FBI prende 406 por fraudes no mercado imobiliário dos EUA

Fonte: BBC Brasil

Residência nos Estados Unidos
FBI estima em US$ 1 bilhão o prejuízo causado pelas fraudes


O FBI (a polícia federal americana) anunciou nesta quinta-feira que 406 pessoas foram presas por participação em fraudes relacionadas ao mercado de financiamentos imobiliários nos Estados Unidos, pivô de uma crise que vem atingindo a economia mundial desde o ano passado.

A operação do FBI descobriu 144 casos de fraude entre 1º de março e 18 de junho, com uma estimativa de prejuízo de US$ 1 bilhão relacionada a esses crimes.

Entre os indiciados pelo Departamento de Justiça americano há corretores de imóveis e pessoas que ajudaram compradores de imóveis a conseguir empréstimos.

O anúncio do FBI ocorreu no mesmo dia em que dois gerentes do banco americano de investimentos Bear Stearns foram presos sob a acusação de praticar fraudes em dois fundos do banco.

Matthew Tannin e Ralph Cioffi são os primeiros executivos a enfrentar acusações criminais por causa da crise das hipotecas.

Tipos de fraude

Em uma nota divulgada pelo FBI no seu site, o órgão diz que só na quarta-feira 60 prisões foram feitas.

"Fraudes com empréstimos imobiliários e valores mobiliários representam uma ameaça significativa à nossa economia, à estabilidade do mercado de imóveis de nossa nação e à paz de espírito de milhões de proprietários de casas", disse o vice-secretário americano de Justiça, Mark Filip.

Segundo o FBI, a operação identificou envolvidos em principalmente três tipos de fraude – envolvendo empréstimos, esquemas de suspensão de ordens de despejo e concordatas de organizações credoras relacionadas a financiamento de imóveis.

No primeiro caso, freqüentemente os criminosos são intermediários em empréstimos para financiar imóveis em que eles mentem a respeito do cliente que contrai a dívida – exagerando seus bens ou sua renda, por exemplo.

Nos esquemas envolvendo ordens de despejo, os criminosos visam donos de imóveis que passam por dificuldades financeiras, exigindo propinas para evitar que eles sejam expulsos de suas casas.

Esses dois tipos de fraude podem ser praticados juntamente com o terceiro tipo de crime verificado pelo FBI, o de apresentar pedidos de concordata, levando a ordens de despejo.

Bear Stearns

Os dois executivos do Bear Stearns que foram presos gerenciavam dois fundos hedge do banco que eram apresentados aos investidores como sendo de baixo risco.

Apesar disso, os gerentes aplicavam o dinheiro dos investidores em títulos de dívidas como as dos subprime - financiamentos imobiliários para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência.

O fundo faliu no ano passado, deixando um prejuízo de US$ 1,4 bilhão.

Segundo o correspondente da BBC em Nova York Greg Wood, a promotoria deve argumentar que Matthew Tannin e Ralph Cioffi entendiam o perigo de aplicar o dinheiro do fundo nesses títulos, mas não alertaram os investidores. Tannin e Cioffi alegam inocência no caso.

O Bear Stearns foi um dos bancos mais afetados pela crise do subprime. A crise nos fundos hedge antecedeu o colapso da instituição como um todo, o que ocorreu neste ano.

No mês de março, o banco JP Morgan Chase concordou em comprar o Bear Stearns com o apoio do Federal Reserve, o banco central americano.


Recessão nos EUA não afetará emergentes, diz megainvestidor no 'FT'

Fonte: BBC Brasil

Corretor observa monitor na Bolsa de Valores de Nova York
Para megainvestidor, futuro dos emergentes é "brilhante

Os mercados emergentes, como o Brasil, deverão ser poupados dos efeitos da atual crise nos mercados financeiros internacionais e da possível recessão americana, na avaliação do megainvestidor Mark Mobius, que assina artigo sobre o tema na edição desta terça-feira do diário econômico Financial Times.

“Parece que há uma grande dissonância entre o que está acontecendo nos mercados emergentes e as notícias assustadoras sobre o subprime (crédito imobiliário de alto risco) vindas dos mercados nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha”, observa Mobius, que administra um portfólio de US$ 40 bilhões em investimentos em mercados emergentes.

Segundo ele, “a evidência até agora parece indicar que não somente a América Latina, mas os mercados emergentes em geral, não precisam necessariamente sucumbir à recessão americana”.

O artigo comenta que os países emergentes deverão crescer em média 7% neste ano, enquanto que nos países desenvolvidos a previsão de crescimento é de pouco mais de 2%.

“Não será possível que o crescimento dos mercados emergentes faça um pouco de cócegas nos gigantes econômicos do mundo?”, questiona o autor. “De fato, o aspecto mais animador do crescimento dos mercados emergentes é o fato de que os dois países mais populosos do mundo são os que mais crescem.

Curta duração

Mobius também argumenta que, qualquer que seja o desenvolvimento da atual crise, um eventual momento negativo nos mercados não deverá durar muito.

“Nossos estudos sobre os mercados emergentes indicam que os períodos de alta duram mais do que os períodos de baixa e promovem ganhos mais altos, em termos percentuais, do que as quedas nos períodos de baixa”, afirma o megainvestidor.

Segundo ele, nos últimos 20 anos houve oito diferentes períodos de alta e de baixa. Os períodos de baixa duraram em média sete meses, com uma queda média de 33%. Mas cada um desses períodos teria sido seguido de um período de alta, com duração média de 24 meses e um crescimento de 124% em média.

Para Mobius, “com os fundamentos dramaticamente melhorados nos mercados emergentes, o futuro é brilhante”.

“Então, quando as pessoas me perguntam quando é a melhor hora de investir em mercados emergentes, como nem eu nem ninguém pode prever o timing dos períodos de alta ou de baixa, eu recorro aos fatos: os períodos de alta vão além e duram mais do que os de baixa, e os fundamentos econômicos dos mercados emergentes são de fato impressionantes”, afirma.

O autor conclui dizendo que “o melhor momento para investir nos mercados emergentes é quando você tem dinheiro”.