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Adriana Esteves vem se destacando como a neurótica Celinha de ´Toma lá, dá cá´ e prova que sabe fazer comédia. (Foto: Simone Marinho)

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Adriana Esteves: ´Sou uma pessoa que se joga, se aprofunda. Não tenho medo de mudar´

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Adriana Esteves nas novelas ´Kubanacan´ (Foto: Divulgação/ TV Globo)

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e em ´Torre de Babel´ (Foto: Divulgação/ TV Globo)

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De Marcos para Adriana

Uma dona-de-casa que dá faniquitos ou uma mulher corajosa em seus últimos dias com o rei do cangaço. Para Adriana Esteves, tanto faz se a sua personagem é cômica, a Celinha de ´Toma lá da cá´, ou dramática, a Maria Bonita, de ´Auto de Angicos'

O grande público, leia-se o de televisão, porém, vem ligando mais o seu nome a uma das moradoras do tresloucado Jambalaya Ocean Drive. No humorístico da TV Globo, escrito por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, a atriz, de 38 anos, tem arrancado gargalhadas e dominado as cenas, principalmente quando surta num daqueles seus ataques cheios de caras e caretas.

Celinha — uma impecável ´administradora do lar´, que se veste como aquelas mulheres perfeitas de anúncios dos anos 50, embora meio neurótica — foi criada pelos autores para Adriana. Falabella sabia que era um risco oferecer um papel cômico a uma intérprete que já fez tantas mocinhas dramáticas, mas a estrela topou o desafio e superou as expectativas.

´Adriana, assim como eu, vem do subúrbio do Rio e brinca, em sua Celinha, com um ´carioquês´ cheio de ginga e expressões próprias, conferindo à personagem uma credibilidade fundamental ´, diz Falabella.

Maria Carmem aponta Adriana como uma revelação no humor. E o motivo é simples: ´Na vida real, ela é muito bem-humorada, espirituosa. Quando a gente conversa com ela, percebe como ela pode ser ainda mais engraçada´, diz a autora, que compara o carisma de Celinha com o de Copélia (Arlete Salles). ´Apesar de uma ser o oposto da outra. A Celinha seria a ´popular politicamente correta´´.

Descoberta

Outro ator de ´Toma lá, dá cá´, Diogo Vilela acredita que Adriana se redescobriu na sátira. ´ Seu potencial estava adormecido. Acho até que ela está se descobrindo nesta área´, avalia ele. ´Adriana está vivendo um grande momento de sua carreira. Ela merece estar sendo coroada. É uma trabalhadora´.

A princípio, a atriz diz que seu encontro com o humor não deveria ser novidade para os telespectadores. Apesar de nos últimos trabalhos em TV ter vivido a heroína de ´A Lua me disse´ (de Falabella e Maria Carmem, em 2005) e a malvada Nazaré, na primeira fase de ´Senhora do destino´ (de Aguinaldo Silva, em 2004), ela acha que as pessoas já conhecem seu lado burlesco desde Catarina de ´O cravo e a rosa´ — trama de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira exibida há oito anos. Mas, quando pensa em Celinha, reconhece que a personagem tem um grande apelo.

´Esse humor rasgado que eu faço no ´Toma lá, dá cá´ pode ser surpresa para os outros, mas para mim não é ´, diz ela, que, em seguida, pondera: ´Mas, pensando melhor, lembro que outro dia, quando terminou a peça (em cartaz em São Paulo), que é trágica, vi uma pessoa aplaudindo, chorando e imitando aquele tique nervoso da Celinha´.

Diretora do programa, Cininha de Paula acredita que ´nem sempre por trás de uma grande atriz há uma grande comediante´. O que, para ela, não é o caso de Adriana: ´Ela já tinha mostrado isso em ´O cravo e a rosa´, mas, num programa semanal, ainda não. É interessante vê-la crescendo no humor´.

Aguinaldo Silva, com quem a atriz trabalhou em ´A indomada´, em 1997, não acha que o caminho de Adriana seja só o ´da comédia levíssima dos seriados.´ E mais: ele diz que se preocupa com o número de atores de peso que vem se dedicando apenas a um gênero. ´Como Fernanda Torres, Pedro Cardoso, Selton Mello, Luís Fernando Guimarães, Diogo Vilela... Sem falar na própria Adriana, que acabou de aportar na comédia´.

Para Walcyr Carrasco e Silvio de Abreu, no entanto, Adriana não precisa seguir um único caminho, podendo viver com segurança uma heroína romântica, uma bandida ou uma Celinha.

Trajetória

Ao olhar para trás, a atriz diz, sem medo dos clichês, que está plantando o que colheu. ´Sou uma pessoa que se joga, que se aprofunda, não tenho medo de mudar de opinião ou de pedir desculpas. Até tudo o que eu sofri, sofreria de novo. E falo de romances, família, ´Renascer´ (de Benedito Ruy Barbosa, de 1993, em que levou uma enxurrada de críticas). Tenho muito carinho e respeito pela minha trajetória´.

Por causa das gravações e das apresentações da peça, Adriana faz valer cada minuto. Com ela, não há tempo a perder ou espaço para estrelismos. Chega 15 minutos antes do horário combinado para a entrevista e não quer saber nem de arrumar o cabelo.

´De uns tempos para cá, se faço escova, depois eu me vejo nas fotos e parece que aquilo não está combinando comigo. Ninguém tem o cabelo assim, esticado. Agora me sinto melhor despenteada´, diz a atriz que procura ser autêntica.

DE FALABELLA PARA ADRIANA: ´entrega´

Conheci Adriana Esteves no início da década de noventa, quando fizemos juntos um especial para a Globo, chamado ´Marina´. Lembro-me perfeitamente da impressão que a jovem me causou, pois apesar da pouca idade e inexperiência, ela já enchia a telinha com carisma e talento incontestáveis. Meu motorista na época, lembra-se de um comentário que fiz, no qual eu vaticinava que aquela moça seria uma estrela. Os anos seguintes confirmaram minha previsão e Adriana brilhou em vários papéis.

Nunca mais tivemos a oportunidade de trabalhar juntos, ainda que a admiração ali estivesse todo o tempo. Quando finalmente ´Toma lá, dá cá´ foi aprovado, eu exultei, pois Celinha tinha sido criada para Adriana e eu via ali a oportunidade de voltar a trabalhar com uma atriz que admiro.

Temia, entretanto, que a protagonista de tantas novelas não pudesse assumir um seriado semanal, arriscando um vôo pelas vias da comédia. Mas ela quis fazer e, mais uma vez, provou que eu estava certo em minha escolha. Sua Celinha é brilhante e traz a assinatura inconfundível da atriz. Em última análise, Adriana é craque. E, de quebra, é uma amiga adorável e consciente, de modo que este texto, além de homenageá-la, é uma forma de dizer muito obrigado por tantos anos de talento e entrega. Um beijo do amigo e admirador. Miguel Falabella.

Homenagem
De Marcos para Adriana

Adriana que ri,
Adriana que chora,
Adriana que vibra,
Adriana que adora...

Mulher menininha,
Cabeça lotada,
Encanto com a vida,
Família alcançada...

Trabalho e prazer,
Esforço constante,
Criança chamando,
Mamãe num instante,

João Pedro e Mariana,
Alexandre e Sandrinha,
Lampião e Maria,
Alegria divina,

Futuro veremos,
Espaço criamos,
Colegas eternos,
No palco amamos...

Texto de Marcos Palmeira

Elizabete Antunes
Agência O Globo