http://www.daslu.com.br/admin/smarty/templates/img_upload/BRICCountriesMap.jpg

Bloco de emergentes vai sair do papel

Pedro Paulo Rezende - Da equipe do Correio Brasiliense via NOTIMP FAB: 175/2008 de 23/06/2008

O primeiro encontro formal dos Bric — Brasil, Rússia, Índia e China — será em novembro, no Rio de Janeiro, e reunirá os ministros que cuidam da economia dos quatro países. A data, segundo fontes do Itamaraty, ainda depende de uma confirmação do ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega. A idéia é empreender ações conjuntas nos fóruns mundiais, dentro do que ficou acertado entre os ministros das Relações Exteriores na cidade russa de Ecaterimburgo, em 16 de maio, na reunião que formalizou a criação do bloco.

“Pretendemos atuar de maneira mais incisiva e integrada nas instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional”, definiu uma fonte do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. “A idéia é criar um sistema mais democrático e transparente e menos exclusivo, de maneira a favorecer o crescimento sustentável global. O modelo atual privilegia as nações mais ricas.”

A atuação não será limitada à esfera econômica. Os quatro países pretendem agir de forma concertada em termos estratégicos para quebrar a atual ordem unipolar, controlada pelos Estados Unidos. “Além de uma reunião de ministros das Relações Exteriores paralela à Assembléia Geral das Nações Unidas, realizaremos outra na Índia no próximo ano”, disse um diplomata brasileiro. “É importante ressaltar que os Bric têm enormes potencialidades. Reúnem dois grandes produtores de energia, Brasil e Rússia, e dois grandes consumidores, China e Índia.”

Há outros pontos importantes, segundo o professor Severino Bezerra Cabral, da Escola Superior de Guerra. São países com grande potencial Militar e forte liderança regional, três deles com armas atômicas e mísseis balísticos (Rússia, China e Índia). Nesse sentido, o governo brasileiro trabalha com tratados bilaterais entre seus companheiros de bloco.

Dois acordos já estão prontos e um encontra-se em fase final de redação. “Serão firmados com a Federação Russa”, revelou um diplomata. “O primeiro é sobre cooperação tecnológica-Militar. O segundo, também negociado, rege o tratamento de informações sigilosas. O último é bem mais complicado, porque trata de propriedade intelectual, que é vista na Rússia de maneira muito peculiar, mas estamos avançando no tema.”

Além desses acordos, um memorando de entendimento foi assinado recentemente pelo ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, e pelo secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, Valentin Alekseevitch. O acordo-quadro lança uma ampla cooperação entre os dois países, inclusive em tecnologias de ponta, como um caça furtivo de 5ª geração, e abre mecanismos de troca de informações sensíveis entre os governos.

OsBric nasceram de uma maneira insólita. A idéia de um bloco reunindo os quatro países surgiu de um tecnocrata do setor privado, Jim O’Neill, diretor de pesquisas econômicas do Banco Goldman Sachs, autor da tese Dreaming with BRICs: the path to 2050 (Sonhando com os Bric: o caminho para 2050). Os números são expressivos: os Bric reúne mais de 30% da população do planeta e um PIB semelhante a 40% do reunido pelo G-7, grupo dos sete países mais industrializados (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido). Segundo as projeções de O’Neill, os Bric ultrapassariam o G-7 em 2020.