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Mesmo sem acreditar em nova Guerra Fria analistas destacam renascimento russo

Da France Presse - Via G1

O conflito no Cáucaso levou muitos a mencionar a possibilidade de uma nova Guerra Fria, algo que é exagerado, de acordo com vários analistas, que advertem, entretanto, que o Ocidente e a Otan, cuja impotência ficou evidente, deverão lidar agora com uma Rússia renascida.

A intervenção russa na Geórgia e o reconhecimento por Moscou das províncias separatistas supõe o início de uma nova Guerra Fria? Os analistas afirmam que não, porque não convém nem à Rússia, nem aos Estados Unidos, nem à Europa.

"Não acredito", afirmou Matthew Clements, editor para a região Europa e Ásia do grupo de análises militares britânico Jane's.

"Mas o Ocidente se deu conta de que a Rússia mudou", ressaltou o analista, explicando que "o que foi visto é o desejo da Rússia de ser levada seriamente em consideração como uma potência mundial, e sua reação ao que considera que é uma invasão do Ocidente em sua esfera de influência, a ex-União Soviética".

A professora de Relações Internacionais da London School of Economics, Margot Light, concordou que é exagerado afirmar que o conflito no Cáucaso desencadeou uma nova Guerra Fria.

"Não há uma divisão ideológica entre blocos, como ocorreu então". "Assim, acho que é um pouco exagerado chamá-la de Guerra Fria", disse Light.

Admitiu, no entanto, que há "algumas semelhanças", em particular na forma como se produziu "uma espiral de ação e reação".

"Cada lado faz algo que alega necessitar para consolidar sua própria segurança, e depois o outro lado sente que sua segurança está sendo ameaçada e que precisa dizer ou fazer algo", ressaltou.

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Por isso, a Rússia diz que uma expansão maior da Otan é inaceitável, e a Aliança Atlântica responde que o Ocidente não pode deixar que a Rússia lhe diga o que fazer, e que por isso precisa se expandir, explicou Light.

Os especialistas também descartaram a possibilidade de uma nova corrida armamentista entre Rússia e Ocidente, principalmente porque os russos não contam com os recursos para isso.

"Não vejo uma nova corrida armamentista. A Rússia não tem os recursos, apesar da recuperação registrada a partir de meados dos 90. Não tem o dinheiro para se rearmar", afirmou o analista da Jane's.

"A Rússia definiu precisamente a sua esfera de influência, a área onde quer manter uma influência, algo que não poderia ter feito nos anos 90, após o colapso da União Soviética. Agora, graças à recuperação de sua economia, de seu poder governamental, é capaz de fazê-lo", ressaltou Clements.

A Rússia, ao atuar no Cáucaso, considerou que "havia chegado o momento para enfrentar o que considera uma penetração" do Ocidente, explicou.

E esta mudança da Rússia causou um choque nos Estados Unidos e na Europa, ressaltou.

Mas para ele, "o risco de escalada militar envolvendo o Ocidente é realmente baixo neste momento, porque nem a Rússia nem o Ocidente querem chegar a essa situação".

Para Christopher Langton, analista do Instituto Estratégico para Estudos Internacionais (IISS), ao ouvir o presidente da Rússia, Medvedev, poderíamos acreditar que estamos em uma nova Guerra Fria.

Mas a Rússia precisa agora mais da comunidade econômica mundial do que no passado, para exportar seus produtos ou para receber investimentos estrangeiros, explicou.

As explicações dos especialistas consultados pela AFP sugerem o surgimento de um novo status quo, como previu James Nixey, responsável pelo programa de Rússia e Eurásia no instituto londrino de Relações Internacionais Chatham House.

"O status quo anterior se foi para sempre", escreveu o analista, em um ensaio publicado depois da intervenção da Rússia na Geórgia.

"Aconteça o que acontecer no Cáucaso, as relações entre Rússia e Ocidente (e os vizinhos da Rússia pró-ocidentais) serão seguramente, a partir de agora, reavaliadas por todos", concluiu Nixey.

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Região dos conflitos

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Rússia deve evitar nova Guerra Fria, diz Reino Unido

G7 deve revisar relações com Moscou, afirma secretário do Exterior britânico; Dick Cheney viajará à Geórgia

Agências internacionais - Estadão

KIEV - O secretário do Exterior britânico, David Miliband, declarou nesta quarta-feira, 27, que a Rússia não deve iniciar uma nova Guerra Fria. "Não queremos outra Guerra Fria e o presidente da Rússia tem a responsabilidade de não iniciar o conflito, ainda que diga que não o teme", afirmou Miliband na Ucrânia, primeiro país que visita para formar "a maior coalização possível contra a agressão russa na Geórgia."

Ele reiterou que considera "inaceitável e injustificável" a decisão de Moscou de reconhecer a independência das duas províncias separatistas da Geórgia - Abkházia e Ossétia do Sul -, e confirmou seu apoio à integridade do território georgiano.



Miliband afirmou ainda que diante dessa nova situação, os países membros do Grupo dos 7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino, França, Canadá e Itália) devem revisar suas relações com a Rússia. "Devemos revisar a natureza de nossas relações com a Rússia", ainda que sem buscar seu "isolamento internacional", que não seria "prudente", acrescentou.

Apoio americano

Ainda nesta quarta-feira, o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, disse que as ações russas na Geórgia são um "assalto injustificável" e prometeu assegurar a integridade territorial da Geórgia, país aliado americano.

"Vamos trabalhar com nossos aliados para garantir a integridade territorial da Geórgia como uma nação livre e independente", afirmou o vice-presidente americano em um encontro com veteranos das Forças Armadas em Phoenix, nos EUA.

Ao mesmo tempo, o porta-voz da Casa Branca Tony Fratto disse que os Estados Unidos, a Europa e seus aliados justificará para Rússia que sua decisão de reconhecer os separatistas "é muito limitada". Ele falou com repórteres durante um vôo com o presidente americano George W. Bush. "Acredito que a Rússia entendeu nossa mensagem", continuou.

Cheney será enviado para Tbilisi, capital georgiana, na próxima semana. "O povo da Geórgia conquistou sua independência depois de anos de tirania e pode contar com a amizade dos Estados Unidos", concluiu o vice-presidente.

Atacaremos o ocidente !
Presidente russo, reafirma ameaças à NATO a propósito de defesa anti-míssil

ÁREA MILITAR

O presidente da federação russa Dimitri Medvedev afirmou nesta Terça-feira que a Federação Russa responderá perante a intenção dos Estados Unidos e de instalar sistemas anti-míssil nas proximidades das fronteiras russas.

Em declarações à imprensa, o presidente russo afirmou que a instalação daquele sistema servirá para aumentar as tensões com o ocidente e que o país terá que reagir de alguma forma.
Medvedev não só afirmou que a Rússia poderia responder, como taxativamente afirmou que a Rússia reagiria e que necessariamente essa reacção seria com uma acção militar.

Entretanto, em declarações que se seguiram ao reconhecimento da independência dos territórios georgianos da Abkhasia e da Ossétia - de onde os militares russos expulsaram durante as últimas semanas milhares de cidadãos georgianos – o presidente dos Estados Unidos afirmou que as últimas acções russas têm como único objectivo exacerbar as tensões já existentes e complicar ainda mais as já de si complicadas negociações.

A Rússia considera que a independência dos territórios georgianos tem um precedente na independência do Kosovo, uma antiga região da República Sérvia que também declarou unilateralmente a independência, sendo reconhecida pela maioria dos países da União Europeia.

Anexação é a única solução

Embora não esteja neste momento em cima da mesa, a possibilidade de a Abkhazia e da Ossétia acabarem por ser anexadas pela Federação Russa, aparece como a única possibilidade viável para o futuro das duas regiões.

Ao contrário do Kosovo, que foi reconhecido já por um grande numero de países e acima de tudo tem o reconhecimento dos mais importantes países do ocidente, o que lhe dá a possibilidade de desenvolver a economia com maior facilidade, nem a Abkházia nem a Ossétia terão essa vantagem. Regiões pequenas e com economia deprimida, funcionam já hoje na completa dependência da Rússia.

Grande parte da população da Ossétia e da Abkházia vê com bons olhos a anexação pela Rússia e o governo de Moscovo não tem grande apreço pela existência de pequenos países nas suas fronteiras, mesmo que com regimes controlados por Moscovo, por causa do precedente que isso poderia significar no futuro. A Chechénia, é apenas um dos casos de uma república da Federação Russa, onde foi necessária uma guerra em que morreram de 120.000 a 160.000 pessoas, para garantir o domínio do Kremlin.

Grave precedente histórico, permite comparar a Rússia com a Alemanha Nazista

Para a Europa a questão é tão mais importante quanto a última vez que este tipo de situação se verificou na Europa, foi quando o III Reich de Hitler ocupou os Sudetas, que eram uma parte da Checoslováquia, com o argumento de proteger os alemães «étnicos» que residiam na região.

Posteriormente a ocupação alemã estendeu-se à própria Checoslováquia. A invasão alemã e a falta de qualquer resposta por parte do ocidente, levaram a que um ano depois Hitler , com o apoio da Rússia, invadisse a Polónia e despoletasse a II Guerra Mundial.

Cheiro de guerra fria no Mar Negro
Russia espera que não haja confrontos no mar.

ÁREA MILITAR

Dmitri Peskov, um porta-voz do primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta Quinta-feira que a presença de navios da NATO no Mar Negro, era potencialmente perigosa e que a Rússia estava a tomar medidas de precaução contra a presença de navios da Aliança Atlântica naquela região.

O dirigente russo afirmou ainda a título de aviso, que esperava que não viesse a ocorrer qualquer confrontação entre navios russos e navios da NATO.

Qualquer tentativa por países no ocidente para isolar a Rússia teria sérias consequências económicas para esses países, afirmou o porta-voz de Putin, no que pareceu ser um aviso à Turquia, país que detem a chave para o Mar Negro e que pode negar a passagem de navios russos pelo estreito do Bósforo.

A questão da presença norte-americana no Mar Negro, não traz qualquer vantagem militar para os Estados Unidos, mas é uma forte mensagem para a Rússia, exactamente no ramo das forças armadas russas onde sempre se fez mais sentir a grande inferioridade russa relativamente aos Estados Unidos.

A Rússia voltou a fazer sair do porto de Sebastopol, o cruzador lança-Mísseis «Moskva» e duas corvetas, que se dirigiram às costas da Georgia próximo de Tsukhumi, a capital da provincia georgiana da Abkhazia, cuja independencia unilateral, a Russia reconheceu nos últimos dias.

A presença e navios da NATO no Mar Negro, é também maior por causa da presença de um navio espanhol, um alemão e um polaco que tinham exercicios previstos com marinhas de países da NATO na região, a Roménia e a Bulgária. Sem contar com os navios destes dois países o numero de navios da NATO presentes na região é de cinco, aos quais se juntam quatro fragatas turcas, que de qualquer forma estão normalmente no Mar Negro. Deste total de nove navios dois deles estão equipados com sofisticados sistemas de vigilância e dispões de grande capacidade de defesa anti-aérea.

Os russos também criticaram os Estados Unidos por terem utilizado navios de guerra para efectuar uma operação de apoio e asistência humanitária, dando a entender que os Estados Unidos estariam a fornecer armas à Georgia por essa via.

No entanto é comum as operações de apoio e auxílio humanitário em caso de catástrofes, serem levadas a cabo por navios militares, exactamente porque pelas sua características, meios complementares de apoio disponíveis (como helicóptero e lanchas de apoio) e velocidade, eles são os meios mais adequados para aquele tipo de missão.

Um porta-voz do Departamento de Defea dos Estados Unidos, entretanto afirmou que embora até ao momento o auxilio norte-americano à Georgia se tenha limitado a apoio humanitário, os Pentagono já está neste momento a preparar planos para o rearmamento do exército da Geórgia.

Responsáveis da NATO afirmaram entretanto que não existem quaisquer planos para o envio de ontingentes militares nem dos Estados Unidos nem de países da União Europeia para a região, embora seja possível o envio de observadores.