O que foi o caso Watergate O caso Watergate, um episódio de escuta ilegal na sede do partido democrata por elementos ligados ao governo, abalou a história americana. Esse marco foi fruto do trabalho de dois repórteres do jornal Washington Post, Bob Woodward e Carl Bernstein, que foram além na invasão do Edifício Watergate, em Washington. Cinco pessoas foram presas no edifício comercial Watergate com material eletrônico de espionagem. Os cinco homens que invadiram a sede do Partido Democrata, de oposição ao governo de Richard Nixon, eram ex-membros da CIA (Agência Central de Informações), que haviam participado de outras operações secretas durante o governo de John Kennedy. A espionagem era comandada por G. Gordon Liddy, ex-agente da CIA, e pelo diretor de segurança do comitê para reeleição do presidente, James McCord. O plano tinha por objetivo descobrir qual a fonte dos vazamentos de informações - daí os integrantes serem chamados de "encanadores". Entre os invasores estavam os ex-agentes Bernard Barker e Eugenio Martinez, que participaram de operações para a deposição do regime comunista de Fidel Castro. Os mandantes instalaram um posto de comando num quarto de hotel do outro lado do edifício, onde ficava a sede do partido. Na madrugada de 17 de junho de 1972, cinco meses antes das votações presidenciais, os invasores são denunciados pelo vigia do prédio. São pegos fotografando documentos e checando aparelhos de escuta instalados anteriormente. O fato foi abafado por falta de provas e a mídia não deu tanta atenção por não haver novidades. Somente o jornal Washington Post, dirigido pela proprietária Katharine Graham, aprofundou-se nas investigações, a partir de pistas deixadas pelos "encanadores". Bob encontrou no edifício uma caderneta de um dos invasores. Nela, o repórter achou o nome do assessor da Casa Branca e a escrita "W. House", que poderia tanto ligar o caso a um bordel como à mansão presidencial. A informação mais importante foi dada a Woodward, por uma fonte segura da Casa Branca, que ficou conhecida como "Garganta Profunda". | Planos de Nixon previam união da CIA e do FBI para aumentar a espionagem interna A pretensão do governo era acabar com a Guerra do Vietnã e com as dissensões no país. Para isso, Nixon propôs a união da CIA e do FBI para aumentar a espionagem interna. No plano do presidente, telefones poderiam ser grampeados, casas invadidas e correspondências violadas. Contudo, a estratégia era contrária à filosofia da CIA e do FBI. Assim, Nixon não recebeu o apoio de J. Edigard Hoover, diretor do FBI. Não porque o fato fosse ilegal, mas porque Hoover temia que o caso caísse no conhecimento público. Caso isso acontecesse, afetaria a agência que ele levara anos para construir. Contrário às exigências do presidente, Hoover se alia a Richard Helms, diretor da CIA, que orienta ao presidente o embaraço que este plano causaria ao governo caso fosse descoberto. Hoover morre em maio de 1972 e seis semanas depois o plano é executado. Neste período, uma série de pedidos de demissão acontece. Mesmo com a prisão e a sentença dada aos invasores, Nixon é reeleito. Mas o Washington Post prossegue com as investigações e o Congresso abre um processo de impeachment contra Nixon. A ação penal terminou com a condenação dos sete funcionários mais importantes do governo, entre eles o secretário da Justiça, John N. Mitchell, o chefe da Casa Civil, H.R. Haldeman, e o assessor de Nixon, John D. Ehrlichman. Nixon é apontado como co-conspirador não-indiciado. Para encobrir o plano, o presidente convocou a segurança nacional pela invasão dos portos, em que a CIA estava envolvida diretamente. O esquema exigia a cumplicidade da CIA, mas este plano não foi acatado por Helms. Nixon assumiu dificultar as investigações e pediu sua renúncia. Gerald Ford assume o poder e concede o perdão presidencial a Nixon. | O caso Watergate projetou o Washington Post como um jornal compromissado com a verdade, saindo da sombra do New York Times. O faro jornalístico de Bob Woodward e Carl Bernstein mudou a história do povo americano e mostrou até onde se pode chegar na luta pelo poder. Os repórteres Bob Woodward e Carl Bernsteinreceberam o Prêmio Pulitzer, que é atribuído por contribuições relevantes no campo de jornalismo, música e literatura. Bob e Carl publicaram o livro Todos os Homens do Presidente, que foi adaptado para o cinema em 1976, por Alan J. Pakula. | * Recomendamos o filme Todos os Homens do Presidente, de Alan J. Pakula, que retrata o caso Watergate. O filme pode ser retirado na Millenium Video Locadora - www.videomil.com.br "Washington Post" confirma identidade de fonte do caso Watergate da Folha Online O jornal americano "Washington Post" confirmou na terça-feira, 31 de maio de 2005, que o ex-funcionário do FBI [polícia federal dos EUA] Mark Felt, 91, é o "Garganta Profunda"-- fonte secreta que passou as informações do caso Watergate. Bob Woodward, um dos dois repórteres do jornal que investigaram e denunciaram o caso na época, confirmou que Felt foi a fonte, mantida secreta por mais de 30 anos. "Woodward confirma que Felt era o "Garganta Profunda", publicou nesta terça-feira o "Washington Post" em sua versão na internet. "Ele disse que Felt ajudou o jornal em um momento de relações tensas entre a Casa Branca e a maioria da hierarquia do FBI", diz o texto. A confirmação acontece horas depois que o próprio Felt revelou o segredo em entrevista publicada na revista americana "Vanity Fair". "Eu sou o cara que costumavam chamar de "Garganta Profunda", afirmou o ex-agente à revista. Felt, que vive em Santa Rosa, na Califórnia, era o número 2 do FBI no início da década de 70, durante a administração de Nixon. Segundo a revista, até 2002, ele manteve o segredo até mesmo de sua família. Livro O "Garganta Profunda" ficou popular depois do livro "Todos os Homens do Presidente", publicado por Woodward e Bernstein em 1974, que foi transformado em filme em 1976. O nome de Felt esteve freqüentemente na curta lista de suspeitos, mas ele negou ser o "Garganta Profunda" no passado. Além da própria fonte, apenas outras três pessoas supostamente sabiam sua identidade -- Bernstein, Woodward e Ben Bradlee, que era editor-executivo do "Post" na época. Durante muito tempo, os três diziam que preservariam a identidade da fonte até sua morte, mas a promessa foi quebrada por Woodward após a revelação de Felt. No artigo publicado pelo "Post" na internet, Bradlee afirma que o número 2 do FBI era "uma boa fonte". Fontes: Canal da Imprensa Estadão Terra |
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