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Foto do avião sinistrado e de alguns dos sobreviventes.

O Voo Força Aérea Urugaia 571, mais conhecido como Tragédia dos Andes ou Milagre dos Andes, ocorreu em 13 de Outubro de 1972, quando iam 45 pessoas a bordo de um avião da Força Aérea do Uruguai, com origem em Montevideu e destino Santiago do Chile. O avião perdeu o controle e caiu na Cordilheira dos Andes (34° 45′ S 70° 17′ W ). A situação prolongou-se por 72 dias, quando finalmente, em 23 de Dezembro de 1972 são resgatadas 16 pessoas que sobreviveram em um clima extremamente frio, onde a temperatura chegava a 30 graus negativos. Os sobreviventes tiveram de praticar antropofagia para poderem sobreviver.

As buscas foram muito dificultadas devido ao mau tempo e ao facto de o avião sinistrado ser de cor branca. As buscas foram suspensas ao fim de 8 dias.

Os Sobreviventes dos Andes

Fonte: Blog De Olhos e Ouvidos

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" Alvaro Mangino e José Inciarte são dois dos 16 sobreviventes do desastre aéreo ocorrido em 13 de Outubro de 1972, uma sexta-feira, com um avião bimotor " Focker-27 ", um turbo-hélice da Força Aérea Uruguaia que levava um time de rugby do Clube Old Christian Brothers, que caiu na Cordilheira dos Andes, no lado argentino.

Resgatados pelo Exército Chileno em 23/12/1972, chegaram de volta a Montevideo em 28/12/1972, como heróis nacionais, mas depois que confessaram ter comido carne humana dos colegas mortos, muita gente se escandalizou e passou a vê-los como vilões.

Em 8 de julho deste ano, Alvaro e José estiveram num congresso em Bento Gonçalves e fizeram uma palestra contando como foram aqueles dias que passaram entre a vida e a morte no meio de cadáveres congelados e da neve na Cordilheira dos Andes.

A palestra de Alvaro e José foi dividida ao meio. Primeiro falou José por ser o mais velho da dupla ( são os únicos que fazem palestras desta maneira).

Eles falaram durante uma hora e l0 minutos e a atenção da platéia em nenhum momento se esfriou. José contou que o avião saiu de Montevideu e fez escala em Mendoza porque o tempo estava ruim pra atravessar a Cordilheira dos Andes.Era o dia 12/10/1972

" Nosso resgate e a nossa sobrevivência foi um trabalho de equipe. Tivemos atitude.Saímos vivos depois que concluimos que a coisa dependia de nós", começou dizendo porque o depoimento deles tem obviamente o viés de ser de autoajuda.

No avião iam 45 pessoas (5 mulheres e 5 tripulantes). " Iamos a Santiago jogar uma partida de rugby (futebol norte-americano), diz José que tinha 24 anos em 1972 . Hoje tem 58 anos.

Ao meio-dia do dia 13/10/1972 eles foram levados ao aeroporto de Mendoza e a tripulação do avião não queria partir, conta José. A pressão dos jovens sobre a tripulação (todos militares dos quais não houve nenhum sobrevivente) foi muito grande. " Ustedes são unos maricones" ( vocês são uns bichas) diziam os jovens aos pilotos que estavam com medo de atravessar a Cordilheira dos Andes por causa do mau tempo.

Como naqueles tempos o Chile vivia uma crise sem tamanho no governo socialista de Salvador Allende, o avião dos uruguaios levava muito mantimento ( o que foi uma grande sorte para sobreviver aos dias seguintes ).

José relata que dentro do avião depois que ele decolou estava tudo tranquilo e os alunos do time de rugby iam se divertindo, jogando " la pelota", prá cá e prá lá dentro da aeronave." Nem dávamos bola pra o que acontecia do lado de fora..."...

Os passageiros receberam o aviso dentro da aeronave de " apertar cintos" mas segundo José Inciarte, um dos sobreviventes, " ninguém fez caso". Quando o avião - um bimotor Focker-27 - entrou nas nuvensos pilotos(militares) insistiram com os passageiros " sentem-se".

- O avião caiu num primeiro ' buraco' . Foi uma queda braba,brusca, conta José Inciarte. ( Ele teria entrado num ' buraco' de ar quente).

Os jovens puderam ouvir gritos na cabine do avião:
- Da-lhe potência! da-lhe potência! Eram,segundo José, gritos quase que de desespero.

Houve então,conforme José Inciarte, uma ' segunda ' queda mas esta bem mais forte . muito maior. Ele relata:
- Das janelas não se via mais nada do lado de fora, uma escuridão total.

Um olha pro outro como que perguntando o que estava acontecendo naqueles instantes decisivos de suas vidas. O próprio José lembra passados 34 anos:
- Eu olhei pros meus colegas.Estavam todos apavorados, ninguém sabia o que estava acontecendo.

Ele foi descrevendo para o auditório que o ouvia naquele sábado(8.7.2006) o que foram os segundos seguintes que se transformaram num inferno.
- Houve uma explosão!

O avião chocou-se contra a montanha. E segundos depois fez-se um silêncio sepulcral. Entra ar no avião. E a neve também vai entrando pelo avião junto com o ar. Depois fica tudo azul, o céu está completamente azul. Segundos depois o avião pára de rolar. Poltronas se desprendem da aeronave e " voam" em direção à cabine. Faz-se segundo relata José um silêncio sepulcral.

Depois os que não morreram na queda , começam a ver cenas " dantescas":ferros retorcidos,gritos,choro,gritos de dor,pedaços de corpos,e cor de sangue por todo lado. A mente dos sobreviventes tem poucos segundos pra se adaptar à nova realidade. Primeiro não quer crer!
- Caí aqui? Por que aqui?

As primeiras reações são de querer desaparecer, ou querer ajudar os feridos. José tinha então 24 anos. Álvaro ,seu colega que está aqui agora neste auditório, quebrou a perna na queda. Pelos cálculos deles a queda ocorreu entre as 15h30min. Em outubro, naquele dia 13(por azar uma sexta-feira) na Cordilheira dos Andes a noite caiu por volta de 16h30min.
" A noite caiu de golpe. Fica noite rápido" lembra José.
- Foi a noite mais " eterna" da minha vida. Ela não passava nunca. Uma sensação de frio que dó, vou morrer de frio, pensava José.

Os sobreviventes se abraçam pra não morrer de frio. Não podiam parar cinco minutos senão congelavam. A sensação era que não iria nunca mais amanhecer. Álvaro Mangino, um dos 16 sobreviventes dos Andes, deastre aéreo ocorrido em 13/10/1972 - que ficou célebre porque os sobreviventes comeram a carne dos colegas mortos - tinha apenas 19 anos quando a tragédia se abateu sobre aquele avião militar, da Força Aérea Uruguaia, um bimotor " Focker 12".Ele descreve a tragédia: "estava sentado na altura da asa do avião". Não recorda do choque do aparelho com a montanha:" percebi que os bancos (doavião) escorreram pra frente", diz.

Álvaro declara que com a queda ficou embaixo de um dos bancos. E relembra em que situação se viram aqueles jovens:- Estávamos a 4 mil metros de altura, a menos de l5 graus de temperatura, num local agressivo, numa situação difícl, com colegas mortos e outros feridos. Suas lembranças - narradas junto com José Inciarte, outro sobrevivente em 08/07/2006 num congresso em Bento Gonçalves - dão conta das conseqüências da queda:

" Quebrei uma perna. Um estudante de Medicina me arrumou a perna. Os ossos se juntaram". O estudante de Medicina hoje é um cardiologista. Quando foi resgatado Álvaro não quis mais que mexessem na sua perna.

" Não vamos quebrar a perna novamente", disse. Álvaro diz que a noite de 13/10/1972 " veio rápido" após a queda do bimotor. Foi um horror. Havia muito medo. Foi a pior noite de minha vida,disse ele.Não passava nunca. Segundo ele, dos 45 passageiros, com a queda restaram 29 sobreviventes. " Vinte e quatro deles estavam saudáveis,apenas com escoriações ou ferimentos leves, coisas pequenas como pernas quebradas". Álvaro relata que os sobreviventes menos feridos pensaram logo em organizar-se, mas que havia a idéia de que seriam localizados logo pelos helicópteros que seguramente iriam procurá-los.

Alvaro Mangino diz que na situação começaram a surgir lideranças entre eles.Quem mostrava mais determinação,empenho diante da situação em que se encontravam. Durante 72 dias que permaneceram ali perdidos nas geleiras dos Andes iriam sentir frio,sede e suportar temperaturas negativas de até 30 graus.

"A capacidade das pessoas é inacreditável. Sempre se pode mais" conclui ele.

Álvaro relata que os primeiros dias foram dedicados a resolver problemas como o da sede que segundo ele dói mais do que a fome. Foram descobrir que a neve não servia pra matar a sede porque ela machuca a boca. Depois de comer neve não se pode engolir mais nada. Diante desta realidade eles concluíram que tinham que " fazer" água de alguma maneira.Tiveram então que aplicar a criatividade diante da situação. E como um deles tinha um isqueiro derreteram neve e fizeram um litro de água. O engraçado, lembrou Álvaro, é que nenhum dos sobreviventes queria queimar a nota de dólar que guardava pra fazer fogo e derreter a neve. Mesmo naquela situãção todo mundo queria economizar as notas de dólar.

Foi o sobrevivente de nome Adolfo que achou a solução pra fazer água. Botavam neve numa chapa de alumínio e derretia com o sol. Formou-se uma pequena equipe em torno deste objetivo- fazer da neve água - e o lema criou-se na hora" um por todos, todos por um", todos trabalhavam pra todos...