Fonte: Constelar
Pouco antes das 9 horas a reportagem de A Noite junto ao Palácio do Catete transmitia-nos uma informação extremamente dramática: o Sr. Getúlio Vargas acabava de suicidar-se. Com um tiro no coração, executara a decisão extrema. Foi chamada com urgência uma ambulância. Getúlio Vargas exalara já o último suspiro.
A primeira pessoa a informar sobre o suicídio de Getúlio Vargas foi o seu sobrinho, capitão Dorneles. Ouvira um tiro. Acorrera aos aposentos presidenciais. E de lá saía logo com a notícia impressionante: matara-se Getúlio Vargas.
A ambulância do Pronto Socorro que foi ao Palácio era chefiada pelo Dr. Rodolfo Perricê. Esse médico informou, ao regressar, que já encontrara o presidente morto, na cama, em seus aposentos particulares, cercado de membros da família. Vestia pijama e apresentava uma perfuração no coração. Estava com as vestes empapadas de sangue. (...)
Durante toda a noite se desenrolaram os episódios que viriam a culminar com o suicídio de Getúlio Vargas. Às três horas o Palácio do Catete era cenário de uma reunião que marcará um dos episódios mais dramáticos da história do Brasil atual. Convidado a renunciar, Getúlio Vargas recusou-se a atender ao apelo. A crise se prolongou e se acentuava. Veio finalmente a sugestão que foi redigida sem demora e com a qual parecia ter se conformado o ex-presidente: a licença, ao invés da renúncia. Mas a verdade é que Getúlio Vargas ia cumprir a promessa que fizera de só morto deixar o Catete. (...)
Após os primeiros instantes de estupefação, dentro do Palácio do Catete, o general Caiado de Castro conseguiu entrar no aposento em que se encontrava o Presidente Getúlio Vargas caído com uma marca de sangue à altura do coração. No mesmo momento, dona Darcy Vargas, que seguia atrás do general Caiado, atirava-se para frente e, segurando as pernas do extinto, puxava-as exclamando:
-Getúlio, por que fizeste isso??
Logo depois entrava no quarto o Sr. Lutero Vargas e sentava-se ao lado do corpo, em prantos.
Às 9 horas surgia a notícia emocionante. Estavam terminados os dias do ex-chefe da Nação." (A Noite, 24 de agosto de 1954)
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