Aquecimento Global: Idade do Gelo ou…

Idade do Gelo: Aquecimento Global?

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Num comentário o nosso comentador M4Jor deixou a pergunta:
“Se desde 1850/1900 já deveríamos estar em declínio na temperatura devido ao ciclo da idade do gelo (deveríamos ter temperaturas muitíssimo mais baixas), que já deveriamos estar a iniciar, o aquecimento global, apesar de prejudicial, não nos tem safado de temperaturas negativas, ou à geração seguinte?

Essa pergunta também já rondou aqui a mente do dito redactor e merece uma boa resposta, que tentarei dar na escassa medida das minhas capacidades e conhecimentos…

Existem sinais de que se possa estar a instalar uma espécie de “Idade do Gelo“. No ano passado o “U.S. National Climatic Data Center” (NCDC) reportou que muitas cidades da América do Norte tinham registado temperaturas frias recorde no começo desse ano, de facto, as temperaturas médias dessas cidades eram inferiores em 0,3 graus F à média de 1901-2000. E extremos semelhantes foram também registados nalgumas regiões da China. Estes dados foram apresentados por Gilles Langis, do “Canadian Ice Service” de Ottawa ao Senado dos EUA em 2008 e marcham contra a maioria da opinião dos climatologistas, defendendo que o gelo do Ártico, em vez de estar a recuar, pelo contrário, nalguns sectores está 10 a 20 cm mais grosso que no ano passado… É verdade que em muitos locais do mundo se registaram neste ano temperaturas baixas recorde: em Bagdad nevou, a China registou o inverso mais frio dos últimos cem anos e nos EUA, nevou como não nevava há mais de 50 anos, em muitos Estados… Nesta visão da situação, os gelos do Oceano Glacial Ártico estariam aos níveis mais baixos jamais registado apenas porque estes registos datam apenas de 1972, havendo além do mais provas históricas e geológicas de recuos da camada gelada em tempos anteriores e a níveis ainda mais intensos que os atuais. Do lado da Rússia, o professor Oleg Sorokhtin é de opinião de que o incomum (mas não raro) atraso no surgimento de manchas solares e de um novo ciclo solar poderia significar que estávamos perante um novo ciclo de arrefecimento do nosso Astro Rei, uma vez que da última vez que o Sol passou por um tal período de redução de atividade, na Terra tivemos que enfrentar com a dita “Pequena Idade do Gelo” de 1850, com colapsos de colheitas um pouco por todo a lado, fomes generalizadas e problemas sociais diversos. Nesta opinião, o professor russo é secundado por outros astrónomos especializados na investigação do Sol, como o norte-americano Kennet Tapping do “National Research Council” do Canadá. É claro que os dados que apontam para esta nova “Idade do Gelo” são ainda frágeis e escoram-se fundamentalmente nos dados recolhidos em 2007, os quais contradizem os dos anos anteriores. Ou seja, ainda é cedo para deitarmos no caixote do lixo das “especulações infundadas” o Aquecimento Global e passarmos a acreditar numa nova tragédia global, a da “Idade do Gelo”. É cedo, porque por exemplo, existem estudos como os de Robert Toggweiler do “Geophysical Fluid Dynamics Laboratory” de Princeton e de Joellen Russell da Universidade do Arizona que conceberam modelos de computador climáticos que indicam que o derretimento dos gelos polares vai arrefecer os oceanos, interromper a circulação das águas mais quentes, no Equador até às latitudes mais elevadas e desencadear assim uma nova “Idade do Gelo”. Ou seja, ambos os grupos têm razão. Sendo que assim, o “Aquecimento Global”, induzido pelo Homem ou não, irá ter como consequência um dano profundo no equilíbrio térmico do planeta e desencadear uma nova Idade do Gelo.

É um facto que na história geológica do planeta e até do Homem, o período atual corresponde a um “periodo interglacial”, isto é, a um período entre duas glaciações. Os gelos do norte já estiveram muito mais a Sul e irão regressar, algures num tempo futuro. A questão está em saber se estamos ou não nas vésperas desse futuro que parece ser determinado em grande medida pela redução da atividade solar, que agora alguns especialistas receiam estar a começar a verificar-se.

Sabe-se que a chamada “Corrente do Golfo” (”Gulf Stream”) que banha o noroeste da Europa com águas quentes que vêm das Caraíbas induz nestas regiões temperaturas muito mais altas do que aquelas que seriam de esperar encontrar nestas latitudes e explica o contraste da vegetação entre a relativamente verde Noruega e a quase árida península canadiana do Labrador. Estima-se que graças à “Gulf Stream”, as temperaturas sejam cinco graus mais elevadas do que seriam sem a dita… Ou seja, os mesmos cinco graus que a temperatura destas regiões desceu nas últimas duas “mini idades do Gelo”, no século XVIII e XIX. E há qualquer coisa como há dez mil anos atrás, a corrente enfraqueceu tanto que as temperaturas destas regiões desceram mais de dez graus centígrados e, por exemplo, a maioria do Reino Unido tornou-se num deserto gelado, e isto porque a “Corrente do Golfo” tinha apenas menos 30% da sua força atual… Ora, a maioria dos modelos teóricos do Aquecimento Global apontam precisamente para uma consequência notável: o enfraquecimento da “Corrente do Golfo” pelo derretimento de extensas secções de gelo flutuante no Ártico e pelo derrame de imensos caudais de água fria no Atlântico norte, um processo que segundo todas as evidências está já a ocorrer neste Verão e que vai colocar perante as águas quentes da “Corrente do Golfo” uma gigantesca massa de água fria que vai inevitavelmente (por transferência termodinâmica) a temperatura da primeira massa de água. Estudos noruegueses, conduzidos pelo professor Bogi Hansen indicam que a água que retorna às Caraíbas desceu em volume 20% desde 1950, o que parece querer dizer que este movimento de arrefecimento ocorre há muito mais tempo do que se pensava inicialmente.

Os climatólogos sabem que em cada cem mil anos, a Terra atravessa um período glacial, uma “Idade do Gelo”, com os acima indicados períodos “interglaciais” que demoram entre 15 a 20 mil anos, dentro de um dos quais nos encontramos nós, atualmente. Sabendo que estamos já há perto de 18 mil anos no último destes períodos interglaciais, então, teoricamente, devíamos estar a aproximar-nos a passo acelerado da próxima glaciação, mesmo sem o “empurrão” que está agora a ser dado pelos efeitos do Aquecimento Global na “Corrente do Golfo”. Na década de setenta, o climatologista Stephen Schneider do “National Center for Atmospheric Research” dos EUA declarou que estávamos à beira de uma nova Idade do Gelo devido à poluição atmosférica e ao bloqueio dos raios do Sol provocado por ela. Schneider baseava-se na conhecida redução das temperaturas médias que se registava desde 1940. Contudo, pouco tempo depois deste aviso de Schneider, as temperaturas começaram a subir e os receios de que estivessemos perante uma nova Idade do Gelo transformaram-se no receios de um “Aquecimento Global”. Ou seja, o mesmo fenómeno, a poluição atmosférica que por via do bloqueio dos raios solares poderia antecipar ou intensificar a próxima Idade do Gelo, estaria agora (a partir da década de 80) a criar um Aquecimento Global, por via do Efeito de Estufa.

M4jor: sei que ainda não respondi cabalmente ao teu pedido… mas mais posts virão…