Proprietários dos estabelecimentos tentam parcerias com taxistas para evitar queda no movimento dos clientes
Desde que vigora a Lei Federal Nº 11.705, também conhecida como Lei Seca ou Tolerância Zero, o movimento de clientes e o faturamento de bares e restaurantes de Fortaleza caiu. A informação foi dada pelo presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará, Augusto Mesquita.
´Somente no último fim de semana, percebemos uma redução de até 35% nos estabelecimentos da Capital´, ressaltou Mesquita. Ele disse também que a associação está aguardando uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspenda ou altere a legislação, já que a Abrasel ingressou, na última sexta-feira, com ação declaratória de inconstitucionalidade contra a Lei naquele tribunal. ´Não somos contra a lei, somos contra a rigidez da lei. É um absurdo a pessoa ser multada ou até presa por ingerir somente uma taça de vinho. Não se muda a tradição e os costumes da população impondo uma lei rigorosa. Nossa intenção é de que a tolerância não seja zero. Em outros países, os índices aceitáveis de concentração de álcool por litro de sangue são quatro ou cinco vezes maiores´, comentou.
Efeitos da lei: representantes de associações de bares, restaurantes e de barracas da Praia do Futuro reclamam da severidade da Lei Federal Nº 11.705, que provocou diminuição no movimento dos clientes e no faturamento (Foto: Daniel Roman)
A mesma redução de movimento de clientes sofrem os proprietários de barracas da Praia do Futuro. ´Essa lei chegou como uma bomba pra nós. Investimos muito nessa alta estação, inclusive em recursos humanos e agora ficou difícil ter uma alternativa para contornar o prejuízo. No fim de semana percebemos uma redução de 30% no movimento´, afirmou Fátima Queiroz, presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro.
Segundo ela, as barracas são mais prejudicadas pelo fato de haver muitas blitzes nos acessos à Praia. ´A lei seca foi muito brusca. Se eu tomo um copo de cerveja, já sou autuada. Isso é arbitrário´, exclamou Fátima.
Alternativa
Para evitar a diminuição no faturamento e no movimento dos clientes, alguns estabelecimentos têm oferecido formas alternativas para o transporte dos fregueses. ´Disponibilizei uma van na frente do meu Bar para levar os clientes para casa´, disse Augusto Mesquita. O presidente da Abrasel no Ceará também tenta fazer parcerias com cooperativas de taxis. ´Nossa intenção é conseguir descontos para os clientes dos bares e restaurantes. Se firmarmos a parceria, resolveríamos dois problemas: o da lei e o dos estacionamentos´, explicou.
Sem prejuízo
Apesar das queixas dos representantes das associações, alguns empresários do setor de bares e restaurantes afirmam não ter percebido queda no faturamento após o surgimento da Lei Seca.
´Graças a Deus não senti diminuição. Mas tenho que ressaltar que meu público é diferenciado, a maioria turistas que vêm dos hotéis em vans, ônibus ou taxis. Quem tem clientes da Cidade sofreu mais´, disse Francisco Lourenço, proprietário da Barraca Chico do Caranguejo, na Praia do Futuro.
Para Eliezer Pereira, gerente da Churrascaria Tropeiro Grill, no Bairro Joaquim Távora, Não houve queda no movimento dos fregueses, houve uma mudança nos hábitos. ´Depois da Lei Tolerância Zero, os clientes têm chegado mais cedo no restaurante, tanto na semana como no fim de semana. Depois das 22h, o movimento cai bastante. Dá até para fechar as portas nesse horário´.
GUTO CASTRO NETO
Repórter
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