O foguetão Longa Marcha II-F descolou às 21h10 locais (14h10 em Lisboa)

Primeira caminhada prevista para amanhã ou sábado

China coloca nave Shenzhou VII em órbita e prepara o seu primeiro passeio no espaço

Sofia Cerqueira - Publico.PT

A nave espacial Shenzhou VII foi hoje lançada com êxito, da base de Jinquan, no noroesta da China, prevendo-se para amanhã ou sábado a primeira “caminhada no espaço” de um taikonauta, ou seja, de um astronauta chinês.

O foguetão Longa Marcha II-F descolou às 21h10 locais (14h10 em Lisboa) colocando a Shenzhou VII - em portugês, “nave divina” - em órbita, a 343 quilómetros da Terra. A missão inclui três astronautas e regressará à Terra no domingo.

Depois da missão Shenzhou V ter dado à China em 2003 o acesso ao clube restrito de países que já enviaram missões tripuladas ao espaço (apenas a Rússia e os Estados Unidos já o fizeram) o país preparava-se ontem para alcançar um novo marco com o terceiro voo tripulado da sua curta história espacial

O ponto alto desta viagem está previsto para hoje ou, mais provavelmente amanhã, quando Zhai Zhigang, um dos tripulantes da Shenzhou sair da nave e concretizar o primeiro passeio espacial de um chinês, com uma duração prevista de 30 minutos, 43 anos após o primeiro passeio espacial de sempre, do russo Alexey Leonov.

A operação é arriscada, confirma Wang Zhaoyao, porta-voz da missão. “O procedimento (a caminhada no espaço) não pode ser integralmente simulado em terra”, e “alguns sistemas novos serão experimentados pela primeira vez durante o voo”, acrescentou Wang. Estão preparados 30 planos de emergência para fazer face a algum imprevisto.

O lançamento da Shenzhou VII levou centenas de pessoas às imediações do centro espacial de Jinquan, na província rural de Gansu, e colou milhões aos ecrãs da televisão. O Presidente chinês, Hu Jintao, cumprimentou pessoalmente os três astronautas, que envergavam os primeiros fatos espaciais concebidos totalmente na China. “Trata-se de um importante passo em frente para a tecnologia espacial chinesa”, completou Hu.

O programa espacial chinês é ambicioso: depois das primeiras missões tripuladas, a China prevê começar a instalar o primeiro módulo orbital em 2010, ao qual se seguirá um laboratório espacial permanente, ainda sem data marcada. O orçamento desta missão não é revelado, mas o custo de cada viagem tripulada é de 150 milhões de dólares (102 milhões de euros), segundo o Governo chinês.

Com o seu primeiro voo espacial não tripulado em 1999, a China entrou tarde na corrida ao espaço, mas tal como o administrador da NASA, Michael Griffin, afirmou, poderá provavelmente colocar um homem na Lua, mesmo antes de os Estados Unidos lá voltarem.

Depois da crise do leite contaminado, este voo poderá devolver um sentimento de orgulho aos chineses. Um estudo de dois oficiais do Exército de Libertação da China, citado pela agência Reuters, referia que uma missão deste tipo “pode unificar o sentimento geral e é uma ferramenta política importante para elevar a moral”.



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China se prepara para se tornar o terceiro a levar um homem para andar no espaço

O GLOBO - Gilberto Scofield Jr. - Correspondente em Pequim

RIO - A terceira missão espacial tripulada chinesa deve decolar entre as 21h de quarta-feira (10h de quinta em Brasília) e a terça-feira da semana que vem, dependendo das condições do tempo, com o objetivo de fazer a China dar um passo inédito em sua corrida para o domínio da tecnologia espacial: o primeiro passeio no espaço de uma astronauta chinês. A nave Shenzhou VII decola do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, na província de Gansu, com três astronautas a bordo, mas apenas um, Zhai Zhigang, militar que é um antigo membro do Partido Comunista da China, fará o passeio espacial.

Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, todos os equipamentos e programas computadorizados foram testados, e tanto a aeronave Shenzhou VII quanto o foguete lançador Longa Marcha IIF estão em perfeito estado, dependendo apenas, para o vôo, das condições climáticas ideais.

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- Tudo está funcionando bem para este histórico momento, que poderá ser acompanhado não apenas pelos chineses mas pelo mundo - afirmou Cui Jijun, o comandante das operações em solo da missão. - Temos confiança de que o lançamento será um sucesso.

O evento ganhou de fato ares de orgulho nacional na China e vem tendo destaque na mídia estatal e internet chinesas. Mais de 10 mil pessoas, entre engenheiros, cientistas e operários, em várias bases de lançamento e de controle aeroespacial da China, estão envolvidas na missão. Especialistas russos também trabalham na missão. Eles irão orientar os taiconautas (como os chineses chamam seus astronautas) em manobras no espaço. Um dos trajes dos chineses é de fabricação russa. A idéia, segundo especialistas, é ampliar a cooperação entre os dois países.


Turistas acompanham transporte do foguete Longa Marcha-2F,

com a nave Shenzhou 7 a bordo, para a plataforma de lançamento (Foto: AFP)


China tenta iniciar sua terceira missão tripulada ao espaço nesta quinta

Foguete já está pronto e tripulação está a postos para tentativa de vôo.
Missão Shenzhou 7 deve incluir primeira caminhada espacial do programa.

Salvador Nogueira Do G1, em São Paulo

A China está na reta final para o lançamento de sua terceira -- e mais audaciosa -- missão tripulada. Depois de se tornar a terceira potência nacional a enviar gente ao espaço por seus próprios meios (depois de Rússia e EUA), os chineses agora pretendem realizar sua primeira caminhada espacial.

A espaçonave Shenzhou 7 (nome que pode ser traduzido como "nave divina") já está acoplada ao topo do foguete Chang Zheng 2F (em português, "longa marcha") e deve fazer sua primeira tentativa de decolagem nesta quinta-feira (25). O momento do vôo pende apenas por condições meteorológicas no Centro de Lançamento de Jiuquan. A primeira oportunidade para o início da missão ocorre entre 8h07 e 9h27 desta quinta (horário de Brasília).

O sucesso da Shenzhou 7 é fundamental para a meta chinesa no sentido de construir uma estação espacial própria -- projeto que eles pretendem iniciar até 2020.

Pela primeira vez, um trio de taikonautas (como a imprensa internacional costuma chamar os viajantes espaciais chineses) viajará junto ao espaço. No momento, há seis potenciais tripulantes em treinamento -- uma tripulação titular e uma reserva.

Os titulares são Zhai Zhigang, Liu Boming e Jing Haipeng, todos com 42 anos. Embora todos pertençam ao exército chinês (como pilotos de caça), a China enfatiza que sua missão não terá objetivos militares.

Abertura
Os chineses começam a se abrir um pouco mais com relação a seu programa espacial tripulado. Tanto que houve um encontro da tripulação com a imprensa, na noite desta quarta-feira.

"A missão Shenzhou 7 marca um avanço histórico no programa tripulado chinês. É uma grande honra para nós três voar nessa missão, e estamos totalmente preparados para o desafio", disse Zhai Zhigang à imprensa, segundo a agência chinesa Xinhua.

"Fui incluído na fase final de treinamentos três vezes, durante as missões Shenzhou 5, 6 e 7", afirmou, comemorando sua escalação para o vôo de 2008.

A inédita caminhada espacial a ser promovida por um dos três tripulantes -- ponto alto da missão -- deve ser transmitida ao vivo pela televisão chinesa.

Caso tudo dê certo, o astronauta escolhido para andar no espaço passará 40 minutos fora da espaçonave. É uma oportunidade para a China testar seus trajes espaciais e sua mobilidade -- elementos essenciais para a futura construção de uma estação.

O traje chinês, assim como a espaçonave, é fortemente baseado em tecnologia russa. A Shenzhou é uma versão aprimorada da Soyuz, nave usada há décadas pelos russos em seu programa espacial. As principais diferenças estão no módulo de experimentos, que é maior e tem mais funcionalidades na Shenzhou do que na Soyuz.

A nave chinesa também tem mais painéis solares e, portanto, mais eletricidade que sua contraparte russa.

Passos seguros
A China iniciou seu projeto de vôo espacial tripulado em 1999. Após quatro missões-teste, sem tripulação humana, em 2003 partia a nave Shenzhou 5, com Yang Liwei -- o primeiro ser humano colocado no espaço pela China.

Uma segunda missão veio em 2005, quando os astronautas Fei Junlong e Nie Haisheng passaram cinco dias no espaço, a bordo da Shenzhou 6. O vôo confirmou a durabilidade e confiabilidade da espaçonave.

Agora, vem o primeiro vôo com a capacidade máxima a bordo -- três tripulantes -- e com uma caminhada espacial nos planos.

O novo lançador chinês “Longa Marcha V” (CZ-5)

O CZ-5 in http://www.geocities.com/launchreport

A China arrancou formalmente com o desenvolvimento da sua nova geração de lançadores, designada como “Longa Marcha V”. O primeiro lançamento do foguetão deverá ocorrer antes de 2014 e tudo está a correr conforme o calendarizado tendo o novo motor do foguete realizado testes bem sucedidos nas últimas semanas na “China Academy of Launch Vehicle Technology” e a construção da nova fábrica começado.

O “Longa Marcha V” vai depender da propulsão assegurada por quatro motores de oxigénio líquido e querosene de 120 toneladas que completou recentemente uma serie de testes no final deste ano. O conjunto será capaz de colocar em órbitas baixas (LEO) cargas úteis de até 25 toneladas, mais 15 que o “Longa Marcha IV”. O foguetão, com os seus quatro boosters será tão grande (pesando 643 toneladas) e com 5 metros de largura… tão largo que não pode ser transportado por via ferroviária e terá que ser levado até ao local de lançamento, na ilha de Hainan, por via marítima… Este novo foguetão será também capaz de colocar cargas uteis em órbitas altas e geoestacionárias (GEO).

Quando entrar em serviço, o foguetão vai substituir os modelos anteriores (CZ-2, CZ-3, e CZ-4) ainda em serviço, sendo o veiculo lançador da China nos próximos vinte ou trinta anos, transportando as suas cápsulas orbitais Shenzhou, construindo a planeada Estação Orbital e talvez levando ate os astronautas que a China quer colocar na Lua antes dos Estados Unidos.

O desenvolvimento deste foguetão começou em 2001 sob a designação “CZ-5″. O projecto conheceu algumas hesitações nos corredores do poder tendo vegetado até 2007 esperando financiamento, altura em que a decisão de construir a nova fabrica para estes foguetes foi por fim tomada.