HMS Queen Elizabeth e HMS Prince of Wales
Fonte: Area Militar

Embora com muitas duvidas e várias incertezas, avanços e recuos, a confirmação da construção dos dois futuros porta-aviões da Royal Navy foi assinada hoje, com as empresas BAE Systems e Vosper como os principais encarregados da construção

A assinatura dos contratos de construção destes navios não está isenta de críticas de vários sectores na Grã Bretanha, principalmente quando o exército se queixa de problemas com equipamentos no Afeganistão.
Entre as várias queixas, está a de a Grã Bretanha optar por adquirir navios de custo altíssimo, quando as suas tropas no terreno ainda estão equipadas com Land Rover fracamente blindados [1].

As autoridades britânicas responderam afirmando que esses problemas estão a ser resolvidos e que não existe qualquer ligação entre as necessidades tácticas do exército, e os projectos futuros da Royal NAvy, que vão assegurar um lugar para a Grã Bretanha no século XXI.

Com efeito, os dois novos navios são um marco em todos os aspectos. Eles são os maiores navios de guerra alguma vez construídos por um país europeu, e ultrapassam enormemente a capacidade dos pequenos porta-avioes ligeiros do tipo Invincible, que os britânicos utilizaram na guerra das Malvinasm em 1982.

A decisão de voltar a construir porta-aviões de grandes dimensões [2] depois de se ter tomado a decisão de os abandonar nos anos 60, foi resultado directo da experiência da guerra de 1982, que demonstrou a vantagem de dispor de navios como base para operações aéreas, mesmo que fossem de pequenas dimensões.
Cada um dos novos navios, terá capacidades que ultrapassam todos os porta-aviões da classe Invincible juntos e darão à Grã Bretanha um poder naval só ultrapassado pelos Estados Unidos.
Outros países operam porta-aviões, mas nenhum disporá de equipamentos com as dimensões e sofisticação destes dois.

Problemas e desvantagens
Já segundo analistas militares mais conservadores, os porta-aviões britânicos têm no entanto um calcanhar de Aquiles.
Eles não têm catapultas que servem para projectar aeronaves [3] aumentando o ritmo de descolagens e aterragens, mas acima de tudo, não possuindo essa capacidade eles não têm possibilidade de lançar aeronaves de vigilância antecipada, ou «aviões - radar» que voam em volta ao grupo de batalha que tem o porta-aviões no centro e detectam a aproximação de aeronaves hostis. Esta capacidade permite alertar os aviões do próprio navio, para que ataquem os aviões hostis, antes que estes efectuem um ataque com mísseis.

Para poder fazer isto, e dar tempo aos aviões para interceptarem as ameaças, são necessários radares de grandes dimensões, que naturalmente têm peso elevado.

Entre as possíveis soluções para o problema, poderão estar novos sistemas de radar, utilizando aeronaves não tripuladas, que são mais leves e poderão descolar no curto espaço disponível na coberta. Outra solução é a que já foi anteriormente utilizada nas Malvinas, que consiste em colocar um radar num helicóptero. Esta opção não é no entanto vista como muito prática e é relativamente ineficiente. A autonomia do helicóptero é relativamente reduzida e o radar que transporta também é mais pequeno e portanto menos capaz.

À frente dos franceses
A assinatura do contrato, ocorre na semana seguinte a terem sido publicadas notícias que mais uma vez colocam em causa a possibilidade de construção do porta-aviões francês baseado no mesmo conceito, e que serviu de base para os dois navios britânicos.

A ideia inicial de construir uma classe de três navios foi sendo gradualmente abandonada, à medida que britânicos e franceses foram especificando características diferentes.
As modificações têm sido tantas que ultimamente até já foi referida a possibilidade de o navio francês ser equipado com um reactor nuclear em vez de turbinas, como tinha sido inicialmente programado.

Arma de importância estratégica
A Grã Bretanha também fica de posse de dois equipamentos militares que lhe garantem uma enorme capacidade de combate a grandes distâncias.
Operando conjuntamente com os novos contratorpedeiros da classe Daring (seis navios de um projecto inicial de doze) e com o apoio de outras unidades auxiliares e navios porta-helicópteros, a Royal Navy continuará a ter uma palavra a dizer nos conflitos internacionais do século XXI.


[1] – Segundo estudos independentes publicados na Internet, uma em cada nove vítimas mortais britânicas no Afeganistão resulta da deficiência da blindagem dos veículos.
[2] - Os últimos dois navios deste tipo foram retirados de serviço nos anos 70 e eram navios com deslocamento de 50.000 toneladas.
[3] – Presentemente apenas os Estados Unidos, a França e o Brasil têm porta-aviões com essa capacidade.