Militares da força de paz da ONU são acusados de agredir
policiais em favela na capital haitiana
policiais em favela na capital haitiana
Fonte: O Dia - Via Terra
PORTO PRÍNCIPE - Uma autoridade responsável pela favela Cité Soleil, a mais violenta do Haiti, e outras testemunhas acusaram ontem membros brasileiros das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) de espancarem policiais haitianos. O episódio teria acontecido dentro da comunidade.
PNH Polícia Nacional do Haiti
Segundo os relatos, o ataque aparentemente gratuito contra os dois oficiais à paisana identificados como Osnald Denis e Donson Bien-Aime aconteceu na quarta-feira, no amontoado de barracos na parte sul da capital haitiana, Porto Príncipe. Estima-se que entre 200 mil e 300 mil pessoas vivam na região.
O prefeito da Cité Soleil, Wilson Louis, contou que cerca de dez brasileiros das forças de paz participaram do espancamento. “Lamentamos e condenamos esse comportamento e os responsáveis por isso devem ser punidos”, disse.
VÍTIMA DESMAIOU
Segundo testemunhas, cerca de dez soldados da ONU mandaram que os policiais deixassem uma área durante uma operação de segurança realizada nas estreitas ruas e vielas da favela, antes controlada por gangues armadas cujos líderes eram, em sua maioria, leais ao presidente deposto Jean-Bertrand Aristide. Os dois policiais identificaram-se, mas foram espancados mesmo assim, um deles até ficar inconsciente.
A agressão aconteceu depois de ambos terem se recusado a sair da área, disse uma das testemunhas, que afirmou chamar-se Maxon Edouard. Segundo o prefeito Wilson Louis, os policiais estavam recebendo tratamento médico em um hospital local. Oficiais graduados das forças de segurança do Haiti não foram encontrados para se manifestar sobre o incidente.
EXÉRCITO DO BRASIL DECIDE ABRIR INQUÉRITO INVESTIGAÇÃO
A porta-voz da ONU no Haiti, Souphie Boutaud de la Combe, disse que o incidente estava sendo investigado e prometeu que as sanções apropriadas seriam impostas caso se confirmem as acusações de abuso e de uso de força excessiva. O Exército brasileiro também informou que vai investigar as denúncias.
O Exército também informou nesta sexta-feira que vai instalar um outro processo administrativo de investigação para apurar o que classificou como um “pequeno incidente” envolvendo militares brasileiros e policiais haitianos.
A força de paz da ONU no país caribenho é liderada pelo Brasil e conta atualmente com 6,8 mil militares e quase 2 mil policiais.
A força de paz chegou ao Haiti, país mais pobre das Américas, após a deposição do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, numa revolta armada em fevereiro de 2004.
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