Empresa dos Urais propõe o seu super-tanque para substituir T-72

Fonte: área Militar

Embora não tendo a mesma projecção do programa para a aquisição de aeronaves para a força aérea da Índia, o veículo de combate do futuro que está em estudo pelas autoridades militares indianas tem todas as características necessárias para se transformar num ponto de interesse e de concorrência internacional.

As escolhas e opções actuais têm vindo a ser condicionadas por dois poderosos grupos de interesses defendendo um deles a aquisição de viaturas blindadas de origem russa da família T-72 (T-90S) e a outra defendendo o carro de combate pesado «Arjun» um veículo cujo desenvolvimento demorou tanto tempo que segundo os seus opositores citados por fontes, se tornou obsoleto.

Tentando ultrapassar o problema, a Índia está agora a iniciar uma fase de estudo preliminar, no final da qual se deverão tomar decisões que influenciarão as futuras aquisições de carros de combate.
Várias empresas foram convidadas para esta primeira fase de contactos em que se pretende estudar as possibilidades que existem, as tecnologias e os conceitos mais modernos sobre os veículos de combate do futuro.

A importância do mercado indiano, a segunda mais importante de entre as chamadas «economias emergentes», onde as aquisições de veículos militares normalmente se cifram em milhares atrairá inevitavelmente os principais fabricantes mundiais de veículos de combate blindados.

Sem que seja surpresa, entre os primeiros a acusar a recepção do convite, está a empresa russa «Uralvagonzavod», literalmente «fábrica de vagões dos Urais», um complexo industrial construído no período da antiga União Soviética nos montes Urais e onde foi desenvolvido o tanque T-72.
A empresa, que já é a fabricante do T-90S (que está ao serviço no exército russo e foi encomendado pelo exército indiano), está a promover a sua próxima geração de veículo blindado, que é conhecido como Projecto-775, e também é referido não oficialmente como T-95, uma designação «NATO».

O projecto 775 já terá sido apresentado às autoridades militares russas, que não o consideraram oportuno. A opção russa para principal veículo de combte das suas principais unidades, é o T-90S e por isso o projecto 775 continua apenas em desenvolvimento lento. A análise das fotos que existem de um protótipo do T-95, parecem corresponder a um tanque T-90S com modificações ao nível da torre, onde foram estudados alguns conceitos - para a possibilidade de um desenvolvimento futuro – e com protecção lateral adicional, aparentemente idêntica à estudada para o tanque ucraniano Yatagan.

Aparentemente, e pelas diferentes configurações que têm sido mostradas pela imprensa especializada, o T-95 não é um conceito que esteja já definido.
A empresa de Nizhni-Tagil na Rússia começou a desenvolver o T-95 sem qualquer encomenda ou pedido e o modelo pareceu ser a resposta à iniciativa de outro agrupamento industrial, conhecido como Transmash e que se situa em Omsk, na Ásia central que também está a estudar um novo veículo, derivado do T-80, o T-80UM2, «Black Eagle».

O plano indiano para um projecto de novo veículo blindado, incorporando novas tecnologias e novos conceitos, aparece agora como uma possibilidade para co-financiar o desenvolvimento e eventual construção do T-95.

Várias características e tecnologias - umas mais fantasiosas que outras - têm sido apontadas como fazendo parte do projecto do novo veículo blindado.
Se é verdade que os «tanques» da família T-72 e T-80, não provaram em combate, tendo quase sempre sido derrotados quando colocados perante tanques ocidentais, não deixa de ser verdade que a escola russa de tanques, tem mais tradições que a dos países ocidentais, onde apenas a Alemanha tem uma tradição de desenvolvimento de carros de combate pesados que se lhe pode comparar.

Os desenhos conhecidos do «projecto 775» apontam para uma suspensão derivada do T-72, o que não é exactamente de estranhar, pois o que diferenciou a fábrica de Nazhni-Tagil mesmo no período da URSS, foi o seu desenho do sistema de suspensão para o T-72, mais eficiente e mais barata que a do tanque T-80[1]. O sistema motriz deverá ser melhorado e a potência do carro de combate deverá pelo menos igualar a do Abrams americano ou do Leopard-2 alemão, com um motor «multifuel» de 1500cv. Como o T-95 deverá manter um peso na casa das 50 toneladas, ele deverá por isso conseguir uma velocidade máxima na casa dos 80km/h ou eventualmente mais que isso.
A velocidade elevada sustentada, é importante quando o tanque tem uma blindagem inferior e embora não haja dados conhecidos, a blindagem do T-95 não deverá ser o seu forte, embora se espere que conte com ligas de vários metais e componentes cerâmicos além de uma cobertura reactiva.

Outra das características apontadas nos projecto se desenhos conhecidos, é a da torre de perfil muito baixo, completamente automática. O T-95 terá três tripulantes, ou apenas dois, consoante o nível de automatização. Entre as opções em estudo está a de um veículo com uma torre não tripulada equipada com um canhão de alma lisa de 152mm, capaz de atingir alvos a distâncias de 4km a 7km.
Especial ênfase será dado à protecção, que é universalmente aceite como o calcanhar de Aquiles de grande parte dos projectos russos. Com uma torre mais baixa e não tripulada, a protecção lateral pode ser melhorada, aumentando assim a possibilidade de sobrevivência da tripulação.

O desenvolvimento do T-95, não deixará também de passar pelos novos sistemas de intercomunicação e interligação de dados de combate.

O crescente poder da Índia leva a que o país - continuando sempre a olhar com a desconfiança tradicional para o seu vizinho Paquistão – pense na sua posição estratégica no sul da Ásia, onde inevitavelmente a China aparece como o seu potencial rival do futuro. As relações de parte do «establishment» indiano com os fabricantes russos, que já vem de longa data desde que a Rússia adquiriu os primeiros tanques T-54 ainda nos anos 50 do século XX, não deixará de ser um argumento na luta que se está a aproximar pela definição do que será o próximo carro de combate da Índia.