A história do AT-63 começou a formar-se a fins dos anos 90’s com LMAASA já instalada na ex FMA e com a anuência da última administração de Menen, o programa foi tomando forma até que em Junho do 2000 se anuncia um novo contrato global avaliado em 230 milhões de dólares que incluía a construção de doze novos exemplares denominados AT-63, com reserva de uma opção por mais 24 unidades. É em meados do 2001 quando LMAASA anuncia a novidade estimando-se que o primeiro vôo sucederia em Novembro do 2001.

O governo do momento pôs muitos entraves ao projeto ao que se somou depois a crise econômica que obrigou a postergar o projeto em duas oportunidades, mas no 2002 o mesmo foi detido completamente e deveram decorrer quase dois anos para que em Fevereiro do 2004 se anunciasse dois novos contratos, um destinado à conversão dos IA-63 na nova versão, e o outro para os novos AT-63 mas com uma substancial redução do número solicitado. O roll out finalmente se levou a cabo o 15 de Dezembro de 2004 correspondendo ao exemplar EX03.
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As versões do AT-63

Basicamente foram desenvolvidas três versões, das quais somente a primeira voou e se encontra em serviço. O resto são versões projetadas especialmente destinadas à exportação e que incluem algumas melhoras de aviónica e motorización. A descrição de cada uma das versões é a seguinte:

Fase I o AT-63 Pampa NG
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É a desenvolvida para a FAA é base a seus requisitos operacionais, e em realidade se trata do IA-63 Pampa original equipado com telas LCD, HUD e sistemas de navegação digitais que permitem a realização de uma ampla variedade em missões de treinamento básico e avançado, com a possibilidade de gerar emergências simuladas e a capacidade de monitorar permanente por parte do instrutor.


Fase II o AT-63 Pampa NG ” A”
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É uma versão destinada à exportação, com capacidade para treinamento avançado e a possibilidade de ataque ligeiro, dispondo de uma configuração nos cockpits de duas telas LCD, novo HUD, aviónica melhorada, os 5 afustes para ônus externos e que mantém a mesma planta motriz da versão Fase I.


Fase III o AT-63 Pampa NG “B”
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Se trata da versão mais desenvolvida do AT-63 que inclui importantes mudanças em todo sentido: um motor de maior potência, Allied Signal TFE 731-40R de 1.940 Kg de empuxo, asa reforçada para suportar fatores de ônus de até +7g, dois afustes adicionais, capacidade elevada a 1,9 Tn de armamento externo, aviónica melhorada para a função de ataque, dispersadores de chamarizes, sistema de alerta radar, jammer e uma proa modificada para a adição de um telémetro/designador laser, ainda que também contempla a opção de instalar um radar multimodo do tipo APG-67

Sem nenhum anúncio publicitário de importância, o protótipo EX-03 realizou seu primeiro vôo o 23 de Junho de 2005 sendo testemunhas do evento os mil empregados de LMAASA e muito poucas autoridades.
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O AT-63 da FAA

As comparações nunca são boas, enfrentar ao IA-63 com o AT-63 não arrojará a nível prestações nenhuma diferença já que possuem os mesmos pesos, a mesma potência e o mesmo alcance. No entanto é a aviónica a que marca uma diferença substancial e que converte ao AT-63 num verdadeiro treinador LIFT com capacidades muito avançadas e níveis de precisão tanto em navegação e ataque realmente surpreendentes para uma aeronave de suas características. A concepção inicial da cabine “de cristal” nasceu com o Programa Pampa 2000, que apresentava a típica configuração HUD mais duas telas LCD (ver imagem inferior).
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Mas como o tema econômico foi uma constante no projeto, a FAA optou por incorporar somente uma tela LCD, mas de maiores dimensões e com tecnologia mais avançada.
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O cockpit está dominado por um Head Up Display de Elbit desenvolvido exclusivamente para o Pampa e que corresponde à família dos HUD SEU-967 do Op. Trata-se de um HUD multimodo com duplo cristal de projeção, um campo de visão para o piloto de 24 a 28 graus e dispõe do sistema de gravação de imagens projetadas para sua posterior análise. Imediatamente por embaixo do mesmo se encontra o UFCP (Up Front Controle Painel) dotado de uma ampla botonera e um mini-display que se utiliza para o rendimento de dados de comunicações e navegação. Quanto à tela multifunção se trata de uma Elbit 5”X7” P3 Ative Matrix Liquid Cristal Display (AMLCD) Multifunction Cor Display Unit (MCDU) de aproximadamente 12,7 x 17,7 centímetros destinada principalmente à apresentação de dados de vôo e que ademais dispõe de outras opções ou menus de apresentação, incluindo a possibilidade de projetar mapas digitais. É uma tela VGA de alta resolução e compatível com o uso de óculos de visão noturna.
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Para ter uma idéia do avançado desta tela, há que ter presente que a 5X7 P1 é utilizada nos F-16 Block 40/50 e a 5X7P2 nos F-16 Block 60.
O outro elemento de maior importância do AT-63 é o sistema de navegação inercial por giroláser Honeywell HG-764 EGIR com assistência de GPS. O HG-764 consta do sistema digital de anéis por giroláser GG1320AN, os acelerómetros QA-200, o receptor GPS e o radioaltímetro. O navegador processa toda a informação destes equipes e lhe outorgam ao AT-63 uma precisão em navegação e ataque de última geração, inclusive com algumas vantagens mínimas acima do sistema de navegação do A-4AR.

A outra equipe de singular importância é o computador de missão, possivelmente um modelo MDP/MMRC de Elbit, que fornece a informação necessária para o cumprimento da missão, tal como informação de navegação, comunicações, lançamento de armas, etc. já que é alimentada via interface com todas as equipes de navegação e comunicações.

Complementam o equipamento do AT-63 dois indicadores digitais policromos situados por embaixo do UFCP, que fornecem dados de navegação e horizonte artificial, contando este vital instrumento com um back up de acionamento electromecánico; não podendo obviar-se os comandos HOTAS que proporcionam uma ajuda sem igual para que o piloto somente com seus dedos acione diferentes sistemas da aeronave.

Todos e cada um dos sistemas mencionados se encontram conectados a um ônibus de dados digitais 1553B quem é o encarregado de "receber e administrar” a informação que cada um dos sistemas proporciona.

Ainda que é difícil confirmar a existência de algumas equipes, tudo indica que o AT-63 também dispõe de um sistema de transferência de dados DTC( Data Transfer System) e de um sistema digital de planejamento de missão que permite o uso de cartografia digital.

Depois de percorrer o equipamento do AT-63 é notório que não se parece para nada ao IA-63. As equipes mencionadas lhe permitirão à FAA adestrar e treinar a seus pilotos com o último em matéria de tecnologia, aparte de proporcionar-lhe à aeronave uma capacidade de navegação e ataque de primeiro ordem ainda que isso não seja o papel previsto para o AT-63.


O AT-63 em serviço

Sem nenhum anúncio em especial, os primeiros AT-63 chegaram à IV Brigada Aérea e muito cedo começaram a operar. Pelo momento se trata de dois exemplares que estão brindando a conversão operativa ao modelo dos pilotos-instrutores do CEPAC. O primeiro deles, com matrícula E-816 (antes EX-02) luz um interessante esquema de duas gamas de cinza superioridade aérea, muito similar aos utilizados com os A-4AR; em tanto o EX-03 se encontra atribuído ao CEV (Centro de Ensaio de Vôos).

De cumprir-se com o pactuado, LMAASA entregará durante este ano oito AT-63 modernizados(de um total de dez) e dois ou três AT-63 novos(de um total de seis), completando-se o total pactuado de 16 unidades durante o ano próximo; ainda que podem existir algumas variações menores nas entregas.

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Tal como se mencionou aqui, Buthet -presidente de LMAASA- espera algum pedido adicional por parte da FAA. Os comentários são muitos, inclusive levar os AT-63 à Fase II num futuro não muito longínquo, mas em concreto não há nada. Também não há confirmação oficial sobre o destino dos seis exemplares que deve produzir LMAASA por sua própria conta, mas foi o mesmo Buthet quem deixou entrever a possibilidade que ditas unidades sejam destinadas ao COAN, inclusive mencionando que poderiam ser oito exemplares. Mas aqui também não há nenhuma confirmação oficial que isso suceda.

Além das especulações, a FAA dispõe desde agora de um sistema de armas de primeiro nível para o adestramento avançado dos futuros “falções”. Mal ou bem o avançado e preciso de seu equipamento deixam entrever também uma plataforma de ataque de muito alta precisão, e ainda que só seja um treinador com todas as limitações que isso implica, subestimar as “ligeiras capacidades bélicas” do AT-63 pode ser um grande erro. Quiçá com uns dentes algo adequados ao nível de seu equipamento, pode deparar algumas surpresas. Não é um caça nem um avião de ataque ou apoio, mas pode pôr uma bomba com uma precisão centimétrica…. muito superior a um Pucará, a Um Mirage e quase igual a um A-4AR.

Quiçá os desejos de LMAASA se cumpram e a FAA adquira algumas unidades adicionais para complementar aos Pucará. Seria um mix interessante desde o ponto de vista operativo e também um modo de não perder com a tradição da III Brigada Aérea de contar com material nacional.

Texto postado pelo Spirit666 no forúm Zona Militar

FMA IA-63 PAMPA:A IMITAÇÃO BARATA ARGENTINA DO ALPHA JET
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PAMPA em video: