Presidente russo visitará Lula em novembro. Pacotes militares em estudo incluem parceria para desenvolver avião “invisível” a radar
Pedro Paulo Rezende - Da equipe do Correio Brasiliense - Via NOTIMP FAB: 246/2008 de 02/09/2008
O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, deve assinar três acordos de cooperação militar com o Brasil em sua primeira visita ao país. Ele aproveitará a cúpula da Associação de Cooperação da Ásia e do Pacífico (Apec), em Lima (Peru), entre 16 e 23 de novembro, para se encontrar em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A notícia foi confirmada pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, e por fontes do Itamaraty e da Chancelaria russa.
“Viajarei no fim deste mês a Moscou para tratar de detalhes da cooperação entre nossos países”, confirmou Unger. “Tenho proposto aos russos a discussão comparativa de nossas certezas de desenvolvimento. O Brasil e a Rússia são dois países que querem e precisam diminuir sua dependência da extração de recursos naturais e da exportação de commodities. Por isso, precisamos trabalhar em conjunto para usar a receita obtida no relançamento de nossas indústrias.”
Segundo uma fonte da Secretaria Geral do Itamaraty, os três acordos abrangeriam a cooperação tecnológica, a proteção da propriedade intelectual e a segurança de informações. Eles complementariam um acordo-quadro de cooperação assinado em 15 de abril por Unger e pelo secretário interino do Conselho de Segurança da Federação Russa, Valentin Alekseevitch.
“Tenho trabalhado na construção de parcerias estratégicas, mas obtive as respostas mais positivas da França e da Rússia, e as sinalizações mais positivas e surpreendentes vieram de Moscou”, disse ao Correio Mangabeira Unger. “Sinto que, tanto por parte da França como da Rússia, existe interesse de subordinar as relações comerciais às relações estratégicas, mas não vamos fiar nossa defesa nessas parcerias. Teremos de construí-la por nós mesmos. A moeda da defesa é o sacrifício.”
De acordo com o ministro, as parcerias não se limitariam à obtenção de tecnologia por compra de licenças de fabricação. Elas seriam aprofundadas nos campos de pesquisa e desenvolvimento, de maneira a relançar a indústria militar do país.
Propostas na mesa
De acordo com fontes do Ministério da Defesa, a França ofereceu, ao lado do seu caça Rafale F3, avaliado em 70 milhões de euros, a participação no desenvolvimento de um veículo de combate aéreo não tripulado. A Rússia, por sua vez, colocou em jogo o Sukhoi Su35BM, ao custo de 50 milhões de euros, e a participação no programa de desenvolvimento de um avançado avião de combate, o PAK-FA T-50, de quinta geração e furtivo a radares.
O Rafale e o Sukhoi Su35BM são aviões de quarta geração extremamente avançados, que reúnem equipamentos eletrônicos desenvolvidos para os aparelhos de quinta geração. Atualmente, o único modelo dessa linha em operação é o caça F-22 Raptor, fabricado pelos Estados Unidos (o mais caro do mundo, ao custo unitário de US$ 225 milhões). O PAK-FA T-50, um projeto da Sukhoi, deve fazer seu primeiro vôo em, no máximo, dois anos. O custo total previsto é de cerca de US$ 20 bilhões. O preço unitário ficará em 70 milhões de euros, aproximadamente.
Os aviões de combate de quinta geração, como o F-22 Raptor, além de invisíveis aos radares, também são capazes de atingir velocidade supersônica usando meia potência do motor, o que reduz o gasto de combustível, amplia o raio de ação e diminui o tempo de engajamento do inimigo. Os EUA têm a oferecer um modelo mais barato, o F-35 Lightning, que custa US$ 135 milhões. O caça está em fase de certificação e poderá ser oferecido ao Brasil a partir de 2019.
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