Bartolomeu de Gusmão inventa o balão de ar quente

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Fonte: EMFA.PT

O padre, jesuíta, Bartolomeu de Gusmão foi, provavelmente, o maior precursor mundial da história da aerostação, ficando célebre, através dos tempos, pela "Passarola".

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Passarola

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, nasceu em 1685 em Santos, perto de S.Paulo, no Brasil, que era então parte integrante da coroa portuguesa. Desde muito novo, a carreira eclesiástica ficou traçada como o destino da sua vida. Bartolomeu de Gusmão fez os primeiros estudos na sua terra natal, tendo seguido posteriormente para o seminário jesuíta da Baía.

Aí, mostrou desde logo a sua aptidão e interesse pelo estudo da Física, bem como a sua clarividente inteligência nessa matéria. Mas não se ficou pelo interesse teórico. Deu provas de um enorme espírito inventivo quando resolveu o problema de elevação de água a 100 m de altura, no convento onde se encontrava, tendo concebido uma máquina para o efeito, de que posteriormente teve alvará. Concluídos os estudos secundários, embarcou para a metrópole, em 1705, Passarolae vindo a matricular-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra em 1708. Aí, desenvolveu notavelmente os seus estudos de Física e Matemática que desde a adolescência tanto o tinham interessado.

Consta que ao observar uma pequena bola de sabão pairando no ar, se inspirou para a concepção de um balão. De qualquer forma, logo em 1708 trabalha afincadamente no projecto de um engenho "mais-leve-que-o-ar", em detrimento de tudo o resto. Entrega então a D.João V a petição de privilégio sobre o seu "instrumento de andar pelo ar", que lhe é concedida por alvará, em 19 de Abril de 1709. Conjuntamente com o alvará, D. João V decidiu concorrer para os gastos da construção do aparelho, bem como lhe deu a mercê de Lente de Prima de Matemática na Universidade de Coimbra, com um rendimento vitalício substancial.

Era o que Bartolomeu de Gusmão precisava para se dedicar inteiramente ao seu projecto, como na realidade o fez, na quinta do duque de Aveiro, em S. Sebastião da Pedreira. As fontes da época revelam a utilização de muito arame na construção (o balão de Gusmão não era um simples balão de papel de feira) bem como a realização de várias experiências com balões de papel até se chegar à experiência definitiva que a história registou.

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No dia 8 de Agosto de 1709, na sala dos embaixadores da Casa da Índia, diante de D. João V, da Rainha, do Núncio Apostólico, Sala dos embaixadores da Casa da Índia Cardeal Conti (depois papa Inocêncio XIII), do Corpo Diplomático e demais membros da corte, Gusmão fez elevar a uns 4 metros de altura um pequeno balão de papel pardo grosso, cheio de ar quente, produzido pelo " fogo material contido numa tigela de barro incrustada na base de um tabuleiro de madeira encerada". Com receio que pegasse fogo aos cortinados, dois criados destruíram o balão, mas a experiência tinha sido coroada de êxito e impressionado vivamente a Coroa.

As experiências sucederam-se com balões de muito maior envergadura e, finalmente, embora não haja provas irrefutáveis sobre o facto, consta que um balão, enorme, provavelmente voado pelo próprio Gusmão, foi lançado na praça de armas do castelo de S. Jorge e depois de percorrer 1 km veio a cair no Terreiro do Paço.

Após esta experiência, por razões inexplicadas, começa uma outra vida de Bartolomeu de Gusmão. Excepcionalmente douto, versado em filologia e falando fluentemente outras línguas, vão abundar os seus trabalhos literários(sem esquecer os trabalhos de cariz científico), bem como se tornaram notados os seus sermões. É feito Fidalgo-Capelão da Casa Real, em 1722. Contudo, as intrigas da corte fá-lo-iam cair em desgraça, tendo-lhe valido os jesuítas quando a Inquisição já o perseguia. Levam-no para Espanha, em 1724, onde morre indigente e com nome falso, no hospital da Misericórdia de Toledo, a 19 de Novembro.