos.

Todas as empresas devem intensificar o seu trabalho e produzir cada vez mais equipamentos, de quantos tipos ....... iniciaremos uma luta sem quartel contra desertores e causadores de pânico..Destruiremos espiões, diversionistas e pára-quedistas inimigos...

Sempre que unidades do Exército vermelho sejam obrigadas a recuar, todo o material rodante ferroviário há de ser também retirado. Ao inimigo não se deixará uma única máquina, ..uma libra de pão ou uma latinha de óleo. Os colcosianos sairá com todos os seus animais, entregarão ao estado suas reservas de cereais para o envio à retaguarda...Tudo o que não puder ser carregado será destruído, seja cereal ou ferro, combustível ou metais não-ferrosos ou qualquer outra propriedade de valor.

Nos território ocupados se hão de formar unidades de guerrilheiros...Haverá grupos diversionistas para combater as unidades inimigas, para difundir por toda a parte a luta de guerrilhas, para dinamitar e destruir as estradas e as pontes, os fios de telégrafo e os dos telefones; para incendiar as florestas, os depósitos do inimigo, os seus comboios na estrada. Nas regiões ocupadas, condições insuportáveis se hão de criar para o inimigo e seus cúmplices, que serão perseguidos e caçados a cada passo..

(...) Um Comitê de Defesa do Estado acaba de ser formado para cuidar da rápida mobilização dos recursos do país; todo o poder e a autoridade do Estado estão nele investidos. Este Comitê já começou a trabalhar e convocou todo o povo a unir-se em torno do partido de Lenin e Stalin e do Governo para o apoio decidido e abnegado ao Exército vermelho e à Marinha para a derrota do inimigo, pela nossa vitória... O imenso poder popular será empregado para esmagar o inimigo. Avante! À vitória!


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As Razões do Fracasso Soviético Inicial

Durante muito tempo, enquanto Stalin viveu, os soviéticos não procuraram esmiuçar os motivos do fracasso inicial em deter a máquina de guerra alemã. Somente depois do XX Congresso do Partido Comunista, realizado em 1956, é que começaram a procurar os detalhes daquela calamidade. Alexander Werth arrolou algumas delas: - o expurgo do exército vermelho às vésperas da guerra; a propaganda exagerada sobre a invencibilidade das forças soviéticas; a falta de profissionalismo da oficialidade soviética frente aos profissionais alemães; o baixo grau do treinamento das tropas, o fracasso da indústria bélica em poder equipar as tropas com material moderno; a subestimação da eficácia da guerra relâmpago levada a efeito pelos alemães, desprezando-a como uma "teoria burguesa" de fazer a guerra, não havendo estudos de como poder romper com o cerco feitos pelos blindados, e, por último, a obediência ao dogma do "culto à personalidade" isto é, a Stalin, e os traumas psicológicos provocados pelo Grande Terror, que impediram os comandantes militares soviéticos de tomarem as iniciativas corretas no campo de batalha quando se viam atacados. (A.Werth - A Rússia na Guerra, vol. I, pág. 159/160; e também as argutas observações de Constantin Simonov - Os vivos e os mortos)


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Os soldados soviéticos e os guerreiros do passado

"Espere por mim"

Um dos poemas mais comoventes que retrata a situação do soldado russo no fronte de guerra do ano de 1941, dilacerado pela tragédia da guerra e a esperança de um dia sair dela vivo e vitorioso, foi escrito por Constantin Simonov. Disse ele:

"Espere por mim, que eu retornarei - só espere com muito ardor;
Espere da mesma forma quando você sentia-se triste pela chegada da chuva amarela;
Espere quando o vento varrer os flocos de neve; espere no mais intenso calor;
Espere quando os outros, esquecendo-se dos seus dias anteriores, pararam de esperar;
Espere mesmo quando de longe não mais chegarem cartas para você;
Espere mesmo quando os outros já cansaram de esperar;
Espere mesmo quando a minha mãe e o meu filho pensarem que eu não existo mais;
E quando os amigos sentados ao redor do fogo brindarem à minha memória,
Espere, e não te apresses também em beber com eles pela minha memória;
Espere, pelo meu retorno, a despeito de todas as mortes;
E deixe aqueles que não me esperaram dizer depois que eu tive sorte;
Eles nunca vão entender isso, pois em meio a tanta morte,
Tu, com a tua espera, conseguiste me salvar;
Somente você e eu sabemos como eu sobrevivi -
É porque você me esperou quando ninguém mais o fazia."


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Espere por mim!

(Em tradução espanhola)

Espérame y volveré, /espera, espera. /Aunque las lluvias amarillas /Infundan tristeza, espera. /Espera aunque la nieve caiga y vuelva a caer, /Espera aunque el calor te sofoque, /Espera aunque otros /Olvidados de ayer /No esperen.

Aunque no llegen cartas /Del frente distante, espera. /Espera aunque todos los que esperaban /Se hayan cansado de esperar. /Espérame y volveré, /No hagas caso /De quienes insisten /En que es hora de olvidar.

Que madre e hijo crean /Que ya no existo, /Que los amigos se cansen de esperar, /Que se sienten junto al fuego, /Que beban vino amargo /A la salud de mí alma... /Espera. Y no te precipites /A beber con ellos. /Espérame y volveré, /A pesar de todas las muertes,

El que no me esperaba /Que diga: Tuvo suerte. /Aquiellos que no supierin esperar, no podrán /Comprender /Que en medio del fuego /Tú fuíste quien me salvó /Esperándome.

Cómo salí con vida /Sólo tú y yo lo sabremos, /Simplemente porque tú supiste esperar Como nadie en el mundo.


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C. Simonov

Conclusões

"Não morreremos de velhos, morreremos das velhas feridas."

Semion Gudzenko (1922-1953)

A guerra germano-soviética ocupou um capítulo aparte na história da Segunda Guerra Mundial, principalmente pela ferocidade com que foi travada e pelo grau inaudito de destruição que provocou. Conforme o conflito foi se estendendo por boa parte da Rússia ocidental e se prolongando por quatro anos, terminou por ganhar dimensões épicas. Stalin tentou inicialmente dar um cunho ideológico ao ataque nazista, querendo entender que se tratava primordialmente de um enfrentamento entre o comunismo e o fascismo europeu. Hitler talvez pensasse o mesmo no começo. Mas o ódio que a ocupação da Rússia despertou entre os seus habitantes e as crescentes atrocidades dos invasores fizeram com que ela descambasse para uma guerra étnico-racial. Logo os comunistas trataram de defini-la como a Grande Guerra Patriótica, procurando com isso atribuir-lhe um cunho nacional-patriótico, chamando para as suas fileiras os nacionalistas e os anticomunistas que ainda sobreviviam no país, para formarem uma poderosa frente de resistência. Não se tratava mais de comunistas contra fascistas, mas do povo russo inteiro contra o que o escritor Ilya Ehremburg chamou de a "praga de gafanhotos", os alemães. E de fato, foi em solo russo que a Alemanha perdeu mais de 70% dos seus efetivos (cerca de três milhões de baixas).

A Vitória Soviética

Depois de terem sido detidos em Leningrado (cercada durante 900 dias) e na frente de Moscou, em dezembro de 1941, duas outras batalhas colossais colocaram fim nas possibilidades de vitória nazista. A primeira delas foi travada na cidade de Stalingrado, à beira do rio Volga, que culminou na rendição do 6º Exército Alemão, comandado pelo marechal Paulus, no dia 1º de fevereiro de 1943, que provocou uma perda de 300 mil homens. A segunda foi a batalha de Kursk, ocorrida no sul da União Soviética e que tornou-se maior batalha de blindados de todos os tempos, quebrando para sempre com a capacidade ofensiva do exercito alemão. Dali em diante, o exército vermelho, ao preço exorbitante de cinco milhões de baixas, tomou a contra-ofensiva em toda a extensão do fronte, até que, finalmente, os marechais soviéticos Zuhkov e Konev entraram numa Berlim completamente destruída, em abril de 1945, obrigando a Alemanha nazista à rendição final no dia 8 de maio daquele ano mesmo.


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Bandeira soviética erguida sobre o Reichtag em Berlim ( 2 de maio de 1945)

Bibliografia

  • Calvocoressi, Peter - Wint, Guy - Total War (Penguin Books, NY, 1981)
  • Carell, paul - Unternehmen Barbarossa (Clarck, Alan - Barbarossa: the Russian-german conflict, 1941-45 (Quill, NY, 1985)
  • Conquest, Robert - The Great Terror (Macmillan, Londres, 1968)
  • Cooper, Matthew - The German Army, 1933-1945 (Macdonald and Janes, Londres, 1978)
  • Liddel Hart - History of the Second World War (Pan Books, Londres, 1977)
  • Townshend, Charles - Modern War (Oxford University, Oxford, 1997)
  • Werth, Alexander - A Rússia na guerra (Civilização brasileira, RJ, 1966, 2 vols.)

  • Operação Barbarossa em video: