Fonte: Valor Econômico
O projeto de produção de helicópteros militares no Brasil sairá do papel no próximo dia 30. A Helibras, sua controladora Eurocopter e o governo brasileiro lançam oficialmente o programa de fabricação, no país, do SuperCougar, helicóptero de uso militar de transporte e de ataque. As Forças Armadas brasileiras deverão adquirir pelo menos 50 unidades do modelo, que será produzido na fábrica da Helibras, localizada em Itajubá (MG). Os primeiros helicópteros deverão estar em operação no início de 2010.
Além de suprir a demanda brasileira, a fábrica deverá atender a países vizinhos. Chile e Venezuela já mostraram interesse pelo modelo. Segundo Viana, a mão-de-obra especializada em mecânica e a demanda assegurada foram os fatores determinantes para que o projeto ganhasse corpo. E a EADS, dona da Eurocopter, também vem buscando, nos últimos anos, transferir suas linhas de produção para fora da Europa, para escapar do "custo euro". A Eurocopter cogitou a instalação da fábrica após o governo brasileiro ter lançado, em meados do ano passado, consulta de aquisição de helicópteros para modernizar as Forças Armadas.
O Brasil vai produzir a mais moderna versão do SuperCougar, helicóptero que pode transportar até 22 pessoas e voar a 300 quilômetros por hora. Hoje, esse helicóptero só é produzido na França e pode custar até US$ 50 milhões, dependendo de sua configuração. "O helicóptero brasileiro vai sair mais barato", disse ao Valor o presidente do conselho de administração da Helibras, Jorge Viana.
A expansão da linha de montagem do SuperCougar deverá exigir investimentos de ? 200 milhões, mas o governo de Minas Gerais já alardeou que a instalação do que vem sendo chamado de "novo pólo aeronáutico brasileiro" (em alusão ao pólo de produção desenvolvido em torno da Embraer) poderá movimentar cerca de ? 4 bilhões.
Viana evita falar sobre cifras. Mas informou que nas próximas semanas vai se reunir com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para discutir linhas de financiamento para o projeto. Instituições francesas também darão apoio financeiro à Helibras e a futuros parceiros estratégicos.
"Já estamos negociando tranferências tecnológicas para produção local de peças", afirmou Viana. As negociações já estão avançadas com alguns fornecedores, principalmente de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. A gaúcha Aeroeletrônica é cotada para produzir aviônicos (sistema de navegação da aeronave), enquanto a Inbra, de Mauá (SP) poderá fornecer materiais compostos. A francesa Turbomeca (turbinas) e a italiana Finmeccanica também mantêm conversas.
O centro de engenharia do projeto ficará em Minas Gerais. No Rio de Janeiro deve ser instalado o primeiro simulador de vôo de helicópteros para treinamento de pilotos. Hoje, esse equipamento só está disponível na Europa e nos Estados Unidos.
Por conta dos novos investimentos, a composição societária da Helibras, única fabricante de helicópteros da América Latina, poderá passar por mudanças. Hoje, a Eurocopter possui 45% da empresa; o governo de Minas tem 25% de participação. A Bueninvest, do empresário Edmond Safdié, detém os 30% restantes e estuda propostas para se desfazer do negócio.
A oficialização do projeto deverá contar com a presença dos presidentes mundiais da Eurocopter e da EADS e de autoridades francesas e brasileiras. A cerimônia também marcará o aniversário de 30 anos da fundação da Helibras, instalada inicialmente em São José dos Campos (SP).
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